Impeachment não é improvável, mas passo para trás, diz Cunha
Com o aumento das especulações sobre eventual ação da Lava Jato contra políticos investigados, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) também elevou o tom de suas declarações contra o governo da presidenta Dilma e o PT.
Publicado 16/07/2015 11:18
Cunha disse, em entrevista nesta quinta-feira (16), que o impeachment não é improvável, mas seria um passo atrás para a democracia e não deveria ocorrer. Diferentemente do que dizia há cerca de dois meses, quando afirmava “não ver espaço” para a discussão sobre um processo de impeachment contra Dilma, agora ele afirma que pediu análises jurídicas sobre o pedido protocolado na Câmara e espera ter uma posição nos próximos 30 dias.
Eduardo Cunha e Renan Calheiros, presidente do Senado, foram citados nas investigações da Operação Lava Jato. Cunha foi apontado pelo doleiro Alberto Youssef como um dos destinatários finais de propinas do esquema de corrupção da Petrobras. Já Renan, foi apontado pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, também como destinatário de propinas. As investigações estão sob o comando do STF por conta do foro privilegiado dos parlamentares.
Ele também comentou as declarações do vice-presidente da República, Michel Temer, de que o PMDB terá candidatura própria para a Presidência em 2018. Segundo o deputado, seu partido já não “aguenta mais” a aliança com o PT e o anúncio de candidatura própria foi um “recado” à sociedade.
Ele disse ainda que o PMDB só manterá a aliança com o PT até o final do governo para cumprir o compromisso firmado nas urnas e manter a governabilidade do país. Segundo ele, não é “improvável” que a legenda saia a qualquer tempo do governo, mas esta não seria a postura “ideal”.
“É uma forma de dizer para a sociedade que estamos lá para dar governabilidade porque assumimos este compromisso mas estamos doidos para cair fora”, afirmou Cunha. E acrescentou: “Se tem um partido que não quero fazer aliança hoje é o PT”.
Na avaliação de Cunha, o PMDB nunca fez parte do governo e o fato de ocupar o comando de alguns ministérios “não significa nada”. Segundo ele, as pastas interessam apenas aos ministros mas não contempla ou inclui as posições do partido na tomada de decisões.
“O PMDB não está no governo. Estão os ministros, mas se pegar a estrutura abaixo é toda do PT. O PMDB não manda nos ministérios. A gente fica com o ônus e não com o bônus", completou.