Acordo sobre questão nuclear pode promover comércio entre Irã e China
Teerã fechou um acordo histórico sobre a questão nuclear iraniana com o G5+1, na terça-feira (14), em Viena, na Áustria, fato que pode pôr em fim as sanções contra o país e promover o comércio e cooperação com a China, disseram analistas.
Publicado 16/07/2015 10:41
O acordo firmado com a China, Reino Unido, França, Alemanha, Rússia e os Estados Unidos visa limitar o programa nuclear do Irã em troca da suspensão gradual das sanções. As sanções diminuíram a exportação do petróleo do país e danificaram sua economia.
Shada Islam, diretor da política do Think Tank “Friends of Europe”(Amigos da Europa), baseado em Bruxelas, disse que a China pode ajudar o Irã a mitigar o impacto das sanções por meio da oferta de “assistência emergencial” de curto prazo.
A ajuda chinesa vai preencher o buraco no setor de saúde e fornecer itens essenciais e necessários.
“A longo prazo, naturalmente, o foco vai ser no desenvolvimento da infraestrutura, e setor de petróleo e gás do Irã, ” disse Islam. “Levando em conta a localidade e os interesses regionais, o Irã vai também desempenhar um papel importante na proposta chinesa de nova Rota de Seda.
An Huihou, um ex-embaixador chinês no Egito, disse que o Irã tem um desejo forte de participar da iniciativa chinesa de “Um Cinturão e Uma Rota”, de modo a recuperar sua economia.
“Estreitar o laço econômico vai promover ainda a estratégia de empresas chinesas de 'investir no exterior' e elevar as relações da China com outros países do Oriente Médio”, acrescentou An.
O Irã, um país importante na antiga Rota da Seda, já aderiu ao Banco Asiático de Investimento em Infraestruturas (BAII) como um membro fundador.
O volume do comércio bilateral entre a China e o Irã atingiu US$ 51,8 bilhões no ano passado, um aumento de 31,5% em comparação com o do ano anterior. Os principais itens que a China importa do Irã incluem óleo cru e minério de ferro.
As autoridades iranianas disseram que Teerã almeja recuperar o nível da exportação do óleo do período anterior ao embargo, embora os especialistas afirmem que aumentar a produção precisa de tempo. Saudi Jadwa Investments sugeriu em um recente relatório que o Irã vai aumentar 150 mil barris por dia até o quarto trimestre.
Fraser Cameron, diretor do Centro UE-Ásia, com sede em Bruxelas, assinalou que a economia iraniana tem perspectivas notáveis por causa de sua abundante reserva de petróleo e a população dinâmica.
“Ele pode se tornar rapidamente a maior força econômica no Oriente Médio”, disse Cameron, “o Irã se localiza em uma situação geoestratégica e pode ser um ponto importante para a iniciativa chinesa de nova Rota de Seda. As relações entre Pequim e Teerã podem desenvolver-se muito rapidamente já que eles têm complementaridade econômica.”