Notas Vermelhas nos bastidores de O Globo
Além de portar licença especial para roubar impunemente, o PSDB, partido líder do consórcio oposicionista, tem uma blindagem da mídia que tudo lhe garante e em tudo lhe favorece. Assim, sem precisar se defender de nada nas páginas amigas de jornais como O Globo (antigo jornal golpista que apoiou a ditadura militar de 1964), os políticos tucanos têm direito de resposta praticamente instantâneo até em relação a artigos de opinião, nas raras vezes em que são contestados.
Publicado 14/07/2015 20:33
Foi assim que nesta segunda-feira (13) o jornal O Globo publicou um artigo de opinião do líder do PT na Câmara, deputado Sibá Machado, sobre o projeto do senador José Serra (PSDB-SP), que favorece multinacionais em detrimento da Petrobras e já no dia seguinte O Globo trazia uma réplica raivosa ao artigo de opinião. Usaremos, para contar a história de como isto aconteceu, da mesma “técnica” que jornalistas de O Globo, Folha de S. Paulo e outros gloriosos símbolos da nossa imprensa utilizam para descrever os “bastidores” de reuniões privadas de membros do governo. Lembrem-se que recentemente Ricardo Noblat chegou a descrever uma “guerra de cabides” entre Dilma e uma camareira do Planalto, tudo com base em fontes anônimas “próximas ao governo”. Mas nós também temos as nossas fontes.
O que as nossas fontes revelaram
Fontes próximas à direção de O Globo garantem que os três irmãos Marinhos (proprietários do sistema Globo) assim que viram o artigo de Sibá, ligaram praticamente ao mesmo tempo aos berros para o diretor nacional do jornalismo global, Ali Kamel, autor do best seller, “Não somos racistas”, e reclamaram veementemente. Kamel, com a voz trêmula – garantem nossas fontes que nestes momentos ele sua frio e gagueja – balbuciou que isso faz parte da estratégia de dar um ar de pluralidade apenas para salvar as aparências, etc. “Não interessa!”, berraram os irmãos Marinho em uníssono. Um deles ordenou: “Manda o ‘esquisito’ publicar uma nota dando um pau neste petista”. Kamel imediatamente acionou o “esquisito” e lhe enviou uma nota, escrita por ele mesmo. Segundo nossas fontes próximas aos irmãos Marinho, “esquisito” é o codinome desrespeitoso que os mandachuvas da empresa do Jardim Botânico usam, sabe-se lá por que, para se referir ao colunista amestrado Ancelmo Gois. Assim, nesta quarta-feira (15), os leitores de O Globo puderam ler o seguinte texto na coluna do esqu.. quer dizer, do Ancelmo Gois: “De José Serra sobre o artigo do deputado Sibá Machado, ontem, no Globo (…) – O PT mente tanto que certos petistas acabam acreditando nas próprias mentiras”. Isso é que é prestígio. Um direito de resposta instantâneo em relação a uma coluna de opinião. Nossas fontes garantem ainda que José Serra tomou conhecimento de suas “declarações” apenas quando as leu no jornal e ligou imediatamente ao Ali Kamel para agradecer. A mesmas fontes informam que Serra estava docemente constrangido.
Mídia comemora acordo da Grécia
A rendição do governo grego às chantagens da troika, motivo de tristeza para a humanidade progressista, é efusivamente comemorada pela mídia hegemônica, porta voz do mercado financeiro. Nas edições desta quarta-feira (15) as manchetes trazem o escárnio do vencedor sobre todo um povo. Fiquemos apenas com o editorial de O Globo (o que já basta para nausear qualquer um). Os irmãos Marinhos exultam: “Grécia de Tsipras tem encontro com a realidade”. Tsipras “cedeu às exigências de austeridade e (a Troika) apresentou uma proposta praticamente com os mesmos termos que haviam sido rejeitados no plebiscito de julho”. “A realização do plebiscito foi um erro estratégico”. “A Grécia terá que se submeter à dura realidade”. “O acordo é um passo importante para manter a Grécia no Euro e evitar riscos econômicos e geopolíticos”. Para estes abutres e seus vassalos, que pensam que a luta do povo grego se resume ao Syriza ou a Tsipras, repetimos o poeta: “Não cante vitória muito cedo, não / Nem leve flores para a cova do inimigo / que as lágrimas do jovem / são fortes como um segredo: podem fazer renascer um mal antigo”*.
O controle do que vemos, ouvimos e lemos
Recomendamos fortemente a leitura do artigo com o título acima, publicado de forma inédita em língua portuguesa pelo Portal Vermelho. Os autores, dois cubanos, Raúl Antonio Capote e Salvador Capote, falam do processo de formação de monopólios na comunicação estadunidense e suas consequências, mas em certos trechos parece até que estão se referindo ao Brasil.
* Não Leve Flores (Belchior)