Ato político anuncia luta contra “tentativa golpista da direita”
Representantes dos movimentos sociais e parlamentares do PT, PCdoB, PDT, PSol, que defendem a democracia e a Petrobras, se reuniram em um ato político, na manhã desta terça-feira (14), na Câmara dos Deputados. Entre discursos e palavras de ordem, parlamentares e ativistas denunciaram as tentativas de golpe da direita brasileira e manifestaram unidade e disposição para a luta em favor do segundo mandato da presidenta Dilma Rousseff e contra a intenção da elite de privatizar a Petrobras.
Publicado 14/07/2015 15:09
“Nós vamos fazer o enfrentamento em todas as instâncias, não na força, mas no debate de ideias e no convencimento”, discursou a presidenta nacional do PCdoB, deputada Luciana Santos (PE), que discursou no evento.
Para o deputado Davidson Magalhães (PCdoB-BA), presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Petrobras, que coordenou o evento, “esse é um ato de protesto contra o golpe, em respeito as urnas e ao povo brasileiro e em defesa da democracia.”
Para ele, defender a Petrobras, ameaçada por projeto de quebra do regime de partilha na exploração do pré-sal, proposto pelo senador tucano José Serra (SP), é defender o projeto de desenvolvimento nacional inaugurado pelo ex-presidente Lula e seguido pela presidenta Dilma.
Ao final dos discursos, os estudantes, representados na mesa pelas presidentas da UNE, Carina Vitral; e Ubes, Bárbara Melo, gritavam palavras de ordem: “Sou juventude/ Cara-pintada/ a Petrobras não vai ser privatizada.”
Resposta dura
O coordenador da Frente Única da Petrobras (FUP), José Maria, destacou, em sua fala, que “o plenário lotado – o auditório Nereu Ramos é o maior da Câmara dos Deputados – é demonstração clara de que os setores que estão tramando o golpe terão resposta dura se levarem adiante essa tentativa.”
E, dirigindo-se aos parlamentares, declarou: “Contem conosco, usem os movimentos sindicais e sociais que estão em defesa da democracia do país, custe o que custar, porque tudo o que conseguimos é fruto de muita luta. O projeto popular e democrático vai seguir adiante. Não vamos deixar que aconteça aqui o que a direita fez no Paraguai”, assegurou, em referência ao golpe que destituiu o presidente paraguaio Fernando Lugo em 2012.
Ele, a exemplo dos parlamentares, lembrou que a Petrobras tornou-se, nos últimos 12 anos, a partir do governo do ex-presidente Lula, uma das maiores empresas do mundo, com um projeto ousado de construção de navios e plataformas no Brasil, produzindo petróleo no pré-sal e criando um milhão e meio de emprego dentro de sua cadeia produtiva.
Segundo Zé Maria, a tentativa da direita de enfraquecer a Petrobras serve para o enfraquecimento do projeto nacional de desenvolvimento do Brasil, destacando que o projeto de Serra tira os recursos do pré-sal que estão destinados a saúde e educação e retira o conteúdo nacional da produção da Petrobras.
Consórcio oposicionista
De acordo com a deputada Luciana Santos, “estamos aqui reunidos para enfrentar esse consórcio oposicionista que tem expressão partidária no PSDB e no DEM”, indagando repetidamente onde estava a elite brasileira nos últimos 60 anos, desde a campanha do “Petróleo é Nosso”, que culminou com a criação da Petrobras, até a década de 1980 e 1990, conhecida como a “Década Perdida”, em que eles estava no governo impondo ao povo brasileiro uma inflação galopante, desemprego em massa e privatização do patrimônio brasileiro, com a tentativa de transformar a Petrobras em Petrobrax para entregar o petróleo brasileiro às multinacionais.
Segundo a líder comunista, “nós conseguimos construir um círculo virtuoso, tirando milhões de pessoas da pobreza e colocando milhares nas escolas, enquanto eles estava colocando ‘gosto ruim’; e agora, em pleno regime democrático, querem nós impor um regime de exceção.” E acrescentou que eles não podem empunhar a bandeira do combate à corrupção porque foram quem mais corromperam o país.
Wagner Freitas, da CUT, em seu discurso, acrescentou uma fala à da presidenta nacional do PCdoB: “Se querem acabar com a corrupção, acabem com o financiamento empresarial da campanha eleitoral”, arrancando aplausos e novas palavras de ordem da plateia que seguia atenta aos discursos: “Da Petrobras não abro mão/ Quero o petróleo cem por cento prá nação.”
O representante da CTB, Aldemir de Carvalho Caetano, anunciou que as centrais sindicais e os movimentos sociais pregam a democracia e a legalidade e querem manter as conquistas de luta do povo brasileiro, anunciando que não aceitarão que o governo eleito pelo voto popular sofra desestabilização.
Desafio a Serra
O líder do PT na Câmara, Sibá Machado (PT-AC) avaliou que “o ato marca o momento simbólico da luta do povo do Brasil em defesa de duas coisas caras – democracia e as riquezas nacionais nas mãos do povo brasileiro.” E desafiou o senador José Serra a explicar ao povo brasileiro o que ganha o país entregando a riqueza do pré-sal às empresas multinacionais.
Já a líder do PCdoB na Câmara, deputada Jandira Feghali (RJ), destacou que “a maior defesa da Petrobras é defender o mandato constitucional da presidenta Dilma. Nós não usamos truques e manobras contra a democracia, a nossa resposta é essa, mobilizamos a sociedade contra a escalada golpista articulada com as estruturas de poder”, denunciou, em referência as pressões ao Tribunal de Contas da União (TCU) para atuar como tribunal político na avaliação das contas do governo da presidenta Dilma.
A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), que é membro da Frente Parlamentar em Defesa da Petrobras, também discursou no ato político e, a exemplo dos demais oradores, elogiou a unidade dos movimentos sociais e parlamentares na luta pela manutenção da ordem democrática, contra qualquer tentativa de golpe pela direita brasileira, que não se conforma com a derrota eleitoral, destacou.