Aloysio veste a máscara de moderado: “Não vejo base para impeachment”

Diante da escancarada articulação golpista em curso, os tucanos não querem assumir publicamente a responsabilidade pelas manobras antidemocráticas. O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), que até pouco tempo dizia que queria ver a presidenta Dilma Rousseff “sangrar”, mudou repentinamente o tom de seu discurso.

Aloysio Nunes - Reprodução

“No momento, não vejo base para o impeachment. Não se pode brincar com isso”, afirma. O senador tucano, que foi vice na chapa derrotada nas eleições de Aécio Neves, veste a máscara de moderado e agora defende a cautela da oposição sobre o pedido de impeachment contra Dilma.

Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, ele diz não ver base para o impeachment e que não há muita coisa em comum entre a presidenta Dilma e o Fernando Collor. “Dilma tem respeitabilidade pessoal, tem um partido e tem o apoio de movimentos sociais”, admite o tucano.

Coincidência ou não, o tom do discurso de Aloysio mudou depois que de ser apontado pelo empreiteiro Ricardo Pessoa, delator da Lava Jato, como destinatário de dinheiro de caixa dois. O senador divulgou nota na qual afirma que recebeu legalmente doação da empreiteira, mas o dinheiro não consta na prestação de contas publicada no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Mais manso, Aloysio se mostrou até preocupado com o ambiente de instabilidade política que os tucanos insistem em promover. ”Esses processos demoram, geram tensionamento. Pode haver um desdobramento dramático", disse. E acrescentou: “O clima de radicalização é preocupante. O Lula vai tentar mobilizar esse pessoal, e a Dilma dá a impressão de que não vai se render facilmente. Ela vai brigar, vai lutar pelo mandato". Alguém acredita que nesse discurso?

Mas Aloysio não conseguiu manter a personagem e deixou escapar o real motivo de tanto moderação: Lula.

"Muita gente no PMDB está excitada com a hipótese de a Dilma sofrer impeachment e o Temer assumir", disse. Segundo o tucano, não está nos planos do PSDB aderir a um eventual governo do vice. "Talvez seja o ideal para o Lula. A gente entra no governo, e ele fica livre para fazer oposição e sair candidato em 2018”, completou.