Delegado da PF denuncia "manipulação de provas" na Lava Jato
Até agora, com pouco mais de um ano de investigação, a Operação Lava Jato tem muitos culpados, vários delatores, mas poucas provas. O que é estranho, pois se há crime como afirmam o juiz Sérgio Moro e a grande mídia, deveria haver provas contundentes. Mas o que se tem por enquanto é a “dedução” de crime.
Publicado 13/07/2015 10:09
Juristas renomados como Celso Bandeira de Melo e Dalmo Dallari e até mesmo ministros do Supremo Tribunal Federal, apontam irregularidades e abusos de poder nas investigações da Operação Lava Jato. Em recente sessão da CPI da Petrobras, no começo de julho, o delegado Dalmey Fernando Werlang afirmou que os responsáveis pelas investigações utilizaram provas ilícitas. Trata-se de um grampo clandestino que foi instalado na cela do doleiro Alberto Youssef.
Agora, outro delegado da Polícia Federal, Mário Fanton – que foi a Curitiba para apurar vazamentos da Operação Lava Jato -, relatou em despacho interno ter sofrido pressão dos colegas e afirma ter presenciado “uma participação direta do DPF [delegado de Polícia Federal] Igor [Romário de Paula]” e de outra delegada ‘’para quererem ter ciência e manipular as provas”.
A informação foi publicada na Folha de S. Paulo deste domingo (12). Segundo a reportagem, o delegado foi a Curitiba para investigar as escutas irregulares. Ele recomendou que a sindicância reanalise as provas sobre a escuta na cela do doleiro Youssef.
“Sugiro que o MPF [Ministério Público Federal] reanalise as provas, inclusive a sindicância da escuta clandestina, se possível refazendo-a, e conduza diretamente a presente investigação ou com grande proximidade a um novo delegado a se indicar, pois não acreditamos mais nas provas antes constituídas”, escreveu Fanton.
Fanton também afirma em seu despacho que o delegado Igor lhe informou que a Polícia Federal de São Paulo não havia prorrogado sua permanência em Curitiba, mas quando entrou em contato com São Paulo foi informado que não havia pedido de renovação da missão. Alguns procuradores do Ministério Público de São Paulo, que investigam o esquema do trensalão do Metrô e trens no governo tucano, apontam a ligação com réus da Lava Jato.
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), encaminhou ofício ao ministro da Justiça e ao Procurador-Geral da República pedindo providências cabíveis para determinar à Polícia Federal que cumpra os dispositivos legais no que tange à inviolabilidade das comunicações entre o advogado e o seu cliente preso.