Dilma: Brics é determinante para reforçar desenvolvimento global
A presidenta Dilma Rousseff afirmou, nesta quinta-feira (9), que o papel dos países que compõem o grupo dos Brics deve ser reforçado para garantir o desenvolvimento global em meio a uma crise econômica internacional. A declaração foi feita em discurso durante encontro com o Conselho Empresarial do Brics realizado em Ufa, na Rússia. O site G1 (Globo) em manchete, manipula discurso.
Publicado 09/07/2015 12:51
O evento faz parte de uma intensa agenda da 7ª Cúpula dos Brics, grupo de países composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Dilma também abordou a importância do setor empresarial na promoção do desenvolvimento econômico e lembrou que, nos últimos cinco anos, o Investimento Externo Direto mundial caiu quase 50%.
“O comércio e os investimentos [dos Brics] serão fundamentais. Para tanto, o conselho empresarial dos Brics também vai cumprir um papel estratégico. Os Brics têm sido responsáveis por cerca de 40% do crescimento mundial e pela intensificação dos fluxos econômicos entre os países do mundo. Agora, esses fluxos entre nós trará benefícios para as nossas economias diante do cenário internacional e também para o mundo”, afirma Dilma.
Banco dos Brics terá alta demanda
Segundo a presidenta, o Novo Banco de Desenvolvimento dos Brics (NBD) vai atuar em um cenário de alta demanda, não se limitando apenas aos países do grupo. “Até 2020, os países em desenvolvimento como um todo, precisarão de um volume de investimentos em infraestrutura que alguns calculam como sendo de US$ 1 trilhão por ano”, informou Dilma.
“É nesse cenário que o Novo Banco de Desenvolvimento dos Brics terá um papel importante na intermediação de recursos para projetos de infraestrutura e de desenvolvimento sustentável, inicialmente em nossos países e posteriormente em outros países em desenvolvimento”, concluiu.
Economia doméstica
A presidenta Dilma também destacou o esforço do governo brasileiro em fortalecer a economia doméstica. “No Brasil, estamos fortalecendo nossas políticas macro e microeconômicas, para retomar, o mais breve possível, o crescimento sustentável da economia. Para estimular os investimentos, buscamos diminuir o risco regulatório e aumentar a transparência e a governança das relações entre empresas e governos”.
Dilma citou o Programa de Investimento em Logística (PIL), lançado em junho, como uma das principais iniciativas para desenvolver a infraestrutura do país, inclusive com a participação dos países do Brics. “Lançamos um plano ambicioso na área da infraestrutura, especificamente em logística, e estimulamos ampla presença de investidores dos países do Brics em setores como ferrovias, rodovias, portos e aeroportos”.
Educação
A presidenta concordou com a posição do Conselho Empresarial do Brics sobre a necessidade de aumentar a cooperação entre os países do grupo na área de educação. “A educação garante dois ganhos econômicos e sociais básicos: a inclusão social permanente; e o salto qualitativo na nossa competitividade em direção à economia do conhecimento. Tendo adotado como lema para meu governo ‘Brasil, Pátria Educadora’, não poderia estar mais de acordo com a cooperação entre os Brics na área de educação”.
Crise econômica e a manipulação do G1
Ao falar sobre a crise econômica, Dilma pediu a reformulação do FMI. Segundo a presidenta, o "super ciclo" das commodities chegou ao fim e com a crise financeira, "a recuperação dos países desenvolvidos ainda é lenta e frágil e o crescimento dos países em desenvolvimento foi agora afetado" (…) "A persistência da crise passou a exigir das nossas políticas econômicas novas respostas. Sabemos que chegamos ao fim do super ciclo das commodities. Sabemos que ainda permanece muita volatildidade no setor financeiro. Os emergentes, principalmente os Brics, estou certa disso, continuarão a ser a força motriz do desenvolvimento global. Seu peso deve se refletir nas instituições de governança internacional, o que reforça a necessidade de reformulação do fundo monetário", afirmou.
O site G1 (Globo) publicou, no entanto, uma manchete "esperta" sobre o discurso de Dilma. A manchete diz "Dilma fala em 'força' de Brics para vencer crise". É a velha tática de apostar que o leitor não irá ter paciência de ler a matéria sobre um assunto "chato" como esse. A manchete, lida de forma descontextualizada, passa a mensagem de que Dilma foi pedir uma "ajuda" do Brics para vencer a crise "brasileira", quando na verdade a presidenta, como se vê nas declarações, refere-se ao papel do Brics diante da crise econômica mundial. Seria fácil produzir uma manchete que espelhasse o conteúdo correto do discurso, mas isso não serviria ao jornalismo panfletário, que busca sempre mostrar a presidente fraca e acuada.