Emicida escancara a luta de classes e o racismo no Brasil
A nova música do rapper Emicida, Boa Esperança, traz à tona o racismo velado e a luta de classes negada latentes no Brasil. Passados mais de cem anos da abolição da escravidão e depois de a Constituição Federal já ter determinado que o crime de racismo é inafiançável e imprescritível, o respeito está longe de ser a regra e a violência racial continua acometendo a população negra.
Publicado 02/07/2015 15:48
O clipe de Boa Esperança escancara o racismo que muito se tenta esconder e a relação entre a classe média e seus empregados. A música é o primeiro single do próximo álbum do rapper que ainda não tem título, mas está previsto para ser lançado neste semestre.
Sob a direção do fotógrafo João Wainer (do documentário Junho) e de Kátia Lund (de Cidade de Deus), a trama mostra um grupo de empregados domésticos de uma mansão que depois de sofrer abusos e humilhações constantemente, se rebela contra os patrões.
O roteiro nasceu de um processo de discussão entre o rapper, os diretores e empregadas domésticas que vivem na Ocupação Mauá, no centro da capital paulista. Além do próprio Emicida, que interpreta o porteiro da mansão, estão presentes a mãe dele, dona Jacira; os filhos do rapper Mano Brown, Domenica e Jorge dias; a modelo Michelli Provensi, e duas moradoras da ocupação, Divina Cunha e Raquel Dudra (elas já e dona Jacira já exerceram a profissão de empregadas domésticas).
Em entrevista ao portal da UJS, o autor da biografia oficial de Sabotage, Toni C., falou sobre o trabalho de Emicida. “Vindo do Emicida a gente só espera coisa boa. Conheço a temática do clipe e da música. Tratar da relação de exploração dos de baixo é revolucionário, só de retratar a maioria invisível que move esse país já é um ato de coragem. O mano tem o meu respeito”.
Já o presidente da Nação Hip Hop Brasil, Beto Teoria, falou sobre o novo cenário do rap nacional. “O Emicida, com suas músicas e trabalho representa um novo ciclo do Hip Hop Nacional sem perder a essência de nossa bases culturais e identidade”.
Assisa ao clipe: