Dilma ressalta que visita aos EUA promoveu avanços na área comercial
A presidenta Dilma Rousseff desembarca nesta quinta-feira (2) na Base Aérea de Brasília, após quatro dias de visita oficial aos Estados Unidos, onde cumpriu uma intensa agenda de compromissos com o fechamento de acordos bilaterais.
Publicado 02/07/2015 10:08
O último compromisso da presidenta Dilma foi nessa quarta-feira (1º/7) em que visitou o Centro de Pesquisas da Nasa, a agência aeroespacial norte-americana. Dilma foi à Unidade Avançada de Supercomputadores. Ao final da vista, a presidenta concedeu entrevista coletiva em que fez um balanço da sua viagem aos EUA. Dilma afirmou que a ida ao país foi extremamente produtiva com o fechamento de importantes acordos bilaterais.
“Nós relançamos a relação com os Estados Unidos num patamar de maiores possibilidades futuras e presentes”, disse ela, após encerar a parte final da visita, na Califórnia, onde esteve em importantes instituições de ensino e pesquisa em ciência e tecnologia, no Vale do Silício.
“Acho que definirmos, em comum com o presidente Obama, o aumento para até 20% da participação de energias renováveis, não hidráulicas, na nossa matriz elétrica foi uma conquista. Uma grande conquista, que pode tornar bem mais fácil que a reunião em Paris, a COP 21 seja um sucesso”, destacou.
Na Nasa, a presidenta fez reuniões com empresário do setor aeroespacial, executivos da Boeing, da Embraer e da Honeywell estavam presentes. Dilma propôs a abertura de diálogo entre governo, universidades e empresas de alta tecnologia para tentar estabelecer parcerias com o Brasil.
Mais cedo, Dilma Rousseff se reuniu com a presidenta da Universidade da Califórnia, Janet Napolitano, e com o reitor da Universidade de Berkeley, Nicholas Dirks. A presidenta teve ainda um encontro com o presidente do instituto de pesquisa SRI International, Bill Jeffrey. E visitou a sede da empresa Google, onde fez um passeio em um carro equipado com um sistema de direção inteligente, capaz de circular sem motorista.
A presidenta afirmou que os dois países fizeram grandes avanços na área comercial. “Tanto nos acordos que dizem respeito a pontos específicos, como é o caso do acordo da carne, que abriu para as exportações brasileiras o mercado de carnes aqui nos Estados Unidos, como também questões mais gerais, que são toda a convergência regulatória, que é o nosso objetivo, a facilitação do comércio, o uso do portal único nosso e do equivalente ao portal único aqui nos Estados Unidos”, disse.
Todas essas iniciativas têm o objetivo de incentivar uma meta importante, que é dobrar o fluxo de comércio entre o Brasil e os Estados Unidos nos próximos dez anos, concluiu ela.
Encontros que manteve nesta quarta-feira (1º/7) com representantes das grandes universidades e centros de pesquisas dos Estados Unidos, como Berkeley, Stanford e a Universidade da Califórnia, foram fechadas parcerias entre com institutos brasileiros de pesquisa de áreas como engenharia de algoritmos, de energias renováveis, solar e eólica.
Ela citou também a parceria assinada pela empresa Mountain View, da Google, e o Sebrae, que vai beneficiar as micro e pequenas empresas brasileiras “que somam hoje, se você somar junto com microempreendedor individual, a quase 10 milhões de unidades empresariais”.
Segundo a presidenta, quando essas empresas têm acesso facilitado à internet para se organizar, para poder vender e para mostrar seus produtos, elas mudam seu patamar de negócios. “Aumentam os lucros, aumenta a renda, aumenta toda a perspectiva futura”.
Comunicações em áreas remotas
O segundo ponto que a presidenta destacou foi a da comunicação em áreas remotas. Dilma se referia ao projeto Loon, que pretende levar acesso à internet a áreas rurais e remotas no mundo, utilizando balões que viajam pelo espaço para criar redes sem fio, com velocidade semelhante ao 3G. O engenheiro paulista Mauro Gonçalves é um dos responsáveis pelo projeto.
“Nós, no Brasil, sempre estamos tentando equacionar o problema da comunicação, por exemplo, na Amazônia. E o sistema de balões que eles estão em vias de lançar, pode, de fato, trazer ao Brasil uma oportunidade para interconectar a Amazônia sem grandes custos, uma vez que os balões não exigem que, embaixo, você tenha um receptor sofisticado, basta um celular. Então, do balão você transmite para um celular. E nós sabemos o quanto a população brasileira gosta de celular. Isso em todos os estados, em todas as regiões”, explicou Dilma.
Ela lembrou ainda a área de biotecnologia e a visita ao SRI International, antigo Instituto de Pesquisa da Universidade de Stanford, hoje um dos mais importantes centros de excelência na área de inovação do mundo, onde foi recebida pelo presidente da entidade, o PHD em Astronomia, Bill Jeffrey.
“O SRI é muito importante, porque tenta resolver um problema que, para qualquer país que está preocupado com ciência, tecnologia e inovação, é essencial. É resolver como que você sai da universidade, dos centros de pesquisas, dos laboratórios e chega ao mercado. Basicamente é isso”, declarou a presidenta.
Aumento do Judiciário
A presidenta comentou a aprovação do Projeto de Lei 28/2015 pelo Senado Federal, na terça-feira (30), autorizando um reajuste de 59% a 78% para os servidores do Poder Judiciário. Segundo ela, a medida prejudica “de fato” o ajuste fiscal.
Segundo nota divulgada pelo Ministério do Planejamento, nesta quarta-feira, o custo total do reajuste acumulado de 2015 a 2018 para estes servidores será de R$ 25,7 bilhões. Após 2018 o custo adicional seria de R$ 10,5 bilhões por ano. De acordo com o ministério, a proposta aumenta ainda mais a diferença entre os salários dos servidores do Judiciário e carreiras similares do Executivo. “Atualmente já há um ganho a maior de até 60% em favor do Judiciário. Com a proposta, essa diferença subiria para 170%”.
Dilma ressalvou, no entanto, que as tratativas sobre o tema não estão encerradas, pois a matéria ainda deverá ser votada na Câmara. “O Congresso ainda não concluiu a votação. Ela vai para a outra Casa. (…) Nós ainda temos oportunidades de avaliar como será essa questão do aumento”.
E acrescentou que essa votação, a exemplo de outras que têm sido realizadas no Congresso, nãos são desafios às metas do governo, porque fazem parte da democracia. Perguntada se poderia vetar a proposta, a presidenta afirmou que não iria discutir essa questão antes da hora, pois é preciso respeitar o procedimento legislativo.
Ao final, Dilma descartou que haja um clima de animosidade entre o Executivo e o Congresso, afirmando que é grata aos parlamentares pela aprovação de uma parte expressiva do ajuste fiscal. “Nós temos várias coisas a reconhecer que os deputados federais e os senadores aprovaram. Então, não concordo com essa visão pessimista”.