Número de refugiados que cruzaram o Mediterrâneo bate recorde
Um recorde de 137 mil pessoas atravessou o Mediterrâneo no primeiro semestre deste ano, a maioria fugia de guerras, conflitos e perseguições, revelou, nesta quarta-feira (1º/7), o Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados (Acnur). O número revela aumento de 83% em relação aos primeiros seis meses de 2014. “A Europa depara com uma crise de refugiados, que chegam por via marítima, de proporção histórica”, alerta o Acnur.
Publicado 01/07/2015 11:43
A situação deve piorar ainda mais no verão, quando normalmente se registra aumento das viagens clandestinas no Mediterrâneo. Em 2014, por exemplo, o número de migrantes passou de 75 mil no final de junho para 219 mil em dezembro, segundo o Acnur.
À mercê das redes de tráfico, a maior parte dos migrantes faz a travessia perigosa em barcos e condições precárias. "A maior parte dos que chegam por via marítima à Europa é refugiada e procura proteção contra guerra e perseguições”, disse o alto comissário da agência, António Guterres.
Um terço dos homens, mulheres e crianças que alcançaram as costas da Grécia ou da Itália desde o início do ano é oriundo da Síria, palco de muitos conflitos desde 2011. As pessoas que fogem da violência contínua no Afeganistão e do repressivo regime da Eritreia representam 12% do total, segundo os dados do Acnur. A Somália, a Nigéria, o Iraque e o Sudão são outras das principais proveniências dos migrantes.
Segundo o Acnur, no primeiro semestre do ano 1.867 pessoas morreram ao tentar cruzar o Mediterrâneo, das quais 1.308 somente no mês de abril.
No final da semana passada, em resposta à crise, os chefes de Estado e de Governo dos 28 países da União Europeia (UE) aprovaram repartir entre si 60 mil refugiados nos próximos dois anos. No entanto, aceitaram que o acolhimento desses refugiados seja feito com base em cotas voluntárias e não em cotas obrigatórias com número de pessoas predefinido.
O método de repartição dos migrantes vai ser discutido e decidido este mês. “Com uma boa política, apoiada por uma resposta operacional efetiva, é possível salvar mais vidas no mar”, observou o chefe do Acnur.