Grécia resiste às pressões dos credores
O 30 de junho foi para a Grécia dia de vencimento do programa de "resgate" das instituições europeias e do Fundo Monetário Internacional (FMI), além de data de pagamento a este último de quase 1,6 bilhão de euros, que Atenas já advertiu sobre seu calote caso não se atinja um acordo satisfatório para as partes.
Publicado 01/07/2015 15:34
A primeira reação veio do presidente da Comissão Europeia (CE), Jean-Claude Juncker, que fez chegar ao executivo grego uma nova proposta dos credores, sobre a qual, mesmo sem conhecer os detalhes, alguns jornais locais informaram melhoras em matéria de pensões e impostos, bem como a inclusão de uma reestruturação da dívida.
Mas fiéis a seu estilo na hora de apresentarem suas propostas, os credores pressionaram o premiê grego, Alexis Tsipras, para que aceitasse por escrito as condições antes da reunião extraordinária do Eurogrupo e fizesse campanha a favor do "Sim", face ao referendo convocado para domingo (5).
Só dessa maneira, o Eurogrupo poderia decidir efetuar no mês de outubro seu compromisso, expresso em 2012, de estender o vencimento dos empréstimos gregos e reduzir e adiar o pagamento dos juros.
O Governo mostrou sua intenção de estudar os termos da proposta, mas ao mesmo tempo expressou claramente a vontade de ouvir e respeitar a decisão do povo grego e que, à espera de encontrar uma solução viável, "Tsipras votará Não no domingo".
O vice-ministro de Relações Exteriores e responsável pela equipe negociadora grega, Euclides Tsakalotos, também se referiu à consulta ao assegurar que "o executivo helênico vê o referendo como parte do processo de negociação, não um substituto dela, e espera que contribua para uma maior flexibilidade (dos credores) para os dias futuros".
Para o dirigente foi a intransigência das instituições europeias que impediu de atingir algum tipo de acordo e que conduziu à grave situação de crise na qual se encontra o país.
Ao mesmo tempo, a vice-ministra de Finanças, Nadia Valavani, afirmou nesta terça-feira (30), que a Grécia só pagará o FMI caso se encontre uma solução de urgência aceitável, a qual poderia proceder dos 1,8 bilhão de euros do rendimento de bônus gregos de 2014 e retidos pelo Banco Central Europeu (BCE).
E enquanto registrava-se o impasse entre as instituições credoras e o governo da Grécia, os bancos amanheceram pelo segundo dia fechados, com um limite de 60 euros para saque nos caixas automáticos, o que cria certa preocupação e incerteza entre a população.
O BCE decidiu não aumentar os créditos temporários que são concedidos aos bancos gregos para ajudá-los a manter a liquidez, o que depois dos elevados saques das últimas semanas pôs em risco a situação das entidades financeiras.
Tsipras culpou o Eurogrupo por essa decisão ao não aceitar a solicitação da Grécia de ampliar a prorrogação do resgate por algumas semanas, com o objetivo de poder realizar o referendo sobre a proposta dos credores sem pressões externas.
Para tentar aliviar problemas entre os cidadãos, o governo adotou uma série de medidas que iam desde a gratuidade do transporte urbano na capital até dia 6 de julho deste ano e uma moratória temporária no pagamento de diferentes taxas e impostos municipais, entre outras.
Também se decidiu a abertura de mil agências bancárias por todo o país para atender aos pensionistas, que acabam de receber seus pagamentos, mas não contam com os cartões necessários para sacá-los nos caixas eletrônicos.
Além disso, informou-se que os aposentados poderão retirar até 120 euros, o dobro da quantidade diária estipulada para os demais cidadãos, e o compromisso dos bancos para emitir de forma imediata os cartões requeridos pelos membros deste coletivo.