Extorsão? Empreiteiro descreve "choro" de Vaccari pedindo recurso
Júlio Camargo, que atuava como representante da construtora Toyo Setal e um dos delatores da Operação Lava Jato, disse em depoimento ao Ministério Público Federal nesta terça-feira (30), que fazia parte do “lobby” das empreiteiras 'estar bem' com o Partido dos Trabalhadores (PT).
Publicado 01/07/2015 15:35
Contrariando o discurso de criminalização da mídia contra as doações e o factoide de "extorsão" que a oposição tenta imputar ao PT, Júlio afirmou no depoimento que nos contatos que teve com João Vaccari Neto, o tesoureiro do partido, ele não citou contratos com a Petrobras ao pedir doações. Disse ainda que as conversas que teve com o ex-tesoureiro tratavam-se de “choro de tesoureiro de partido pedindo recurso para campanha”. A descrição do empreiteiro não é de quem está extorquindo, é?
“Sei que Vaccari me procurou nos anos de 2008, 2010, 2012, dizendo que precisava de doações, que, evidentemente, como todo partido, precisa de doações e [perguntou] se eu podia cooperar. Evidentemente era interesse meu, que obtinha sucesso com os contratos, de estar favorável ao poder”, disse Júlio Carmargo.
“Evidentemente o PT era e é o partido do governo e o partido que nomeava seus diretores na Petrobras. Ou, então, quando eram indicados por outros partidos, o PT ou a presidente da República tinha que aprovar esses nomes. Evidentemente fazia parte de um lobby você estar bem com o partido”, declarou Júlio Camargo.
A imprensa e a oposição golpista tentam manobrar para criminalizar as doações feitas ao PT. Um exemplo disso é a matéria publicada pelo site G1, da Globo, que repercutiu o assunto com o seguinte título: “'Fazia parte de um lobby estar bem com o PT, diz delator sobre doações”.
Mas o empreiteiro disse o que todo mundo já sabe: que as doações aos partidos, isto é, a todos os partidos – e não somente ao PT -, são feitas para ficar bem com os partidos, já que as empreiteiras fazem doações para a grande maioria dos partidos.
Não se trata, portanto, de coação, como afirma cinicamente o presidente do PSDB e candidato derrotado Aécio Neves, mas para agradar e servir aos interesses econômicos das empreiteiras. Por isso, o fim de financiamento por empresas de campanhas eleitorais é tão importante.
O depoimento de Júlio Camargo foi como testemunha de acusação no processo movido pelo Ministério Público Federal contra o ex-diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque, e o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.