Dados da ONU revelam gravidade da crise humanitária no Iêmen
O Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários das Nações Unidas (OCHA) divulgou, nesta quarta-feira (25), dados que ilustram a carência de alimentos e combustível no Iêmen, onde a imensa maioria da população necessita de ajuda para sobreviver.
Publicado 25/06/2015 12:16
Segundo a agência especializada, o país da Península Arábica submerso na violência deixou de importar 400 mil toneladas de cereais nos últimos meses, uma das situações que permite entender a insegurança alimentar imperante.
Além disso, Iêmen enfrenta a falta de quase dois milhões de toneladas de combustível este mês, por isso a disponibilidade de hidrocarbonetos mal dá para satisfazer 11 por cento das necessidades essenciais.
O conflito entre os rebeldes da tribo Huti e o governo de transição -atualmente no exílio diante do avanço insurgente- escalou no final de março passado, quando a Arábia Saudita e seus aliados árabes iniciaram bombardeios sistemáticos contra o movimento xiita Ansar Allah.
Desde então, o preço do gás de cozinha subiu 153 por cento, o diesel quase 500 por cento e o petróleo 389, advertiu o OCHA.
De acordo com o Escritório, o cenário criado pelas carências é muito adverso, pois afeta o acesso à comida e aos serviços básicos, como água potável, saneamento básico e atenção médica.
Além dos milhares de mortos e feridos, e dos um milhão de deslocados pelos combates e bombardeios estrangeiros, no Iêmen crescem os riscos de epidemia.
Estatísticas da Organização Mundial da Saúde apontam mais de três mil casos suspeitos de dengue nos últimos três meses.
No geral, a ONU estima que 21 milhões de iemenitas precisam de ajuda para sobreviver, 80 por cento da população.
A respeito, demanda com urgência às partes em conflito o acordo de uma trégua humanitária, diante da impossibilidade de atingir um acordo de cessar-fogo.
O enviado especial das Nações Unidas para o Iêmen, Ismail Ould Cheikh Ahmed, lamentou o fracasso das recentes consultas de Genebra com a participação de representantes da tribo Huti e do governo que fugiu para a Arábia Saudita, que não conseguiram consenso algum.
Para Ismail, no que os atores da crise buscam a maneira de deter os confrontos, devem fixar sem adiamento uma pausa que permita assistir os milhões de civis golpeados pela violência.
O diplomata insiste na impossibilidade de resolver as diferenças mediante as armas, por isso reiterou o chamado a um diálogo inclusivo.