A réplica reveladora de uma jornalista da Veja
A história é a seguinte: jornalistas de quatro órgãos de comunicação paranaense: Gazeta do Povo, Bem Paraná, G1 Paraná e Rádio Banda B, enviaram denúncia ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná, contra a também jornalista Joice Hasselmann, acusando-a de copiar reportagens alheias sem dar o devido crédito.
Publicado 23/06/2015 20:50
Os acusadores apontam plágio em 65 reportagens, escritas entre os dias 24 de junho e 17 de julho do ano passado, quando a acusada, que atualmente trabalha na Veja, escrevia o Blog da Joice. Chama a atenção, em primeiro lugar, o número de jornalistas que fazem a denúncia. Não são dois ou três, são mais de quatro dezenas de profissionais, 42 para ser mais exato. No entanto, por mais significativo que seja o número de denunciantes, para se condenar alguém deve-se garantir o direito à ampla defesa. Nisso, louve-se o cuidado do Conselho de Ética do Sindicato, cujo parecer pode ser lido aqui. No dia 16 de agosto a denúncia é recebida. Desta data até o dia 14 de outubro, o Conselho tentou de várias formas contato com Joice Hasselmann, até que conseguiu um contato telefônico, na qual a jornalista foi informada sobre as acusações e forneceu seu endereço residencial, em São Paulo.
Um estranho silêncio
No dia 22 de outubro Joice envia um e-mail ao presidente do Conselho de Ética do Sindicato, Hamilton Cezario, com o seguinte teor: “Hamilton, segue meu e-mail. Meu advogado entrará em contato. Grande abraço.” Nenhum advogado entrou em contato, o que levou o Conselho a enviar ao endereço da jornalista uma convocação para o dia 25 de novembro de 2014, onde ela deveria apresentar sua defesa contra as acusações, cuja íntegra ela também recebeu por correio com comprovante do AR (aviso de recebimento). Para resumir a história, nem Joice ou qualquer representante da mesma apresentou ao Conselho sua argumentação e em fevereiro deste ano ela foi considerada culpada de plágio. Nesta terça-feira (23), Joice Hasselmann publicou um texto em seu Facebook, em resposta ao parecer do Conselho de Ética.
Texto da Joice, melhores momentos (clique aqui ler a íntegra)
“A escória do jornalismo só podia estar num sindicato ligado a CUT. Minha resposta aos vira-latas: Retournez a la Merde! Caros amigos vamos pensar numa equação nefasta. Imagine o produto do ócio de gente frustrada aliado ao pseudo intelectualismo (ignorância, burrice, estupidez e sobretudo má-fé). Imaginou? Ruim né? Mas tudo pode piorar. Junte à mistura preguiça, inveja, uma boa dose de canalhice e para finalizar empacote tudo num sindicato sem vergonha ligado à CUT. Voilá! Temos aí o Sindicato dos Jornalistas do Paraná que consegue ser boi de piranha e ao mesmo tempo um ativista da imbecilidade. (…) esses sindicalistas de araque, travestidos de jornalistas, são do baixo clero mas mesmo assim eu vou dar uma chance e uma moralzinha pra essa turma de desocupados (…) Ohhhh, Jè suis désolèè. Eles têm toda razão! Essa que vos escreve é mesmo uma despreparada. A história comprova. Enquanto boa parte dessa gente se reunia para fazer nada, para tomar umas e outras nos botecos pé sujos da vida, eu, vejam só, trabalhava. Não se ofendam. Eu sei que a palavra ‘trabalho’ dói, mas eu tenho essa mania condenável por vocês (…) Eu devia mesmo é ter me juntado a um bando de vira latas e sair por aí fazendo piquete, greve na universidade ou qualquer coisa bem inútil para a sociedade (…) O que eu tenho a dizer sobre isso: vão para o diabo!! Aos senhores, as batatas! E enfrentem meus advogados seus sanguessugas. Se ainda não entenderam vou ajudar: "Allez a la Merde! Ou se preferirem "Retournez a la Merde". (Usa o google aí).”
Uma moça de classe
Como se vê, a moça tem classe. Faz citação em francês a torto e a direito, o que alguns implicantes poderiam considerar prova da famosa “cultura de almanaque”. A resposta da Joice nada revela sobre os 42 jornalistas que a acusam e nem sobre o Conselho de Ética que acolheu a denúncia, mas revela muito sobre a própria Joice. Uma mistura incrível de elitismo, baixo nível e truculência verbal. Penso cá com meus botões, será que ela sempre foi assim? Seus pais a educaram deste jeito ou foi o ambiente da Veja que a contaminou? Em algumas noites, porventura solitárias, sonhará ela em ser um Reinaldo Azevedo (quem sabe seu ídolo ou sua secreta paixão)? Lendo sua resposta me lembro de uma frase de Giordani Bruno. Olha Joice, essa frase você pode copiar à vontade, pois ela é de domínio público. Dizia Giordani Bruno que “ignorância e arrogância são duas irmãs inseparáveis, com um só corpo e uma só alma”.
Em defesa dos botecos pés-sujos, uma citação em francês
Giordani Bruno, que morreu queimado na fogueira da inquisição, parece até que conhecia nossa Joice. Mas não, é impossível, pois o frade italiano morreu no século 16 e pelo menos de idade a Joice parece ser mais nova, embora, se viva fosse naquele tempo, talvez comparecesse com uma rama de gravetos nas mãos para fazer aumentar as chamas que consumiam o rebelde e infeliz teólogo. E eu não poderia terminar estas Notas Vermelhas, que trata da jornalista que copiava (frases em francês, bem entendido), sem fazer justamente uma citação em francês, em defesa dos que gostam, como este modesto redator, de “tomar umas e outras nos botecos pé sujos da vida”: “Qu'est-ce qu'exister? Se boire sans soif.” (O que é existir? Se beber sem sede*), Jean-Paul Sartre.
* Eu sei, eu sei, a tradução mais fiel ao espírito do que Sartre queria dizer é “Beber a si mesmo, sem sede”. Mas, enfim, a Joice entende, peguei no Google.