Tim Maia é homenageado com escultura em praça de bairro onde nasceu
Os admiradores do cantor e compositor Tim Maia têm um motivo a mais para conhecer o bairro onde ele nasceu: foi inaugurada nesta sexta-feira (19), na Praça Afonso Pena, na Tijuca, a escultura dele como se estivesse abraçando um fã, enquanto canta. A artista plástica Christina Motta, autora da obra de 650 quilos e 1,80m de altura, feita em bronze, disse que a ideia de mostrar Tim dessa forma foi do filho, o ator e empresário Carmelo Maia.
Publicado 20/06/2015 11:00
“Quando encontrei o Carmelo, perguntei como ele gostaria de ter a escultura do pai. Ele disse que em um abraço, cantando. Fiquei com aquilo na cabeça e peguei um pouco de tudo. Ele fazia muito esse movimento com a mão para falar com a orquestra. Então, peguei um pouco de todos esses movimentos para homenagear o Carmelo também.”
Para o ator, é uma oportunidade de mostrar o comportamento carinhoso do pai. “O meu pai não era só temperamento. Costumo dizer que ele era um bebê gigante. Ele era um homem carinhoso. Então, é uma forma carinhosa de poder passar quem ele era. Ele não era só aquele temperamento. O Tim Maia doidão. Não, ele era um cara supergentil, carinhoso demais.”
Christina Motta assegurou que quem olhar a obra vai lembrar do cantor e se sentir mais perto dele. A artista plástica disse que teve apenas três meses para fazer o trabalho, mas que valeu a pena se envolver com a pesquisa. “Fiquei encantada com a irreverência dele, a loucura, os palpites.
Infelizmente nada disso dá para ser esculpido. É mais olhar para ele, e [para] quem o conheceu, vem tudo na cabeça por conta de vê-lo. Em três dimensões, é diferente do que ver um filme, ver um vídeo e ouvir a voz.”
O local para a instalação da escultura, na Praça Afonso Pena, também foi uma sugestão de Carmelo. Segundo o filho de Tim, não haveria melhor lugar para que o pai pudesse voltar à origem, onde nasceu e foi criado. “Não tinha outro lugar mais significativo, a não ser a Tijuca, a Praça Afonso Pena. Ele nasceu na Rua Afonso Pena, 24. Aqui é o cenário para ele voltar e ser imortalizado”, disse. “É uma forma de matar saudade e revê-lo”, acrescentou.
A homenagem ao pai foi uma surpresa para Carmelo. “Eu estava no trânsito e me emocionei muito, chorei bastante, porque fui pego de surpresa. É uma homenagem mais do que merecida, uma forma de imortalizar e deixar todo mundo da comunidade, da população revendo-o todos os dias.”
A aposentada Julieta Cardoso, de 90 anos, conhecia a família de Tim Maia, ficou satisfeita com a homenagem ao cantor. “Gostei bem do que eu vim ver, a estátua do Tim Maia é muito bacana aqui, para a Tijuca. Eu o conheci quando era criança, a família toda. Uma irmã dele casou com um cunhado meu. Era uma família muito boa, excelente”, lembra.
A moradora do bairro, Antônia Gois, de 66 anos, teme apenas que ocorram depredações, a exemplo das que atingiram outras obras na cidade, como a escultura em homenagem ao poeta Carlos Drummond de Andrade, em Copacabana, na zona sul. “A minha opinião é que não vai durar um mês. A turma vai começar a quebrar e levar os pedaços”, considerou, acrescentando que é preciso mais policiamento na área, mas ponderou que a questão da falta de segurança é um problema mundial.
Christina Motta também é a autora da escultura em homenagem ao compositor Tom Jobim, instalada no Arpoador, na zona sul do Rio. Na avaliação da artista plástica, a população já se apropriou das duas obras. “Fico muito feliz de saber que as pessoas gostam tanto, mas já não são minhas. Acho que o Tim Maia e o Tom Jobim são abraçados pelo que eles eram, não é mais a escultura”, completou.