Nas redes sociais: Loja desmente boato sobre filho do Lula
A loja de departamentos Havan, de Santa Catarina, deu uma lição simples de como lidar com boatos deletérios. Um sujeito chamado Zenildo Costa postou o seguinte no Facebook: “Bomba. Sabe quem é o dono da Havan, exatamente o filho do Lula. Descobri ontem de fonte segura. Eles estão comprando empresas com o dinheiro do BNDES e deixando laranjas no controle, mas só de fachada”.
Por Kiko Nogueira, no DCM
Publicado 19/06/2015 17:26
Parêntese: sempre que algum energúmeno escreve “bomba”, pode acreditar que vem lixo ou nada. O maior usuário desse clichê é o jornalista mitômano Claudio Tognolli, biógrafo de Lobão. Fim do parêntese.
A empresa, rapidamente, compartilhou a baboseira em sua própria página, com um recado a Costa:
(…)
Desafiamos o Sr Zenildo Costa a comprovar o que fala, caso contrário, será processado por calúnia e danos morais, e tudo que será arrecadado nessa ação será doado a uma instituição de caridade.
Não possuímos nenhum empréstimos no BNDES, e as insinuações que pertencem ao filho do Lula ou mesmo da filha da Dilma, são invenções caluniosas, sem qualquer fundamento.
Zenildo, corajoso, retirou o que disse de pronto e enfiou essa viola no saco. Afirmou que “não é verdade que a empresa teria como proprietário o filho do Lula, bem como que ela não é financiada pelo BNDES”. Ele “apenas” republicou uma mensagem que recebeu “sem conferir sua fonte e veracidade”.
Sem profissão definida, Zenildo é um dos milhares de revoltados on line especializados nesse tipo de expediente. Apoia a intervenção militar, tem fotos de gatinhos e de Geisel, idolatra Ronaldo Caiado, denuncia o comunismo — enfim, o pacote completo do idiota da aldeia cuja voz é amplificada pelas redes sociais, como definiu Umberto Eco.
Agora: por que o governo brasileiro não age com essa mesma agilidade diante da boataria diuturna?
A filha de Dilma é acusada, na internet, de ser dona de vinte companhias, compradas com o dinheiro da mãe. Para continuar na esfera da presidenta: Dilma criou uma lei proibindo a divulgação de investigações de acidentes aéreos; desfilou ao som de “Beijinho no Ombro”; liberou 13 milhões de dólares para criação de estátua de Lula. Etc.
A teoria conspiratória em torno do Foro de São Paulo foi parar nos protestos por absoluta falta de quem esclareça do se trata. Por outro lado, o BNDES tem respondido no Twitter sempre que necessário. Joesley Batista, da Friboi, já declarou que não é sócio de Lulinha algumas vezes. O Instituto Lula tem sido rápido ao oferecer um contraponto, eventualmente se antecipando à publicação de matérias.
Expor o autor da calúnia e acionar a Justiça se necessário, isso é o que a Havan fez. O tal republicanismo não pode ser um vale tudo.