Seminário discute comunicação inclusiva para pessoas com deficiência
A comunicação como ferramenta de combate à discriminação foi o foco do seminário Andi 21 Anos – A Mídia Brasileira e os Direitos Humanos: Avanços e Desafios, realizado na tarde desta quarta-feira (17). Oportunidade em que a fundadora da ONG Escola de Gente – Comunicação em Inclusão, Cláudia Werneck, ressaltou que uma comunicação acessível, que ofereça diferentes recursos de acessibilidade, é o primeiro passo para uma comunicação mais inclusiva para as pessoas com deficiência.
Publicado 18/06/2015 08:42
Ela destacou que em todos os espaços públicos e coletivos – seja com intérpretes da língua brasileira de sinais (Libras), com estenotipia, folders e livros em várias formas – há um mundo de possibilidades. Cláudia acredita que além das diferentes formas de comunicação, é preciso investir na mudança de abordagem da temática usada pelos meios de comunicação, de maneira que tratem de temas relevantes para esta parcela da população. “Os meios de comunicação abriram muito espaço para o tema da deficiência, mas são abordagens muito antigas. As mesmas pautas, as mesmas dificuldades de enfrentar o assunto”, ressaltou.
Os participantes da mesa trataram de diferentes temáticas como a cobertura sobre meio ambiente. Fábio Feldmann, consultor em meio ambiente e sustentabilidade ressaltou que por ser um tema complexo e recente na agenda mundial, é preciso investir na capacitação dos profissionais para que o tema ganhe mais força. “Acho que uma das dificuldades da imprensa também é o fato de ter poucos jornalistas especializados em determinados assuntos. Temos que insistir na formação desses profissionais para conhecerem este assunto, até porque eles têm o mesmo desafio que a gente, que é colocar na agenda”. Apesar das dificuldades, o consultor acredita que a imprensa teve papel importante na visibilidade de temáticas.
Outro ponto de destaque da mesa foi a questão de gênero e raça, abordada pela assessora de comunicação da ONU Mulheres, Isabel Clavelin. Para ela, a atuação dos movimentos sociais levou a mídia a enfocar mais o tema, mas ainda é preciso que a imprensa inclua mais mulheres e negros nos debates, e defende que essa participação deve ir além de pautas específicas. “Como as mulheres são chamadas a falar? Quando os negros são chamados a falar? Então, é a cobrança de uma presença permanente dentre as fontes a serem buscadas pela imprensa”, disse ela.
A representante da ONU Mulheres chamou a atenção para a campanha Eles por Elas, que chama os homens a participarem da luta pela igualdade de gênero. “Precisamos de homens que realmente repensem, revejam suas posições e se coloquem a cargo para a construção de um mundo com igualdade, e isso significa, sim, que eles precisam assumir outra posição”, destacou.
Para ela, a temática do racismo e da igualdade de gênero precisa ser debatida cada vez mais, pois “a gente só vai ter o enfrentamento ao racismo e ao sexismo se esses temas estiverem presentes e constantes [entre] as questões do dia a dia”.
Nesta quinta-feira (18), último dia do seminário, será debatido o tema Violações de Direitos na Mídia Brasileira: Diagnóstico e Soluções.