Publicado 18/06/2015 19:48
Uma eventual maioria que se formou na Câmara dos Deputados, e que já parou para rezar o pai nosso, que aprovou o financiamento empresarial para as campanhas eleitorais, que agride estudantes, e que muito provavelmente irá aprovar a redução da maioridade penal, acaba de afundar no ridículo, comprometendo a imagem desta importante instituição da democracia brasileira.
Foi aprovada, nesta quinta-feira (18), uma moção de repúdio contra o Governo da Venezuela. Motivo: mensagens amedrontadas enviadas pelo twitter pelos senadores Aécio Neves e Ronaldo Caiado pois tiveram pela frente, ao desembarcarem em Caracas, a presença de manifestantes que protestavam contra a comitiva de golpistas brasileiros em apoio aos golpistas venezuelanos.
É estranho este medo dos senadores de direita que foram ao país vizinho, supostamente, defender o direito à manifestação – que de resto é totalmente assegurado naquele país – e revelam sua face autoritária ao só aceitarem manifestações que estejam de acordo com suas imperiais vontades.
O senador Renan Calheiros, que só tem dos fatos a versão dos inimigos declarados do governo venezuelano, já se apressa em corroborá-los e jogar lenha na fogueira, com declarações pouco adequadas para quem tem a responsabilidade de presidir o senado da República.
Mas para a presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, deputada Jô Moraes (PCdoB-MG), “assim como a comitiva de parlamentares tem o direito de expressar sua opinião, os manifestantes venezuelanos têm todo o direito, ainda mais em seu país, de fazer demonstrações pacíficas contra ou a favor da visita”.
Provavelmente é a primeira vez na história mundial que uma casa de representantes do povo aprova uma moção contra um governo estrangeiro, de um país amigo e soberano, baseada em mensagens de redes sociais, enviadas com o claro intuito de criar fatos que alimentem o oportunismo da mídia hegemônica, que, aliás, a esta altura já está providenciando toda sorte de mentiras e calúnias contra a Venezuela.
Como consequência deste oportunismo, a Câmara deixou de discutir e votar pautas importantes para a nação, refém da demagogia de uma direita que reduz o parlamento brasileiro ao tamanho de sua pequenez política.