Desmascarado, Aécio admite farsa e diz que Venezuela autorizou viagem
O candidato tucano derrotado nas urnas, Aécio Neves (PSDB-MG), bem que tentou, mas teve que desmentir a conversa furada que lançou sobre a autorização, ou melhor, não autorização, de pouso de um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) levando uma delegação de parlamentares tucanos e da oposição para se encontrar com golpistas venezuelanos.
Publicado 17/06/2015 11:50
Por meio de sua página nas redes sociais, Aécio publicou nesta terça-feira (16) que o governo venezuelano autorizou o pouso do avião da FAB programada para quinta-feira (18).
Mas na segunda (16), a conversa foi outra. Aécio fez um jogo de cena dizendo que o governo venezuelano teria vetado o pouso. A afirmação foi desmentida pelo Ministério da Defesa, que informou que Caracas ainda não havia dado resposta ao pedido.
O jornal O Globo insuflou a bravata tucana e noticiou uma suposta recusa do governo de Nicolás Maduro em receber os senadores brasileiros.
Mas como diz o ditado: a mentira tem pernas curtas. O governo da Venezuela autorizou a viagem e aproveitou para desmentir a suposta negação do pedido.
Desmascarado, Aécio tratou logo de dizer que interpretou como “uma negativa” a falta de pronunciamento do governo Maduro sobre a autorização do pouso.
Mas a demora também foi desmascarada. Fontes diplomáticas da Venezuela disseram ao portal Opera Mundi que a solicitação só chegou aos meios oficiais às 12 horas desta terça-feira (16), período após o qual foi emitida a autorização para o pouso. Por tratar-se de aeronave militar, é necessário o aval do governo venezuelano para realizar o deslocamento.
Solidariedade golpista
A história começou com a aprovação pela Comissão de Relações Exteriores de uma delegação à Venezuela. O objetivo dos tucanos é fazer da viagem uma ação solidariedade golpista. Querem se encontrar com Leopoldo Lopez e Antonio Ledezma, presos depois de revelado um esquema para tentar derrubar o governo do presidente eleito Nicolás Maduro. A ação golpista provocou a morte de 43 pessoas.
Na base da “carteirada”, por serem parlamentares, Aécio, Aloysio Nunes (PSDB-SP) e companhia viajam para a Venezuela e acham que podem entrar na prisão para ver os golpistas. Os tucanos sabem muito bem que a prerrogativa de ser parlamentar não dá o direito de entrar em presídios no Brasil, muito menos em território estrangeiro, sem autorização judicial.
Ingerência
Em matéria publicada também no Opera Mundi, o deputado Rogério Correia (PT), que também organiza a viagem de uma delegação rumo à capital venezuelana integrada por pessoas ligadas à esquerda – como o escritor Fernando Morais e o líder do grupo Fora do Eixo, Pablo Capilé –, a atitude dos senadores de oposição é “uma ingerência inoportuna à Venezuela”.
Correia afirma que a Venezuela “vive seus dilemas e seu processo democrático”. Ele ressalta que a ação da oposição brasileira tem como objetivo justificar um golpe como o que ocorreu no Paraguai. “Eles [tucanos] tentam não só desestabilizar o governo da Venezuela como também o governo [da presidenta] Dilma [Rousseff]… Como agora não há mais como fazer golpes militares, eles querem fazer golpes por meio da judicialização, da intervenção da mídia, das mentiras internacionais. Tudo isso para justificar uma intervenção conservadora”, salientou.