UJS lança nota de repúdio à LGBT fobia
Devido à repercussão que teve a performance de uma transexual durante a Parada do Orgulho LGBT de São Paulo – realizada no último domingo (7) – que desfilou “crucificada”, em alusão à figura de Jesus, a UJS lançou uma nota de repúdio à homofobia expressada de forma virulenta pelas redes nos dias seguintes ao evento.
Publicado 11/06/2015 13:16
O desfile que aconteceu no domingo (7) teve grande repercussão nas redes. Houve quem apoiasse a atitude corajosa da jovem de 26 que representou “Jesus”, por outro lado, houve quem ameaçou, disseminou ódio e incitou a violência.
Para a entidade, o desfile não feriu a fé religiosa, visto que o objetivo nunca foi esse e sim retratar a situação de vulnerabilidade em que vivem os gays, as lésbicas, os travestis, transexuais e transgêneros diariamente.
A Frente Nacional LGBT da UJS acredita na liberdade religiosa e destaca ainda que LGBT’s também podem ter suas religiões. Independente da orientação sexual, as crenças são de foro íntimo e por isso, devem ser respeitadas.
Leia a nota na íntegra:
A Parada do Orgulho Gay de São Paulo é o movimento social que acumula todos os anos centenas de milhares de pessoas, mobiliza além da cidade e estado de São Paulo, muitas outras regiões do Brasil. A grande participação da comunidade LGBT se dá por muitos motivos, mas principalmente por que os dias em que se realizam as Paradas são os únicos, e poucos do ano, em que os nossos afetos, a nossa luta por sobrevivência e o nosso amor tomam às ruas.
Tomar as ruas significa ocupar um espaço que deveria ser de pertencimento de todas e todos, mas que para nós não o é. Nas ruas é que somos achincalhados, violentados física e moralmente, mortos e mercantilizados pelo sexo. Demonstramos que queremos um espaço democrático, livre e de igualdade para ocupar a totalidade das cidades, e não só os nichos mercadológicos destinados a nos esconder.
As lutas que travamos hoje por direitos civis fazem parte do nosso dia a dia e influenciam nas nossas vivências futuras, a retirada da Homossexualidade da lista de patologias da OMS, a União Homoafetiva, o Nome Social, a Adoção, a Criminalização da LGBTfobia entre tantas outras culminam na defesa da liberdade de se expressar, da dignidade da pessoa humana e de amar.
Acreditamos na liberdade religiosa, LGBTs também podem ser católicos, evangélicos, espíritas, umbandistas, candomblecistas, agnósticos além de optar por não ter crença alguma. As crenças são de foro íntimo e devem ser respeitadas.
Com relação a polêmica em torno da “crucificação” na Parada Gay, é necessário entender o contexto em que foi utilizada para evitar novas e maiores hostilidades contra os LGBT’s. A encenação, inclusive, teve isso como objetivo. Mostrar que milhares de pessoas permanecem sendo agredidos, assassinados – e por que não crucificados – por conta unicamente da orientação sexual e da identidade de gênero que assumem.
A opção pela imagem da cruz talvez tenha sido para provocar uma reflexão entre aqueles que, se utilizando de prováveis preceitos religiosos, reproduzem as mais duras opressões. Se esse foi o objetivo, julgamos correta a iniciativa e manifestamos nosso apoio. A tolerância entre todos os segmentos étnico-culturais, religiosos e de gênero é fundamental para o avanço e aprofundamento da democracia em nosso país!
É possível identificar em diversos meios de comunicação, grandes e pequenos, impressos e digitais, de grande relevância social ou não a figura de outras ‘crucificações’ que não ganharam repúdio, mas a resposta está aqui, a figura atentatória e inadmissível é da Transexual, é da LGBT.
Devemos repensar os julgamentos, não foi demonstrado em momento nenhum intolerância religiosa, já foram intolerantes conosco. Não demonstramos em nenhum momento ódio às pessoas religiosas ou à imagem cristã, já demonstraram ódio contra nós.
A construção da expressão ‘Pecado’ se deu por mais de um milênio de história, pelas Igrejas (‘Santa’ Inquisição), pela Monarquia, pela Burguesia, pelo Sistema Capitalista e arraigada na mente das pessoas fez sangrar muitas mulheres e muitos LGBTs ao longo dessa nossa história da humanidade, a apropriação deste discurso continua causando derramamento de sangue.
Iremos continuar ocupando as ruas, lutando pela liberdade de amar, lutando por direitos civis, lutando pela construção do socialismo e principalmente lutando para que Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transsexuais não sejam ‘demonizadxs’ e Crucificados todos os dias.
( Frente Nacional LGBT UJS)