Orgânicos garantem renda e sucessão rural em comunidade quilombola
A Associação Negra Rural Quilombola Chácara Buriti, em Campo Grande (MS), fundada em 2006, integra 40 famílias de descendentes de escravos que trabalham com o cultivo de hortaliças orgânicas. Formada por aproximadamente 70% de jovens, a cooperativa produz 430 cestos de hortaliças por dia e têm garantido renda e qualidade de vida aos associados que comercializam os itens, principalmente, por meio de programas de compras públicas do Governo Federal.
Publicado 01/06/2015 11:41
A comunidade, que teve início na década de 30, quando filhos de descendentes de escravos em Minas Gerais chegaram ao local, ocupa 60 hectares. De acordo com o coordenador da associação, Antônio Borges dos Santos, 59 anos, eles produzem alface, salsa, cebolinha, coentro e berinjela, sem o uso de aditivos químicos. “A produção diária chega a ser de 746 quilos de alimentos”, afirma.
A escolha pela produção orgânica, segundo o Antônio Borges, foi feita levando em conta a saúde de quem produz e daqueles que consomem os produtos. “Foi o maior acerto, para nós agricultores familiares, trabalhar com produção orgânica”, destaca ao assegurar que tudo que é cultivado na comunidade é aproveitado, seja para consumo próprio ou para venda.
Os produtos da comunidade são comercializados em feiras da região, em mercados estaduais e para os programas de Aquisição de Alimentos (PAA) e de Alimentação Escolar (Pnae) do Governo Federal. “A venda das hortaliças para esses programas teve grande impacto na comunidade porque começamos a nos desenvolver”, avalia.
Mas, foi quando o programa Minha Casa, Minha Vida chegou à comunidade que muitos dos que tinham ido morar na cidade retornaram para o campo, de acordo com o agricultor. Outro avanço citado por ele foi a aquisição do Selo Brasil Quilombola, criado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). “Fomos uma das primeiras comunidades a receber o selo. Isso nos trouxe muito reconhecimento no município e no estado.”
A oportunidade de melhorar a qualidade de vida e ter garantia de renda foram grandes estímulos para os jovens que vivem ali. “Cada um tem um horário de trabalho e muitos já conseguiram comprar um carrinho. Eles viram que poderiam ter o próprio negócio dentro da comunidade e que isso era mais rentável”, conta Antônio Borges ao salientar que o objetivo agora é ampliar o território, mas que as conquistas adquiridas até hoje são satisfatórias. “Hoje eu posso dizer que somos uma comunidade feliz, totalmente diferente.”