Registros de requerimentos desmentem versão de Cunha na Lava Jato
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara dos Deputados e um dos investigados na Operação Lava Jato, jura de pés juntos que não é o autor dos requerimentos apresentados para achacar empresa que teria suspendido os pagamentos de propina, segundo informou o doleiro Alberto Youssef.
Publicado 25/05/2015 11:19
Segundo defesa apresentada por Cunha ao Supremo Tribunal Federal (STF), que investiga os parlamentares, apesar do seu nome aparecer no sistema da Câmara como autor dos requerimentos, em 2011 – o que confirma a afirmação de Youssef – ele não é o verdadeiro autor. Ele diz que os requerimentos foram apresentados pela então deputada Solange Almeida (PMDB-RJ), que como vários parlamentares do seu partido usavam frequentemente o gabinete, isto é, os computadores do seu gabinete para redigir documentos.
Mas levantamento feito pela Folha nos arquivos eletrônicos da Câmara coloca em xeque o argumento de Cunha para negar sua relação com dois requerimentos. Dos 443 requerimentos apresentados pelos 13 deputados do PMDB do Rio, que exerciam mandato em 2011 com exceção dos que o próprio Cunha apresentou e dos dois de Solange, nenhum outro exibe o nome do deputado como seu autor. Cadê o frequente uso do gabinete?
Agora, Cunha apresenta nova versão para explicar tal situação. Na primeira versão, o presidente da Câmara dizia que nada tinha a ver com os requerimentos. Depois, com o seu nome aparecendo no sistema como autor dos requerimentos, mudou e passou a dizer que seus assessores apenas ajudaram a redigir os documentos.
Desta vez ele diz não ver relevância na constatação de que os requerimentos suspeitos são os únicos a trazerem o seu nome – com exceção de papéis reconhecidamente elaborados pelo gabinete do deputado federal.
"Se foi alguém da minha assessoria, pode ter feito com a minha senha. Não vejo nenhum problema. Ou já aproveitou um computador aberto na minha senha para fazer o trabalho", afirmou Cunha, justificando que pessoas da sua equipe "usavam a senha para poder trabalhar nas minhas coisas que têm a obrigação da senha". Cunha disse que a assessora Maria Cláudia Medeiros era uma das que trabalhavam com sua senha pessoal.