Convenção na Bahia reforça solidariedade a Cuba
A Bahia realizou em 15 de maio a 3ª Convenção Estadual de Solidariedade a Cuba, pela integração dos povos latino-americanos e caribenhos e pelo fim do bloqueio imperialista dos EUA à ilha cubana.
Publicado 18/05/2015 14:58
Representantes de diversos movimentos sociais, sindicais e partidos abordaram as conquistas do povo cubano e a política agressiva dos Estados Unidos na região, que enfrenta novos desafios pela consolidação da paz e da independência definitiva.
O evento ocorreu num momento histórico: há 60 anos, o comandante Fidel Castro e quatro companheiros foram liberados da prisão, onde foram postos devido à tentativa de tomada do Quartel de Moncada. Além disso, 2015 é também um ano iniciado por novas conquistas cubanas, quando se evidencia o fracasso da política imperialista contra a ilha, após seis décadas de bloqueio e acosso.
Participaram do evento Laura Pujol, cônsul-geral de Cuba em Salvador; Socorro Gomes, presidente do Centro Brasileiro de Solidariedade e Luta pela Paz (Cebrapaz) e do Conselho Mundial da Paz; os professores Roberto Andrade, representando a Reitoria da Universidade Federal da Bahia (UFBA), e José Ricardo Moreno, representando o Reitor da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), José Bites de Carvalho; o assessor parlamentar Fábio Pires, representando a senadora Lídice da Mata – presidente do Bloco Parlamentar Brasil/Cuba; o secretário do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte, Álvaro Gomes, representando o governo do estado da Bahia; o vereador Everaldo Augusto (Partido Comunista do Brasil – PCdoB), pela Câmara Municipal de Salvador; Lúcia Maia, da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e da Federação Latino-Americana dos Trabalhadores da Construção e Madeira (Flemacom); a médica Julieta Palmeira, da direção estadual do PCdoB; Jefferson Braga, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB); entre diversos movimentos sociais, sindicais e entidades da sociedade civil.
O ato político de abertura foi uma prévia da riqueza de informações compartilhadas durante todo o dia. Antônio Barreto, presidente da Associação Cultural José Martí (ACJM) Bahia e dirigente do Cebrapaz, apontou algumas das conquistas do povo cubano, a exemplo da recente libertação dos cinco heróis e do processo de restabelecimento das relações diplomáticas entre Estados Unidos e Cuba. Mantém-se, porém, ressaltou Barreto, a luta pelo fim do bloqueio econômico e a consolidação da soberania do povo cubano sobre o seu país.
Convidada principal da Convenção, a cônsul de Cuba em Salvador, Laura Pujol, lembrou que os debates são fundamentais para se conhecer a real situação de Cuba e os desafios do seu país. É necessário divulgar os passos que Cuba tem dado diante dessa reaproximação com os Estados Unidos, afirmou a cônsul.
O secretário do Trabalho Álvaro Gomes destacou que o povo cubano é perseverante. "Mesmo em meio àquela crise nos anos 1990, quando o mundo apostava que Cuba iria sucumbir, eu vi naquele povo a alegria e a vontade de lutar pelo que acreditava". O vereador Everaldo Augusto – que também relatou sua experiência em Cuba, nos anos 1990 – acredita que o país é um exemplo de desenvolvimento humano e, principalmente, do socialismo. "Eles são convidados a continuar jogando papel importante no mundo em defesa deste ideal. Aqui na Bahia têm total apoio e solidariedade".
"Um país símbolo de resistência e de luta pela autonomia": Assim definiu Cuba o professor Ricardo Moreno, que representou também a Fundação Maurício Grabois. "Enquanto outros países ensinam espionagem e enviam bombas e mísseis, Cuba exporta médicos, ou seja, saúde", disse o professor, no que foi acompanhado por Lúcia Maia: "Com Cuba, além de saúde e educação, aprendemos mais um dos três eixos fundamentais para o desenvolvimento humano: a consciência de classe". Ela ainda repudiou a permanência da base militar dos Estados Unidos em Guantânamo. A retirada das tropas estadunidenses é uma das bandeiras de luta do povo cubano e das outras nações que se solidarizam.
Para Julieta Palmeira, as conquistas devem ser comemoradas, mas, é preciso ver avanços concretos. "Este bloqueio político-econômico por décadas causou grandes prejuízos a Cuba. A retomada das relações representa uma andada pela paz mundial". No entanto, para a dirigente, o planeta deve desculpas ao povo cubano. Julieta ressaltou ainda que os cubanos nunca se curvaram diante do imperialismo estadunidense.
A presidenta do Cebrapaz Socorro Gomes ressaltou a história de luta do povo cubano, “referência na resistência anti-imperialista e na solidariedade, elementos essenciais para a conquista de uma paz duradoura”. Mesmo com a manutenção da base militar estadunidense à revelia da vontade do povo cubano, Cuba enfrenta bravamente o maior império capitalista do mundo. “Então, a nossa solidariedade a Cuba é a nossa rebeldia. Afirmarmos que o nosso caminho é o internacionalismo e o defenderemos,” disse Socorro, encerrando a primeira parte da Convenção.
À tarde, conferências e debates incidiram sobre o pensamento de José Martí e sua luta anti-imperialista, com a discussão sobre a ocupação da Baia de Guantânamo pelos Estados Unidos. O tema foi abordado pelo sociólogo, doutor em ciências econômicas e escritor Carlos Tablada e por Socorro Gomes, seguido da palestra do médico brasileiro Leandro Bertoldi – formado em Cuba, na Escola Latino Americana de Medicina – ELAM – sobre a sua experiência. A seguir, um painel abordou as brigadas de solidariedade a Cuba e a solidariedade de Cuba com os povos.
O encontro resultou na resolução política da 3ª Convenção e numa moção de apoio à resolução da Cúpula da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac) no Panamá, que exigiu dos Estados Unidos o fim imediato do bloqueio econômico, financeiro e comercial contra Cuba. Os debates foram uma prévia importante da 22ª Convenção Nacional de Solidariedade a Cuba, que acontece entre 4 e 6 de junho em Recife.
A convenção baiana contou com apresentação do Ballet Rosana Abubakir, de Salvador, cuja base teórica é o balé cubano. As conferências e debates foram entremeados com poesia de Martí declamados por Leni Queiros, Ametista Nunes, Fátima e Ivone Souza, por músicas cubanas interpretadas por Juan Inácio, professor de Língua Espanhola da UNEB, e pela literatura de cordel do professor João Augusto Rocha, da UFBA. O encerramento foi uma festa de solidariedade com a participação do cantor cubano Alexei Martinez e da dançarina Maristela Lins.