Centrais buscam unidade contra terceirização na atividade-fim
Depois de divergências, entidades tentam se unir em torno de pontos comuns para atuar no Congresso e organizar paralisação no dia 29 próximo.
Publicado 11/05/2015 16:04
Depois de divergências em relação ao projeto da terceirização, PL 4.330 que agora está em tramitação no Senado como PLC 30, as centrais sindicais tentam se unir em torno de pontos comuns para atuar conjuntamente. A proposta é chegar a um consenso para a realização do dia nacional de paralisações e protestos marcado para o dia 29 deste mês.
A reunião aconteceu nesta segunda-feira (11), na sede da UGT, em São Paulo, com a participação da CGTB, CSP-Conlutas, CTB, CUT, Intersindical, Nova Central, UGT e da Força Sindical – que trabalhou pela aprovação do projeto na Câmara. A Força Sindical afirma aceitar participar das atividades no Senado contra o agora PLC 30, mas não abre mão de regulamentar a terceirização.
As centrais voltarão a se encontrar na próxima segunda-feira (18), no mesmo local, com a presença do Dieese, para uma análise mais detalhada do PLC 30. A partir daí, devem definir estratégias de atuação no Senado. A participação de todas as centrais no dia 29 também ainda é uma questão em aberto. Algumas já preparam o ato.
O secretário-geral da CTB, Wagner Gomes, destacou os pontos que considera comuns entre os sindicalistas: o ato do dia 29 e o combate à terceirização na atividade-fim, às MPs 664 e 665 e ao ajuste fiscal.
"Isso é o que unifica todas as centrais", afirmou Wagner. "Esta plenária é um reforço na nossa mobilização para o dia 29. Cada setor vai fazer uma atividade contra a terceirização e as MPs 664 e 665. A partir de agora é fundamental a mobilização das centrais estaduais e dos sindicatos para fazermos um grande ato rumo à greve geral", disse o dirigente, informando que a central fará uma plenária nesta segunda (11).
O presidente da UGT, Ricardo Patah, que enfatizou a necessidade de unidade dos dirigentes em um momento de crise, disse que "a princípio" participa. A Força fará uma reunião interna na próxima sexta para discutir sua presença no dia de protestos, mas já adiantou que quer uma pauta mais abrangente, com críticas à política econômica.
Os principais dirigentes se reuniram em separado para depois descer e conversar com os representantes de vários sindicatos. Ao abrir o encontro, Patah lembrou que foi a união entre as centrais que resultou na derrubada da Emenda 3 (sobre vínculo empregatício) e na criação da política de valorização do salário mínimo.
"Não queremos a terceirização na atividade-fim", disse Patah. "Queremos a regulamentação, não a precarização. Do jeito que passou, tudo foi rasgado." Ele enfatizou a reunião de hoje, "depois de uma série de ações que de certa forma distanciaram as centrais".
Pressão
O presidente da Força, Miguel Torres, que participou apenas da primeira fase do encontro, disse que a central irá trabalhar junto com as demais "para melhorar no intuito de regulamentar". "O que não vamos admitir é que tudo que conseguimos avançar em direitos seja derrubado no Senado", acrescentou. "Vamos fazer toda a pressão para melhorar (o projeto)", disse. A atividade-fim, ponto central do debate, voltará a entrar nessa discussão.
Na Força, que teve alguma divergência interna, a avaliação é de que o projeto incluiu emendas com cláusulas de proteção ao trabalhador terceirizado. "Na Câmara dos Deputados, conseguimos chegar onde foi possível. Devemos insistir no Senado na questão da atividade-fim", comentou o secretário-geral da central, João Carlos Gonçalves, o Juruna. "Estamos definindo a 4.330 como um jogo de 180 minutos."
Segundo o secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre, a discussão vai além desse projeto. "Temos uma preocupação enorme com os rumos da economia. Nosso problema é maior que o 4.330", afirmou, citando demissões que já vêm ocorrendo em alguns setores e a crise na atividade industrial. "As restrições estão chegando e paralisando a economia."
Ele também defendeu a importância de união neste momento. "Temos de superar as nossas diferenças. Temos que aceitar que a terceirização na atividade-fim é um desastre. Agora, o que temos a fazer é a batalha no Congresso", disse Nobre.
Fonte: Rede Brasil Atual