PF faz operação contra extração de ouro em Terra Indígena

A Polícia Federal deflagrou a Operação Warari Koxi, que tem o objetivo de combater e desarticular uma organização criminosa que atua na extração ilegal de ouro e pedras preciosas na Terra Indígena Yanomami, em Roraima. Os prejuízos, segundo a PF, são calculados em R$ 17 milhões, além dos danos ambientais.

O Indigenista

A operação, que ocorre em parceria com o Ibama, reúne cerca de 150 policiais federais, que cumprem cerca de 313 medidas judiciais em Roraima, Amazonas, Rondônia, Pará e São Paulo.

De acordo com as investigações, a organização criminosa é formada por empresários, funcionários públicos, donos de garimpos, joalheiros e até pilotos de avião, responsáveis pela implantação de garimpos de ouro, minerais de uso industrial e outras pedras preciosas na Terra Indígena Yanomami na região de Boqueirão e Uraricoera, extremo norte do estado de Roraima.

A estimativa é de que sejam retirados da reserva cerca de 160 quilos de ouro mensalmente, o que resultou em sonegação de aproximadamente R$ 17 milhões. A suspeita é de que os financiadores do crime utilizem o ouro como ativo para lavagem de dinheiro proveniente de outras atividades ilícitas, que podem chegar a um valor aproximado de R$ 1 bilhão.

Os suspeitos são investigados por associação criminosa, extração de recursos naturais de forma ilegal, uso indiscriminado de mercúrio, usurpação de patrimônio da União, receptação de bens provenientes de crime, corrupção passiva, violação de sigilo funcional, contrabando, lavagem de dinheiro, e operar instituição financeira sem a devida autorização do Banco Central.

Entenda o ciclo do ouro e como impacta Terras Indígenas

A alta dos preços das commodities incentiva a mineração ilegal e gera o aumento da violência na Amazônia, América do Sul.

A alta recorde do preço do ouro em todos os tempos é resultado da fuga de investidores do mercado americano e europeu buscando um porto seguro em meio a crise econômica. Este fato tem sido um combustível na caótica corrida pelo ouro da floresta. Trazendo violência, doenças e conflitos na Floresta Amazônica Brasileira, Guyana, Peruana, Boliviana, Colombiana e Venezuelana que são áreas ricas em minerais dentre eles o ouro.

“Há uma relação direta entre o preço do ouro e os problemas que temos que lidar nesses dias”, relata David Ramnarine, comandante da polícia Guiana.

Muitos mineiros empobrecidos estão entrando na Terra Indígena Yanomami em busca de ouro, deixando um rastro de destruição ambiental e humana.

“Estou preocupado – meu povo está sofrendo”, disse Dário Vitório Kopenawa Yanomami, coordenador de saúde da Hutukara Associação Yanomami, acredita-se que cerca de 2.000 mineiros ilegais podem estar operando dentro da reserva Yanomami. “Os mineiros estão contratando aviões para entrar na reserva. A entrada é constante”, disse ele. “É perigoso ir onde eles estão. Estão todos armados.”Se chegar perto deles eles vão nos matar. Estamos recebendo informações que os invasores estão chegando perto de nossas terras. Os Yanomami estão pedindo apoio”, acrescentou.

Em uma entrevista, o pai de Dário, Davi Kopenawa Yanomami, o líder Yanomami mais conhecido, advertiu: “Todos os dias uma média de seis voos não autorizados decolam para a reserva Yanomami As lojas estão vendendo muito equipamento para mineração e pistas ilegais de pouso foram reabertas. “O número de mineiros ilegais operando atualmente na reserva estimado em 2000 ainda é apenas uma fração dos 40.000 estimados que trouxeram morte e destruição durante a década de 1980 e 1990.

O segredo por trás da ascensão do ouro

Ao longo do tempo, o preço do ouro se correlaciona com o montante total da dívida federal dos Estados Unidos e outras métricas de dívida da sociedade americana. E como o Tesouro foi liberado para emitir novas dívidas, com um teto da dívida sem restrição, a corrida pelo ouro disparou, subindo desenfreadamente. Participantes experientes do mercado já começaram a apostar na subida de preço na virada do ano em antecipação. O ouro teve aumento de 10% desde 1º de janeiro de 2014, superando a maioria das outras classes de ativos.

E quanto à dívida nacional dos EUA? Ela realmente caiu em US$ 92 bilhões no início do ano até o Senado aprovar o projeto de lei do teto da dívida. Nas três semanas desde então, ela aumentou US$ 168 bilhões. Além do mais, porque o teto da dívida está suspenso, o Tesouro teve até março de 2015 para emitir tanto dívida quanto quiser.

Por que isso impulsiona o preço do ouro? Porque na sociedade de hoje dívida é dinheiro, muito mais do que as Notas do Federal Reserve impressas pelo Fed [o banco central dos EUA]. Mais dinheiro significa preços de ativos mais elevados, o que inclui o ouro. O Tesouro pode imprimir dinheiro (dívida) muito mais rápido do que o Fed; os recentes US$ 168 bilhões em três semanas envergonham os US$ 85 bilhões por mês do ‘afrouxamento quantitativo’ (QE) inicial.

Além disso, a nova dívida emitida pelo Tesouro aumenta diretamente a oferta total de dinheiro de crédito, ao passo que o QE apenas aumenta as reservas que os bancos mantêm no Fed, a menos que o Fed monetize diretamente nova emissão. Se os bancos optam por usar essas reservas, eles poderiam aumentar a oferta total de dinheiro de crédito, mas o crédito privado nunca decolou durante a recuperação.

Há outra razão por que o ouro reage à emissão de nova dívida federal. O preço do ouro é um reflexo da fé no dólar. Se o dólar cai, o ouro sobe. O dólar está em última análise apoiado pelo balanço do Fed. O balanço do Fed é composto principalmente de títulos do Tesouro. Se houver um fornecimento contínuo de novos títulos, mas nenhum dinheiro novo de imposto para pagar a dívida, esses títulos cairão em valor. Assim, o balanço do Fed passa a valer menos e também o dólar.

Fonte: Jornal GGN, com informações O Indigenista

Referências:
https://www.epochtimes.com.br/segredo-por-tras-ascensao-ouro-2014/#.VUt-epMmO4o
http://www.cartacapital.com.br/politica/busca-por-ouro-coloca-indios-em-perigo-em-roraima
http://www.hutukara.org/alta-do-preco-do-ouro-morte-e-destruicao-na-corrida-pelo-minerio-na-amazonia.html