Mídia esconde, mas Costa diz que R$ 10 milhões para PSDB foi propina
O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa disse em depoimento à Justiça Federal em Curitiba, nesta terça-feira (28), que parte da propina recebida na sua diretoria foi repassada para integrantes do PSDB, PMDB e PP, além do PT.
Publicado 29/04/2015 10:03
O depoimento não trouxe novidades perante o que já foi dito por Costa em outras ocasiões. Apesar da mídia golpista e da oposição tucana insistir na tese de criminalizar o PT nas investigações, ao juiz federal Sérgio Moro, o ex-diretor reafirmou que foi indicado para ocupar o cargo pelo PP em troca do compromisso de arrecadar para o partido 1% dos contratos das empresas que faziam parte do cartel, criado para combinar quais seriam as vencedoras das licitações.
De acordo com Costa, o valor foi negociado pelos políticos do PP que participavam do esquema. Ele afirmou que seus "padrinhos" na indicação foram os ex-deputados José Janene, que morreu em 2010, e Pedro Corrêa, preso na 12ª fase da Lava Jato, deflagrada este mês.
Segundo Costa, inicialmente, a propina recebida na diretoria de Abastecimento eram direcionadas ao PP. No entanto, em 2007, ele teve problemas de saúde e precisou do apoio de outros partidos para manter-se no cargo.
“Houve direcionamento pontual para o PSDB, PT e PMDB. Eu fiquei muito doente no final de 2006, numa situação quase precária de saúde. Nesse período, eu fiquei uns quatro meses afastado e houve uma briga política muito grande para colocar uma outra pessoa no meu lugar. Nesse processo, o PP teve de abrir mão de ser o único partido que dava apoio à diretoria de Abastecimento. A partir desse momento, o PMDB começou a dar esse apoio também. Então, houve um compartilhamento de apoio, a partir do início de 2007", declarou.
A mídia esconde, mas não é a primeira vez que Costa confirma o envolvimento do PSDB no esquema da Petrobras. Enquanto suas lideranças se camuflam em discursos contra a corrupção e se movimentam na busca de um golpe, Costa diz com todas as letras em depoimento que Sérgio Guerra, ex-presidente do partido, morto em 2014, recebera propina para que não houvesse CPI da Petrobras, em 2009.
No depoimento desta terça (28), Costa afirma que os R$ 10 milhões recebidos por Guerra foram pagos pela empreiteira Queiroz Galvão. O acerto teria sido negociado em um encontro entre Costa e Guerra em um hotel na Barra da Tijuca, no Rio. Na reunião, marcada pelo deputado federal Eduardo da Fonte (PP-PE), Guerra teria determinado o valor da propina que gostaria de receber para impedir as investigações no Congresso.
"Fui procurado em 2009 ou 2010 pelo senador Sérgio Guerra, numa reunião no Rio, marcada pelo deputado Eduardo da Fonte. Para minha surpresa, quando cheguei lá, estava o senador. Do encontro resultaram duas ou três reuniões num hotel na Barra da Tijuca. O senador pediu que se repassasse para ele um valor de R$ 10 milhões para que não ocorresse CPI da Petrobras nesse período. Depois da terceira reunião fiz contato com a Queiroz Galvão, que honrou o compromisso. Foi pago R$ 10 milhões para o senador nesse período", afirmou Costa.
Tudo "doação"
Nos registros de doações no Tribunal Superior Eleitoral constam que o diretório nacional do PSDB recebeu mais de R$ 6 milhões da construtora Queiroz Galvão em 2010, quando José Serra disputou contra Dilma Rousseff a corrida presidencial daquele ano, período em que Sérgio Guerra presidia o partido.
Também em 2010, pelo menos seis das nove empreiteriras citadas na Lava Jato (Odebrecht, OAS, UTC, Queiroz Galvão, Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa) financiaram a campanha de Aécio Neves, para o senado.
Além disso, segundo reportagem dos jornalistas Rubens Valente e Gabriel Mascarenhas, publicada em dezembro último na Folha de S. Paulo, a empreiteira Queiroz Galvão associa doações de campanha ao PSDB a contratos de obras públicas em São Paulo.
As informações foram confirmadas pelos repórteres junto à própria empreiteira, a partir de uma planilha apreendida na Operação Lava Jato. Nela, constam obras no estado de São Paulo e nomes de políticos que deveriam receber doações.
Numa obra de R$ 117,5 milhões, por exemplo, que foi a do VLT na Baixada Santista, o valor estimado da "doação de campanha" seria de R$ 1,16 milhão, que a empreiteira classifica como "ProfPart". Segundo a construtora, a expressão significa "Provisão Financeira para o PSDB".
Do Portal Vermelho, com informações de agências