Patricia Faermann: O samba de uma nota só de Aécio
Em entrevista a jornalistas, a presidenta Dilma Rousseff desbancou a suposição. A Controladoria-Geral da União também explicou a inviabilidade da sustentação. Mas a Folha deu voz a Aécio Neves (PSDB-MG), na edição desta quarta. Para o senador, a denúncia do jornal justifica um impeahment.
Por Patricia Faermann, no Jornal GGN
Publicado 15/04/2015 12:26
O senador tucano disse que se ficar comprovado que o governo esperou o fim da eleição para processar a empresa holandesa, suspeita de pagar propina para fazer negócios com a Petrobras, haverá motivo "extremamente forte" para o pedido de saída da presidente.
Na reportagem, a Folha diz ter revelado que a CGU recebeu informações detalhadas sobre o assunto do ex-diretor da SBM Offshore Jonathan Taylor, entre agosto e outubro, durante a campanha eleitoral, mas só abriu o processo contra a empresa no mês seguinte, em novembro, após a reeleição de Dilma.
A jornalistas, a presidente contou que Taylor procurou a CGU, disse que nos Estados Unidos o governo pagava por informações e quis vender as que ele tinha. Aqui, não foi aceito, entre outros motivos, porque o processo poderia ser anulado pela justiça brasileira, e porque a CGU mantinha contato com as autoridades holandesas e poderia ter acesso oficial às provas.
Em coletiva, a própria Controladoria afirmou que corria na imprensa oficial, naquela época, a notícia de que as informações de Taylor foram obtidas de maneira ilegal. Além disso, o tempo entre o primeiro contato do ex-diretor da companhia e o agendamento de reunião seguiu as agendas dos servidores.
“Eu gostaria, em nome do Ministério da Justiça, de repelir com veemência qualquer insinuação de que possa ter havido tentativa de acobertamento. Nós temos trabalhado em conjunto desde que os fatos foram revelados. Quem quer acobertar não investiga. Quem quer protelar não toma as medidas que foram tomadas”, afirmou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, na coletiva da CGU.
O PSDB, em contrapartida, está em esforço para tornar unânime a bandeira do impeachment entre os correligionários. Se antes, Aécio evitava defender publicamente o processo, agora adere ao grupos que organizaram as manifestações. Em reunião com deputados nesta terça, o senador questionou aos colegas quais eram a favor de investigações contra a presidente, e todos levantaram as mãos em apoio.
Também nesta terça, Aécio Neves encontrou-se com representantes do movimento Vem para a Rua. À Folha, ele confirmou que o PSDB pediu ao jurista Miguel Reale um estudo das denúncias contra Dilma.
Ainda que privilegiando a mudança de tom de Aécio Neves, pautando-a na "denúncia" do jornal, e não inserindo na nova publicação as respostas oficiais da CGU, do Ministério da Justiça e da própria presidente, a Folha de S. Paulo fez referência a uma restrita declaração de Dilma aos jornalistas:
Em entrevista a blogueiros, Dilma disse nesta terça (14) que o país saiu da eleição presidencial "com muita gente no terceiro turno", mas afirmou que o cenário deve melhorar.
'Que tipo de crise política nós temos? Saímos da eleição com muita gente no terceiro turno. […] Vamos fazer 13 anos de governo e quem não está [no governo] reage dessa forma', afirmou a presidenta, segundo trecho publicado pelo site 'Jornal GGN'."