Abertura do Encontro Estadual revigora disposição de luta

Marcada pelo revigoramento da disposição de luta em defesa da democracia e do Brasil, a 11ª Reunião do Comitê Estadual do Partido Comunista do Brasil foi aberta nesta sexta (10) pelo secretário Nacional da Comunicação do PCdoB, José Reinaldo, membro do Comitê Central e editor do Portal Vermelho.

Conferência RN
Dirigentes, militantes, amigos, parlamentares comunistas e lideranças políticas e dos movimentos sociais e sindicais lotaram o auditório do hotel Marina Travel para debater a atual conjuntura política e a ofensiva conservadora e reacionária promovida por um consórcio oposicionista que não aceita a quarta derrota consecutiva nas urnas.

A mesa de abertura dos trabalhos foi composta, ainda, pelo presidente estadual da sigla, Antenor Roberto, a senadora Fátima Bezerra (PT), o vice-governador do Estado, Fábio Dantas (PCdoB), a deputada estadual, Cristiane Dantas (PCdoB), o suplente do Senado, Theodorico Neto (PCdoB), o prefeito de Apodi, Flaviano Monteiro (PCdoB), o secretário estadual de organização, Carlos Albérico, e as secretárias de Formação e de Mulheres, Fátima Viana e Carla Tatiane, respectivamente.

As diversas falas convergiram para necessidade de aperfeiçoar os métodos de atuação e direção do Partido, que neste momento de crise política é chamado a ocupar, uma vez mais, seu lugar na história e influir no curso político pela garantia da manutenção e o avanço do projeto de desenvolvimento econômico com distribuição de renda, justiça e inclusão social. As intervenções reafirmaram a importância de empreender esforços na construção de uma ampla frente de defesa das conquistas inauguradas em 2002 com a vitória de Lula.

À luz do documento base da 10ª Conferência Nacional, José Reinaldo examinou a grave crise política nacional em curso, a atualização e a efetivação das linhas de construção partidária e a sucessão que acontecerá na presidência nacional do Partido.

Ao ressaltar o momento histórico vivenciado pelo PCdoB no processo de sucessão da presidência nacional do PCdoB, aprovado pelo Comitê Central eleito no 13º Congresso, que pela primeira vez terá uma mulher a frente de sua condução, o dirigente elencou os critérios que corroboraram para a escolha de Luciana Santos, como protagonismo, liderança e respeito.

 

Análise da conjuntura política

No que tange à situação política nacional, o dirigente fez uma aguda análise do conturbado ambiente de uma brutal ofensiva reacionária promovida por forças antidemocráticas e antinacionais, com a indisfarçável marcha golpista em curso no país. Para Reinaldo, essa investida da direita neoliberal objetiva pôr fim aos ciclos democrático e progressista.

O dirigente lembrou aos presentes que este exame só pode ser feito ao situarmos o Brasil, a América Latina, e mesmo os países que compõem o BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) no contexto das atuais batalhas políticas acirradas pelo capitalismo em crise. Ele destaca a ação ofensiva das potências imperialistas, lideradas pelos EUA, para conter e agredir qualquer país que contrarie seus interesses.

Reinaldo falou da escalada da direita e do imperialismo na América Latina e no Caribe para tenta desestabilizar os governos de esquerda e progressistas, que têm resistido através de mecanismos de integração continental, como Mercado Comum do Sul (Mercosul), União de Nações Sul Americanas (Unasul) e Comunidade de Estados Latino Americanos e Caribenhos (Celac).

Dessa forma, no que pese a dinâmica própria da luta de classes no país, a tentativa de desestabilização do governo Dilma faz parte de uma investida mais ampla do imperialismo para tentar derrotar o ciclo progressista na América no Sul e se intensificou desde a descoberta da riqueza do pré-sal.

Neste sentido, o documento preparatório da 10ª Conferência nacional do PCdoB propõe “defender a democracia e o legítimo mandato constitucional da presidenta Dilma” e ainda “rechaçar e vencer o golpismo da direita seja repelindo e desmascarando a pregação de um impeachment fajuto, posto que sem base jurídica, seja derrotando outra vertente desse golpismo, que é a de tentar paralisar o governo, desestabilizá-lo – vertente essa que também se expressa pela conduta truculenta, autodeclarada do PSDB, de ‘sangrar’ a presidenta, de enfraquecê-la continuadamente”.

Para impulsionar a contraofensiva, o projeto de resolução apresenta ainda “a retomada da iniciativa política a ser empreendida pelas forças democráticas e progressistas em torno de bandeiras unificadoras que se relacionam com a tarefa central de rechaçar com firmeza o golpismo, de defender o mandato da presidenta e de conquistar a estabilidade do governo”.

Para Reinaldo, as bandeiras da defesa da Petrobras, da engenharia, da economia nacional; o combate à corrupção com o fim do financiamento empresarial das campanhas; a retomada do crescimento econômico e a garantia dos direitos trabalhistas e sociais, exigem “fazermos um aceno para aglutinar essa base das reformas estruturais democráticas. A recomposição da base institucional e social deve se expressar na constituição do que nós chamamos frente ampla, democrática e patriótica em defesa da democracia, do Brasil e do desenvolvimento nacional e do progresso social”.

Com uma exposição da trajetória do Partido ao longo de quase um século, período no qual pagou caro tributo à conquista da liberdade e da soberania nacional, Reinaldo reafirmou o caráter comunista e militante da sigla e a missão histórica de luta pelo socialismo e pelo novo Plano Nacional de Desenvolvimento com justiça e progresso social e distribuição de renda.
Para o dirigente, a defesa e o desenvolvimento das conquistas alcançadas “condicionam-se hoje pela manutenção do mandato da presidente Dilma Rousseff, ameaçado pela ofensiva golpista liderada pelo consórcio oposicionista neoliberal, conservador e direitista”.

José Reinaldo ressaltou a experiência histórica vivida pelo Partido, o que oferece uma compreensão de que na luta política é preciso distinguir bem as forças em confronto e tomar o lado certo. “A desestabilização do governo da presidenta Dilma e a interrupção do seu mandato corresponde aos interesses dessas forças e, se concretizada, resultaria não só na liquidação das conquistas alcançadas nos últimos 12 anos, mas na adoção de políticas antissociais, antipopulares, antinacionais. No plano externo, teríamos de volta a diplomacia dos pés descalços, a submissão aos ditames das potências imperialistas. No plano administrativo – ninguém se engane – grassaria a corrupção desbragada e a dilapidação do patrimônio público”.

Senadora Fátima Bezerra

Presente ao encontro do PCdoB, a senadora Fátima Bezerra (PT) iniciou fazendo referência à experiência histórica do PCdoB na defesa da democracia e do Brasil e afirmando ter “total concordância” com a análise de conjuntura apresentada pelo dirigente do PCdoB, José Reinaldo. “Nós estamos vivenciando o no momento, pós Ditadura Militar, mais desafiador para o campo popular democrático”, afirmou a senadora.
 

Fátima elencou os variados meios e táticas no cerco que as forças conservadoras e reacionárias têm utilizado contra este ciclo progressista, como a guerra midiática, a judicialização da política, e o no campo congressual, e destacou o revés do número de cadeiras do PT no Congresso Nacional, fruto desta campanha cerrada e contínua da grande mídia contra o Partido.

A senadora avalia que disto decorre a correlação de forças desfavorável ao Trabalho no legislativo. “As posições que o Congresso Nacional tem tomado nestes últimos dias corroboram com isto, A ousadia e o atrevimento de votar o PL 4330, a redução da maior idade penal e de pautar o tema da Reforma Política tendo como eixos centrais a questão do Distritão e a constitucionalização do financiamento empresarial de campanha”.

Para Fátima, essa proposta representa “o mais duro ataque” ao processo democrático ao nosso país, pois resultará na elitização cada vez maior do parlamento brasileiro.Ela destacou o caráter estruturante da Reforma Política. “É uma das reformas mais importantes dentre as reformas estruturantes que precisamos realizar no país para promover outro ciclo de desenvolvimento, para levar o país a um outro patamar.

Encerramento

O primeiro dia de discussão foi concluído com a fala do presidente estadual da sigla, Antenor Roberto, que destacou o centro do debate do processo conferencista, que será o momento em que a presidência nacional vai sofrer uma transição “com vários matizes”, entre eles o empoderamento da Mulher.
 

E fez uma breve análise de conjuntura, afirmando que “nós não pudemos tergiversar sobre essa realidade que nós estamos vivenciando”, destacando o caráter da luta de classes assumida no Brasil.

“Temos que entender que o resultado das eleições não nos dá força para fazer movimentos à esquerda”. Mas afirmou acreditar ser possível fazer esse enfrentamento com o Partido armado político e ideologicamente.

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Os debates seguem neste sábado (11) em dois turnos, manhã e tarde.

De Natal,
Jana Sá