João do Rio: A alma encantada das ruas
João do Rio é o pseudônimo de João Paulo Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto, um jornalista, cronista, tradutor e teatrólogo brasileiro. Irreverente e sagaz, João do Rio inaugurou uma nova forma de jornalismo no início do século 20. Suas crônicas críticas e ricas em ironia deram um novo tom ao estilo de escrita que repercutia na época.
Publicado 27/03/2015 12:05
Neste período, o trabalho relacionado à escrita, fosse jornalismo ou literatura, era tido como um exercício para intelectuais que dispunham de muito tempo para se dedicar ao ofício mas tinham como forma de obter renda outras fontes, tratava-se de uma tarefa para jovens ricos ou funcionários públicos, por exemplo. João do Rio mudou quebrou este paradigma e encara o jornalismo como sua profissão, teve mais de onze pseudônimos para atrair diversos públicos e leitores, foi o diretor da revista Atlantida (1915 – 1920) e colaborador da revista Serões (1901 – 1911).
Um completo apaixonado pelo Rio de Janeiro, sua obra tata da vida da cidade, das peculiaridades e singularidades da capital fluminense. Transcrevemos no Prosa Poesia e Arte um trecho do conto A Rua, publicado originalmente no livro A alma encantada das ruas, hoje disponível em Domínio Público. Ao final do artigo, o livro completo está disponível para download em PDF.
Leia um trecho de “A rua”:
"A rua nasce, como o homem, do soluço, do espasmo. Há suor humano na argamassa do seu calçamento. Cada casa que se ergue é feita do esforço exaustivo de muitos seres, e haveis de ter visto pedreiros e canteiros, ao erguer as pedras para as frontarias, cantarem, cobertos de suor, uma melopeia tão triste que pelo ar parece um arquejante soluço. A rua sente nos nervos essa miséria da criação, e por isso é a mais igualitária, a mais socialista, a mais niveladora das obras humanas".
Do Portal Vermelho,
Mariana Serafini