Professores da rede estadual de São Paulo continuam em greve    

Em greve desde a última sexta-feira (13), professores da rede estadual de ensino de São Paulo realizam uma nova assembleia na última sexta-feira (20), no vão livre do Masp, para decidir os rumos da paralisação. Levantamento feito pela Apeoesp (Sindicato dos professores de São Paulo), revela que cerca de 60% da categoria já aderiu à greve que atinge há uma semana a capital e cidades do interior como Ribeirão Preto, Sorocaba, São Carlos, Araraquara, entre outras.

 

 

Greve dos professores de SP - CTB

“A greve continua crescendo, apesar da pressão dos diretores”, afirmou Francisca Pereira da Rocha Seixas, Secretária de Assuntos Educacionais e Culturais da Apeoesp. Na última terça-feira (17), representantes do estado se reuniram com entidades do setor para discutir a paralisação, sem a presença do sindicato da categoria. Para Francisca Pereira essa atitude é reflexo da postura intransigente do governo Alckmin. “É aquela velha história que já conhecemos. É o autoritarismo do governador que não reconhece setores importantes da sociedade, como a educação”, diz a sindicalista.

A próxima assembleia será no mesmo local, na sexta-feira (27). Também está previsto um ato nacional de professores contra os cortes de recursos públicos, sobretudo federais, para o setor, na véspera, quinta-feira (26).

Condições de trabalho

Entre as reivindicações da categoria estão o fim da superlotação nas salas de aulas, abertura de novas salas, que teriam no máximo 25 alunos, aplicação da jornada da Lei Nacional do Piso, que prevê um terço da jornada cumprido fora da sala de aula, e melhores condições de trabalho.

Francisca Pereira da Rocha Seixas, Secretária de Assuntos Educacionais e Culturais da Apeoesp

Francisca revela que as reivindicações estão atreladas à melhores condições de trabalho. “Há uma desvalorização muito grande por parte do governo do estado, que envolve baixos salários, longas jornadas de trabalho e falta de equipamento, porque o governo estadual cortou verba até do material usado nas unidades escolares. O educador não dá conta”, desabafou a cetebista.

Os docentes também cobram o aumento de 75,33% para equiparação salarial com as demais categorias com formação de nível superior, rumo ao piso do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística para Estudos Socioeconômicos), com jornada de 20 horas semanais de trabalho.
Caso nada seja apresentado por parte do governo, a greve seguirá por tempo indeterminado. Os docentes já construíram um calendário de atividades para os próximos dias com atos, vigílias, manifestações e comandos de greve.

Protesto de professores e alunos

Em Araraquara, na escola Léa de Freitas Monteiro, oito profissionais não estão dando aulas. “Temos alimentação que vem enlatada, temos também problemas de classes superlotadas, que precisam ser desmembradas, há carteiras que precisam ser consertadas”, disse o professor de filosofia Agnaldo Andrade. “Não sei se vocês conseguem imaginar como é para um professor estar na frente da sala com mais de 40 adolescentes, porque eu dou aula para o ensino médio, tentando manter a ordem”, afirmou a professora de arte Amanda Beraldo, que leciona na Escola Victor Lacôrte.

“A gente paga imposto como todo mundo paga, por que a gente também não pode ter uma escola boa para os nossos filhos?”, questionou Jucely Maria da Silva Santana, mãe de um dos alunos.

O atraso no kit escolar também é motivo de reclamações. “O aluno fica com dificuldade de estudar porque ele não tem material”, opinou a professora de sociologia Érica Aparecida de Andrade Sabino. E eles não são os únicos que estão insatisfeitos. Cerca de 100 alunos saíram às ruas e percorreram dois quilômetros com cartazes pedindo melhorias. “Além de estar superlotado e faltar carteiras, a tinta da parede está descascando, as cortinas estão sujas, os ventiladores estão quebrados”, contou o aluno Rômulo Bicesto, de 18 anos.

Em Sorocaba, os docentes saíram em passeata entoando gritos como "hoje a aula é na rua", pela região central da cidade na tarde da quinta-feira. Inicialmente, foi realizada uma assembleia em frente à sede da Apeosp na região para tratar das principais reivindicações da categoria. Em seguida, os participantes do protesto seguiram a pé até a Diretoria de Ensino local, na rua Cesário Mota, onde finalizaram a manifestação.

Fonte: CTB