Deputado desafia Aécio para acareação
O deputado estadual Rogério Correia (PT-MG), um dos autores do requerimento à Procuradoria Geral da República (PGR) para agregar a Lista de Furnas às delações premiadas de Alberto Yousseff na Operação Lava Jato como prova de prática de corrupção pelo PSDB, desafiou o senador tucano Aécio Neves (MG) a uma acareação sobre o assunto.
Publicado 21/03/2015 09:56
“Eu me coloco à disposição para ir ao Senado e fazer uma acareação com vossa excelência (Aécio Neves). Isso é muito mais consistente do que mandar notinhas inverídicas aos jornais!”, propôs Correia, em resposta ao senador tucano Aécio Neves.
Em nota, Correia garantiu, na manhã desta sexta-feira (20), a autenticidade do documento “Lista de Furnas” apresentado à PGR e lembrou que todas as investigações contra ele, partidas do PSDB, não comprovam nada do que lhe é imputado pelo senador Aécio Neves.
“Aécio Neves tenta cassar meu mandato parlamentar desde 2011 e persegue quem ousou denunciá-lo, como é o caso de Nilton Monteiro e Marco Aurélio Carone, que chegaram a ser presos ilegalmente para evitar que atrapalhassem sua campanha”, relatou.
“Eu fui investigado à exaustão e nunca me opus a qualquer apuração. Agora é a sua vez, Aécio. Por que não se coloca à disposição da justiça?”, questiona o parlamentar mineiro.
Rogério Correia afirma que a autenticidade da lista foi comprovada pela Polícia Federal, de acordo com laudo de exame documentoscópico elaborado em 2006. A perícia sobre o documento foi elaborada pelo Instituto Nacional de Criminalística (INC), da Diretoria Técnico-Científica da PF.
“A equipe de peritos analisou o documento original denominado Lista de Furnas, concluindo que não houve montagem, fraude ou qualquer outro tipo de manipulação”, afirma o deputado na nota.
Além disso, segundo Correia, a denúncia apresentada pela procuradora federal (MPF-RJ) Andréia Bayão contra os operadores do esquema de Furnas, em 2012, indica que o diretor de estatal à época, Dimas Toledo, foi indicado ao cargo por Aécio Neves.
Em depoimentos da delação premiada, o doleiro Alberto Yousseff cita um diretor de Furnas apadrinhado por Aécio, além do nome da irmã do tucano, Andréa Neves, como intermediária das propinas de Furnas encaminhadas ao senador.
“Lembremo-nos que o Diretório Nacional do PSDB contratou um perito americano, Larry F. Stewart, por R$ 200.000,00, para produzir um laudo sobre cópias xerox da Lista de Furnas”, acrescentou Correia.
Para o deputado, a citação sobre a cópia foi feita para confundir e desqualificar a autenticidade do documento original. Outro fato que depõe contra o perito é que ele tinha sido preso em flagrante por um tribunal dos EUA por falso testemunho devido à apresentação de documentos falsos em outros processos.
Leia a nota na íntegra:
“NOTA À IMPRENSA DO DEPUTADO ESTADUAL ROGÉRIO CORREIA
“EU ME DISPONHO A FAZER UMA ACAREAÇÃO COM AÉCIO NEVES”
Ou como diriam os mineiros: “pó pará, Aécio, pó pará!”. Na defensiva, vem novamente o senador Aécio Neves tentar desqualificar a Lista de Furnas, que o coloca no centro da Operação Lava Jato, a partir da delação de Alberto Youssef. Vamos relembrar o roteiro do processo de reconhecimento da autenticidade da Lista:
LAUDO DE EXAME DOCUMENTOSCÓPICO (mecânico e grafotécnico) nº 1097/2006, elaborado pelo Instituto Nacional de Criminalística (INC), da Diretoria Técnico-Científica, do Departamento de Polícia Federal, Ministério da Justiça. Nesse laudo, a equipe de peritos analisou o documento original denominado Lista de Furnas, concluindo que não houve montagem, fraude ou qualquer outro tipo de manipulação.
O apresentante do documento original, sr. Nilton Monteiro, foi processado pelo deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA) em 2006. Em 2009 ele foi inocentado, por unanimidade, no Tribunal de Justiça de Minas Gerais, em sentença proferida pela então juíza Maria Luiza de Marilac Alvarenga Araújo (hoje, desembargadora). A razão para negar provimento à ação do deputado Aleluia está escrita lá: a lista é autêntica.
No dia 25 de Janeiro de 2012, a procuradora federal (MPF-RJ), Andrea Bayão, ofereceu denúncia contra vários operadores do “esquema de Furnas”, à época de FHC. Não por coincidência estavam lá as empresas Bauruense e Toshiba, mencionadas por Youssef, junto com o nome de Andréa Neves, no esquema de propinas que teria beneficiado o senador tucano. Dimas Toledo, denunciado pelo MPF nessa ação, foi indicado por Aécio Neves para a diretoria de Furnas. Youssef cita um diretor que seria apadrinhado pelo PP e por Aécio: só pode ser ele.
Lembremo-nos que o Diretório Nacional do PSDB contratou um perito americano, Larry F. Stewart, por R$ 200.000,00, para produzir um laudo sobre cópias xerox da Lista de Furnas. Duas lambanças. Primeiro, ao usar cópias xerox para desqualificar a autenticidade da lista original. Segundo contratar um perito que já fora preso em flagrante em um tribunal dos EUA, exatamente por falso testemunho acerca da autenticidade de documentos em outros processos.
O Diretório Estadual tucano tentou cassar meu mandato, solicitando ao Ministério Público Estadual a abertura de inquérito para apurar se eu teria participação no suposto ato de falsificação da afamada Lista de Furnas e se eu tinha usado a estrutura de meu gabinete parlamentar para isso. Foi aberto inquérito, pela Drª Raquel Pacheco Ribeiro Souza, para apurar a denúncia do PSDB. Fracassaram. O MPMG considerou, inclusive submetido ao seu Conselho Superior, após exaustivas apurações, que não se justificava o “prosseguimento das investigações, nem o ajuizamento de Ação Civil Pública” contra mim, impondo-se o “arquivamento” do Inquérito aberto. As razões: a Lista de Furnas era autêntica, inclusive sendo usada para inocentar Nilton Monteiro em outro processo e tinha o aval do INC da Polícia Federal; e, examinado o uso das verbas de meu gabinete, não restou provada qualquer participação minha em atos de improbidade administrativa. Segue, em PDF, a decisão do MPMG.
Enfim, compreendo o desespero do senador Aécio Neves. Em qualquer sistema de buscas na internet, com as palavras-chaves apropriadas, qualquer leitor pode conferir as informações acima. Desde 2011, Aécio Neves tenta cassar meu mandato parlamentar e persegue quem ousou denunciá-lo, como é o caso de Nilton Monteiro e Marco Aurélio Carone, que chegaram a ser presos ilegalmente para evitar que atrapalhassem sua campanha. Eu fui investigado à exaustão e nunca me opus a qualquer apuração. Agora é a sua vez, Aécio. Por que não se coloca à disposição da justiça? Eu me coloco à disposição para ir ao Senado e fazer uma acareação com V. EXa. Isso é muito mais consistente do que mandar notinhas inverídicas aos jornais!
Belo Horizonte, 20/03/2015
Rogério Correia – Deputado Estadual PT”
Fonte: Agência PT