Deputados repercutem manifestações de rua: diferenças abissais
As manifestações do final de semana em todo o país repercutiram nos discursos da Câmara dos Deputados na sessão desta terça-feira (17). A líder do PCdoB na Casa, deputada Jandira Feghali (RJ) avaliou as duas manifestações – do dia 13 e do domingo (15) – ao mesmo tempo em que respondeu ao líder da minoria, deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), que também falou sobre o assunto. Ela destacou que existem diferenças abissais entre as reivindicações das duas manifestações.
Publicado 18/03/2015 11:28
A deputada criticou os que foram a rua “fazer apologia à ruptura democrática, à ruptura do Estado Democrático de Direito”, com forte aparato midiático e econômico. E estendeu as críticas aos parlamentares de oposição que chamrama as manifestações de domingo de “espontâneas”.
“Não havia ninguém ali com história de luta pela democracia neste país que pudesse ser apresentado à sociedade brasileira. Havia carros de som com pessoas cantando o Hino do Exército e com torturadores reconhecidos do Dops com direito à palavra e microfone na mão. Nem por isso partidos ou políticos conseguiram ali se expressar, mesmo os da oposição”, alertou a parlamentar.
Para Jandira, “aqueles que propõem a intervenção militar e tiveram o direito de se manifestar negaram a participação de todos nós que perdemos vidas nos nossos partidos, particularmente o Partido Comunista, para dar a eles a liberdade de se expressarem e opinarem na rua, inclusive contra um governo legitimamente eleito.”
E chamou os parlamentares e a sociedade para se unir “em torno da democracia, do Estado Democrático de Direito, da defesa de um mandato legitimamente eleito pelo povo e da construção de uma ampla frente em torno de uma agenda que possa combater a corrupção e punir os corruptos, mas defender essencialmente as instituições brasileiras, a liberdade e a democracia brasileira”, bandeiras das manifestações de sexta-feira (13), convocadas pelos movimentos sociais, onde todas as lideranças, inclusive políticas, puderam se manifestar.
Sem espontaneidade
A líder comunista também alertou para o papel da grande mídia no processo de mobilização das manifestações do dia 15. “Não há nenhuma organização de passeata com dez carros de som, com faixas padronizadas no Brasil inteiro, camisetas iguais no Brasil inteiro, palavras de ordem e cobertura da mídia com o mesmo discurso sem que isso tenha sido absolutamente planejado e articulado.”
E rechaçou todas as avaliações de que as manifestações do dia 15 foram espontâneas: “Não há qualquer espontaneidade nesse movimento, mas a tentativa de desgastar, de desqualificar um governo eleito e a soberania do voto popular e de negar o combate que fazemos à corrupção e a luta que fazemos em defesa do povo e deste País.”
Esse é o teor da nota oficial divulgada pelo PCdoB, que a deputada pediu para ser registrada nos Anais da Casa. “Nós expressamos essa opinião e também a necessidade de construirmos uma ampla frente patriótica, popular e progressista para defender o Brasil, a democracia e a liberdade contra tentativas golpistas e contra esse predomínio de uma mídia que só sabe trabalhar a favor do golpe”, enfatizou Jandira.
Combate à corrupção
Para a deputada, nas duas manifestações, tanto do dia 13 como do dia 15, foi levantada a luta contra a corrupção. “Essa bandeira e essa luta não é monopólio de nenhum grupo, muito menos de grupo que se posiciona contra o governo. A luta contra a corrupção é uma obrigação de todos nós, a começar pelo financiamento empresarial das campanhas, que é uma decisão que este Congresso deve tomar”, avalia.
Jandira lembrou que “se hoje há investigação em curso, se há inquéritos instalados e denúncias a serem proclamadas, isso se deve a uma atitude ofensiva e ousada do atual governo, que não limitou a autonomia dos poderes, muito menos dos órgãos de controle e investigação no trabalho que fazem hoje com a profundidade apresentada à sociedade brasileira.”
Do Portal Vermelho
De Brasília, Márcia Xavier