Reforma política domina pauta do Senado esta semana
O Senado deve continuar, esta semana, imerso nos projetos de reforma política. A orientação do presidente da Casa, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), é que cada projeto pronto para votação seja colocado na pauta para discussão até que a reforma política vá, aos poucos e de maneira fatiada, tomando corpo.
Publicado 16/03/2015 11:45
“Nenhum dos temas obteve acordo, nenhum alcançou consenso. Por isso a orientação tem sido votar os projetos na ordem com que chegam ao Plenário”, explica o secretário-geral da Mesa, Luiz Fernando Bandeira de Mello.
A prioridade da semana deve ser a proposta que institui o financiamento público exclusivo das campanhas eleitorais. A tirar pela votação do tema na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), ocorrida em 2011, deve ser uma votação disputada.
Na comissão, o projeto teve empate em nove votos contrários e nove favoráveis, sendo decidido pelo então presidente, Eunício Oliveira (PMDB-CE), que indicou sua aprovação. Apesar de não ser obrigatória sua passagem pelo Plenário, por ser terminativo na CCJ, houve três recursos nesse sentido, e agora o texto está pronto para análise de todos os senadores.
O projeto proíbe os partidos políticos e candidatos de receberem doações em dinheiro ou estimáveis em dinheiro oriundas de pessoas físicas e jurídicas. Os recursos para as campanhas sairiam de fundo administrado pela Justiça Eleitoral que, para isso, deverá receber em ano de campanha transferência orçamentária à base de R$ 7,00 por eleitor inscrito.
Quem defende o financiamento público exclusivo diz que, além de assegurar equilíbrio econômico entre os candidatos, deixa claro quem paga a conta das campanhas. Em tese, excluir agentes privados do processo facilita a fiscalização, elimina a influência de grandes empresas nas eleições e permite que os partidos menores tenham mais recursos para fazer suas campanhas.
Os contrários à proposta argumentam que seriam favorecidos os partidos que hoje já são os maiores; não seriam coibidas as doações ilegais e esse sistema não acabaria com a prática de caixa-dois. Além disso, alegam que o dinheiro destinado a financiar campanhas eleitorais "poderia" ser usado para investir em saúde e educação, por exemplo.
Hoje, dentro de certos limites, tanto empresas quanto pessoas podem fazer doações. Além disso, cada partido recebe recursos públicos provenientes do chamado Fundo Partidário, que são distribuídos de acordo com o tamanho de cada bancada na Câmara dos Deputados.
Outros projetos
Além desse projeto de lei – cuja tramitação e votação é do tipo mais simples, porque não exige maioria absoluta nem várias sessões de discussão – há outros seis projetos na pauta do Plenário desta terça-feira (17).
Sobre a reforma política dois são projetos de lei e dois são Propostas de Emenda à Constituição (PECs), que precisam de 49 votos favoráveis e exigem cinco sessões de discussão antes do primeiro turno de votação e três antes do segundo turno.
Os projetos tratam da exigência de divulgação das receitas e despesas das campanhas eleitorais e restringe as doações para campanhas – sendo que esse último, na prática, depende do resultado da votação sobre financiamento público.
Já as duas PECs em análise, uma estabelece novos critérios para criação de partidos políticos e pode ser votada em primeiro turno na terça-feira (17), por atingir a quinta sessão de discussão; e a outra exige desincompatibilização do presidente, governador e prefeito que queiram se reeleger e deve avançar até a quinta-feira (19), quanto também chega à última sessão de discussão do primeiro turno.
Além da desincompatibilização, está na pauta de votação também o segundo turno da votação da matéria, aprovada semana passada, que restringe as coligações partidárias a eleições majoritárias (presidente, governador, senador e prefeito), vedando a associação de partidos para as disputas de deputados federais e estaduais e vereadores.
Ela deve ser votada apenas a partir da outra semana, quando completará sua terceira sessão de discussão.
Fonte: Agência Senado