Equador rechaça ataque dos EUA contra soberania da Venezuela
O Equador expressou seu profundo repúdio à decisão do presidente Barack Obama de declarar a Venezuela uma ameaça aos Estados Unidos e alertou que essa ordem executiva supõe um ataque inaceitável contra a soberania venezuelana.
Publicado 10/03/2015 12:40
“Longe de contribuir para apaziguar a sociedade e favorecer um clima de distensão, as medidas unilaterais de sanção alheias ao direito internacional atentam contra os esforços em prol do diálogo e pretendem alterar a institucionalidade do Estado venezuelano de forma antidemocrática”, advertiu a chancelaria equatoriana em um comunicado.
Para o governo liderado pelo presidente Rafael Correa, está situação é especialmente negativa que a ordem executiva fosse emitida por Obama em menos de 48 horas após a visita a Caracas de uma missão da União das Nações Sul-Americanas, a qual se reuniu com o presidente Nicolás Maduro, e com representantes de outros poderes do Estado, e da oposição.
Após listar o longo rosário de intervenções militares dos Estados Unidos na América Latina nas últimas décadas, o Equador considera que a qualificação dada pela Casa Branca à Venezuela supõe um risco grave contra a paz e a democracia na região latino-americana e caribenha.
“A imposição de sanções a terceiros como forma de pressão política e econômica vulnerabiliza os princípios de não ingerência e de igualdade entre Estados, consagrados na Carta das Nações Unidas”, recorda o texto da chancelaria. “O que aponta também que a decisão de Obama se contradiz com suas próprias declarações de qualificar o bloqueio a Cuba como uma política ineficaz”.
De acordo com o texto, a ordem executiva que retira os vistos e congela os bens de vários funcionários do governo venezuelano, por supostas violações dos direitos humanos e atos de corrupção, supõe também um atentado recorrente à presunção de inocência, ao aplicar sanções sem mediar investigação ou ordem judicial alguma.
Depois de expressar sua solidariedade com o povo e as autoridades venezuelanas frente às ações ilegítimas para minar sua institucionalidade, o governo equatoriano expressa também seu repúdio a qualquer tentativa de desestabilização da ordem interna ou externa nessa nação, sacudida há vários meses por uma onda de violência opositora.
Na sua qualidade de presidente temporário da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos, o país andino também reafirma a vigência de dois comunicados emitidos dias atrás por esse bloco regional nos quais chama a comunidade internacional a respeitar uma declaração adotada em 2014 na Cúpula de Havana que declara a América Latina e o Caribe como zona de paz.
Correa recorreu a sua conta no Twitter para criticar as ações de Obama contra a Venezuela, e considerou-as uma piada de mau gosto.
"Deve ser uma piada de mau gosto, que nos recorda as horas mais obscuras de nossa América, quando recebíamos invasões e ditaduras impostas pelo imperialismo. Entenderão que América Latina já mudou?", escreveu Correa nessa rede social onde tem mais de dois milhões de seguidores.
Fonte: Prensa Latina