Sem pagamento, professores da Ucam entram em greve no RJ
Estudantes e funcionários da Universidade Cândido Mendes (Ucam) foram às ruas na noite da última segunda (23) em defesa dos professores que estão em greve desde o dia 16 de fevereiro. De acordo com o Sindicato da categoria (Sinpro-Rio), a universidade está em atraso com os salários dos docentes e não paga o FGTS há anos.
Publicado 26/02/2015 14:30
Esta não é a primeira vez que os professores da Ucam passam por dificuldade para receber o salário. O aluno de Direito, Ian Angeli, lembra que em 2006 os professores ficaram em greve durante três semanas pelo mesmo motivo. Já em 2007, a paralisação durou sete dias.
“Nós, alunos, entendemos que o que os professores estão reivindicando é uma causa mais do que justa. Realmente é complicado trabalhar com cinco, três meses de salários atrasados, além de atraso no décimo terceiro salário, férias e outros benefícios. Esperamos que depois essas aulas sejam repostas e que não haja prejuízo para os alunos” disse o estudante.
Segundo a Presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Vic Barros, os problemas na Ucam estão diretamente vinculados à mercantilização da educação, que prioriza o lucro e não a qualidade e os direitos dos estudantes. O próprio Cândido Mendes foi citado no relatório aprovado pela CPI das Universidades Privadas da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (AleRJ), sob forte pressão da União Estadual dos Estudantes do Rio de Janeiro (UEE-RJ) e da UNE. “Os problemas dos professores atingem diretamente os estudantes, pois eles são parte imprescindível de uma educação de qualidade, por isso somos solidários”, disse.
O reitor da universidade Cândido Mendes assumiu que cerca de 40% dos professores estão com salários atrasados, mas alegou que a inadimplência, que beira os 25%, é a maior responsável pela situação. Cândido explicou ainda que a direção da instituição montou uma comissão de negociação com os professores para que os vencimentos sejam quitados.
Apesar do reitor colocar a inadimplência como principal causa desta crise, a presidenta da UEE-RJ, Tayná Paolino, lembra que há mais de um ano foi aprovado na AleRJ o relatório da CPI do Ensino Superior privado que indicia o dono da Ucam e denuncia a forma como as decisões financeiras e acadêmicas são feitas nas universidades.
“A universidade continua indo contra a lei para fazer com que se mantenha os lucros em detrimento da qualidade da educação. Nós estaremos juntos até que todos os professores tenham seus direitos respeitados, seus salários devolvidos e sua profissão valorizada, pois é imprescindível um professor empoderado e motivado”, disse.
A situação na Ucam poderia ser resolvida, segundo Tayná, caso o congresso nacional aprovasse a criação do Instituto Nacional de Supervisão e Avaliação da Educação Superior (Insaes), órgão que fiscalizaria as instituições públicas e privadas de ensino de todo país. Os congressistas, no entanto, vêm adiando a votação há meses. ”Queremos solução imediata, e essa é o pagamento integral dos salários, depósitos do INSS E FGTS e transparência e participação nas decisões da instituição”, finalizou.
Fonte: UNE