Dirceu rebate Youssef: “Declarações são mentirosas”
“As declarações são mentirosas”, rebateu por meio de nota divulgada nesta quinta-feira (12), o ex-ministro José Dirceu, sobre as declarações do doleiro Alberto Youssef de que teria recebido recursos ilícitos do empresário Julio Camargo, da Toyo Setal.
Publicado 12/02/2015 17:17
“Julio Camargo possuía ligações com o Partido dos Trabalhadores, notadamente com José Dirceu e Antonio Palocci”, disse Youssef que, apesar de fazer uma série de ilações contra Dirceu, não apresentou provas documentais de suas afirmações nem explicou como teria conhecimento da eventual participação de Dirceu no recebimento dos recursos, segundo consta registrado no termo da delação.
Em nota, Dirceu afirma que nunca representou o PT em negociações com Julio Camargo ou com qualquer outra construtora. “As declarações são mentirosas. O próprio conteúdo da delação premiada confirma que Youssef não apresenta qualquer prova nem sabe explicar qual seria a suposta participação”, enfatiza José Dirceu.
De fato, sem documentos para provar suas afirmações, Youssef tenta justificar as acusações dizendo ter “convicção de que os valores eram destinados ao Partido dos Trabalhadores e à diretoria de Serviços da Petrobras, na pessoa de Renato Duque”. Pergunto: desde quando convicção pode ser considerada prova?
Mas quando se trata da entrega do dinheiro, Youssef consegue lembrar com mais precisão. Disse que o dinheiro – R$ 27 milhões – era entregue nos escritórios de Camargo, entre meados de 2005 a meados de 2012. Disse que eram “pagamentos devidos ao Renato Duque e, provavelmente, a outros empregados da diretoria de Engenharia e Serviços, referente à comissionamentos das obras feitas pela Camargo Corrêa e a Mitsui Yoyo”. Provavelmente?
Um dos funcionários, segundo Youssef, era Pedro Barusco, que também fez acordo de delação premiada.
Sigilo vazado
As declarações de Youssef foram feitas durante depoimento do doleiro prestado à força-tarefa da Lava Jato em “caráter sigiloso” em 10 de outubro passado. O conteúdo, no entanto, vazou seletivamente em 22 de janeiro, após a Justiça do Paraná ter determinado a quebra do sigilo bancário e fiscal de Dirceu. Nesta quinta (12), com a retirada do sigilo dos depoimentos de Yousseff e Paulo Roberto Costa, pelo juiz Federal Sergio Moro, o conteúdo foi oficialmente divulgado.
Novamente sem apresentar uma prova sequer, o doleiro disse não saber sobre valores que teriam sido repassados a Dirceu, mas contou que o ex-ministro, depois de deixar o governo, utilizou o jato Citation Excel que pertence ao lobista Julio Camargo. “Não sabe dizer quantas vezes o avião foi utilizado por José Dirceu e nem a razão do uso. Mas pode afirmar que Julio Camargo e José Dirceu são amigos”, registrou o termo de delação do doleiro.
Dirceu, por sua vez, esclarece que, depois que deixou a chefia da Casa Civil, em 2005, “sempre viajou em aviões de carreira ou por empresas de táxi aéreo”.