Rossetto: O movimento social é fundamental para aprofundar mudanças

A 9ª edição da Bienal da UNE bateu recordes de estudantes e trabalhos inscritos, num momento onde os movimentos sociais se articulam para ganhar as ruas, a UNE abre o período de mobilizações com grandes debates, o primeiro foi sobre Reforma Política.

Ministro Miguel Rossetto na Bienal da UNE - Mídia Ninja

O seminário Reforma Política e Participação Popular: Como avançar a democracia brasileira aconteceu durante toda a segunda-feira (2). Várias autoridades políticas e líderes dos movimentos sociais participaram, entre ele o ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Miguel Rossetto; a deputada federal do PCdoB Luciana Santos; o membro da OAB, Aldo Arantes; o dirigente nacional do MST, João Pedro Stédile; entre outras lideranças sindicais.

O ministro Miguel Rossetto falou que é preciso mudar a estrutura estatal, herdada de um Estado autoritário e machista e de uma República construída com o massacre dos pobres, negros e camponeses, e citou como exemplo as revoluções reprimidas de Canudos, da Chibata e do Contestado.

“Nós temos que repensar o processo de financiamento. A experiência do financiamento empresarial é o grande instrumento construtor da corrupção entre o setor privado e a estrutura política brasileira, que nós não queremos para o nosso país. A estrutura de poder político de uma democracia tem como base o povo e, portanto, é também o povo que tem que financiar o processo democrático no país”, disse.

Para Rossetto, a energia e a vontade politica da juventude é “impressionante” e “entusiasma”. “Há uma agenda que vem sendo debatida aqui pela UNE, que é a agenda da reforma política, que avance na qualificação da democracia do nosso país, o Brasil fica mais bonito com essas manifestações da nossa juventude e da UNE”, destacou.

Rossetto afirmou que o papel do movimento social é fundamental para aprofundar as mudanças políticas, sociais e econômicas colocas em curso há 12 anos no país. Ressaltou também o papel do Brasil nos processos progressistas em desenvolvimento na América do Sul e no mundo.

“O Brasil quer abrir a sua democracia, ele quer abrir o debate político para uma maior participação de toda a sociedade e com isso criarmos maior legitimidade nas grandes decisões que vão construir um Brasil cada vez mais solidário e justo”, afirmou.

A presidenta da UNE, Virgínia Barros, destacou como fundamental o interesse do governo em estimular a participação social no debate sobre a reforma política. Segundo a líder estudantil, não se constrói governança sem diálogo.

“É através do diálogo que nós vamos conseguir enriquecer as propostas para um debate tão importante para o aprofundamento da democracia no Brasil como é a reforma política. É assim que nós buscamos interferir nesse debate para que a gente consiga aperfeiçoar a representação política do país”, analisou.

Fim do financiamento privado de campanha

Durante todo o seminário foi possível perceber que a principal preocupação dos estudantes é o financiamento privado das campanhas eleitorais, esta questão foi lembrada constantemente nas intervenções dos participantes. E também foi consenso entre os demais palestrantes do dia. A necessidade de uma Constituinte exclusiva para debater a reforma política e plebiscitos populares também foram pautas dos estudantes.


Luciana Santos, deputada federal do PCdoB | Foto: UNE
 

A deputada federal Luciana Santos participou da mesa sobre construção de um modelo democrático para o financiamento de campanhas e defendeu a importância de fortalecer as instituições públicas para combater interesses privados. Ressaltou ainda a frase utilizada pelos participantes do seminário: “se empresa não vota, por que financia?”.

A mesa que debateu eleições, soberania popular e sistema proporcional contou com a presença de dirigentes da Marcha Mundial das Mulheres, da CUT, da OAB e do MST. João Pedro Stédile denunciou que grupos conservadores “sequestraram” a pauta do país e que a representação atual do Congresso Nacional não contempla a reforma política defendida pelos movimentos sociais.

Aldo Arantes foi enfático ao afirmar que a reforma política só vai ser conquistada se a população de fato se mobilizar e tomar as ruas. “Sem o povo na rua não vai sair”, disse.

Já Rosane Bertotti, da CUT, associou a reforma política à democratização dos meios de comunicação. “Para fazer o debate das ideias precisamos mudar também o sistema de concessões à mídia no Brasil”.

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Do Portal Vermelho, 
Mariana Serafini, com agências