Renato Rabelo: Esquerda consequente deve estar preparada para 2015
“Resistir, mobilizar e interpretar devem ser as palavras de ordem para dar conta da atual conjuntura, que se mostra acirrada e de forte ataque conservador”, esse foi o diagnóstico apresentado por Renato Rabelo, presidente nacional do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), durante gravação do programa Palavra do Presidente, ao refletir sobre a atual conjuntura e o embate político em curso para 2015.
Joanne Mota, da Rádio Vermelho
Publicado 03/02/2015 19:56 | Editado 13/12/2019 03:30
Ao apresentar um resumo da disputa em curso, Renato Rabelo alertou que entender a realidade é fundamental para defender o país de um golpe conservador. “Precisamos estar atentos às diversas tentativas de golpe em curso que buscam, objetivamente, desestabilizar o governo. Não nos furtaremos da crítica, não deixaremos de lutar por mais conquistas e nem de – junto com o governo – construir um país mais desenvolvido e menos desigual, mas temos ciência de quem é o nosso real inimigo”.
Ao enumerar as armas utilizadas pelo campo conservador, o líder nacional do PCdoB foi imperativo, “a unidade das forças progressistas e a mobilização ampla do povo é o caminho para garantir a construção de um governo agente do desenvolvimento e da inclusão social”.
Ao mostrar a que ponto a direita conservadora pode chegar para impedir a continuidade do governo Dilma, Renato Rabelo criticou as últimas declarações de Fernando Henrique Cardoso. Em artigo publicado nesta primeira semana de fevereiro, o ideólogo tucano afirmou que desta vez os militares não devem ser mais os agentes da mudança – mas sim o Poder Judiciário. “Uma declaração aberta, uma tentativa clara de um golpe, através da Justiça, contra um governo eleito pelo povo. Veja a que ponto o cinismo da direita chegou”, disparou Renato.
Ele ainda citou o artigo do jurista Ives Gandra da Silva Martins, publicado no Jornal Folha de S. Paulo, nesta terça-feira (3), no qual expõe uma ‘hipótese de culpa para o impeachment’. Renato alerta: “Esse movimento da direita não tem outro objeto senão tornar a disputa mais acirrada, blindar o verdadeiro inimigo e garantir as condições objetivas para volta do projeto conservador”.
Congresso Nacional
Ao comentar as eleições das Casas Legislativas (Câmara e Senado), o presidente nacional do PCdoB identificou alguns nós que precisarão ser desatados.
Sobre o Senado, Renato destacou que, de alguma maneira, há uma convergência entre a Casa e o governo Dilma. No entanto, no caso Câmara Federal, o novo presidente eleito representa uma tendência extremamente conservadora e que deve deixar alerta o campo que luta pelas reformas estruturais e democráticas.
“A atual realidade da Câmara dos Deputados, eleita em 2014, convoca a todos e todas para o que está em jogo nessa luta. Estamos diante de um Congresso de maioria conservadora, com um líder conservador. Avançar nas mudanças e garantir as reformas estruturais só será possível com a clara interpretação da realidade, com pressão social e, sobretudo, com a unidade da esquerda consequente”, reafirmou.
Desse modo, complementa Renato, “a unidade das forças na atual conjuntura é central para barrar o avanço da onda conservadora e reacionária. A história mostrou do que essa onda é capaz, o Brasil já mergulhou em mares escuros, com graves consequências para a nação e para seu povo.
Somente tendo clareza do nosso real inimigo, garantiremos que o Brasil siga no rumo das mudanças”.
Canto da sereia
Indo além e desnudando a estratégia da direita conservadora, Renato Rabelo voltou a denunciar o papel da mídia hegemônica e convocou a sociedade organizada para barrar esse monopólio.
“Precisamos ter clareza do que está por trás do discurso do consórcio oposicionista [sistema financeiro, mídia e as elites conservadoras]. Não podemos nos enganar, o segundo mandato da presidenta Dilma Rousseff começa em um cenário bastante adverso, tanto do ponto de vista interno, como do ponto de vista externo”, esclareceu Renato.
O líder comunista ainda destacou que os fatores objetivos devem ser entendidos e traduzidos para as forças populares e progressistas para que, assim, possamos fertilizar as condições subjetivas que balizarão a luta.
“A disputa em curso e o seu acirramento teve grande impulsão nas eleições de 2014. O resultado alcançado por Dilma, nesse sentido, se revestiu de grande significância, pois levou a mais uma derrota do projeto conservador. Essa vitória foi fruto, justamente, da unidade das forças de esquerda, que naquele momento interpretaram a realidade, entenderam o papel do consórcio oposicionista e responderam aos ataques. Agora, a situação não e diferente”, esclareceu Renato ao final de sua reflexão.