Inaugurada sede do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamento

Com a presença do Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebelo, e do Secretário da Ciência e Tecnologia e Ensino Superior do Ceará, Inácio Arruda, foi inaugurada na última segunda-feira (02/02) a nova estrutura do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM) da UFC.

O NPDM será o primeiro núcleo de pesquisa no País a atuar em todas as etapas da cadeia de desenvolvimento de medicamentos, desde a síntese da molécula, passando por testes com animais, até alcançar a etapa final de pesquisa com seres humanos.

A nova estrutura do NPDM conta com 10 mil m² e abrigará 28 laboratórios para pesquisas toxicológicas e farmacológicas, estrutura hospitalar com 64 leitos para testes de novos medicamentos em voluntários sadios e pacientes e 14 ambulatórios. O NPDM contará ainda com Biotério, que será entregue em junho, para realização de testes em animais. Foram investidos R$ 17 milhões para a construção do Núcleo, financiado pelo BNDES, Ministério da Saúde e Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

O projeto levou 10 anos para ser realizado. Durante seu discurso, o Prof. Odorico Moraes, coordenador do NPDM, lembrou das inúmeras dificuldades que enfrentou ao longo desse meio tempo para executar o projeto. “Alguns colegas passaram a me chamar de Dom Quixote do Nordeste”, disse o pesquisador, que se emocionou duas vezes em seu discurso.

“Certa vez, ao apresentar o projeto em uma conferência para a indústria farmacêutica, me foi indagado porque esse projeto estava sendo construído aqui no Ceará. Minha resposta foi tão somente mostrar que havia conosco um grupo de pesquisadores competentes e comprometidos com os objetivos do NPDM para torná-lo exitoso”, relatou.

Odorico lembrou que a Unidade de Farmacologia Clínica da UFC foi a pioneira no Brasil na realização de estudos de biodisponibilidade com medicamentos. “Nossos estudos de bioequivalência foram responsáveis pelo registro de mais de 150 medicamentos genéricos no Brasil. Os ensaios clínicos com fitoterápicos permitiram o registro de 32 medicamentos. Além desses, 81 estudos fase 1, 2, 3 e 4 complementam nosso portfólio de trabalho para a indústria. Por outro lado, as pesquisas farmacológicas não clínicas dos nossos professores completam a cadeia necessária para atender a demanda da cadeia da indústria farmacêutica brasileira”, disse.

O pesquisador lembrou que o Brasil importa 93% de todos os insumos necessários para a fabricação de medicamentos, o que provoca um déficit aproximado de US$ 10 bilhões por ano. “Temos de diminuir o mais rapidamente possível a dependência externa do setor. Por isso acreditamos que a estratégia do Governo seja fortalecer os grupos de pesquisa que tenham potencial para contribuir para alavancar a indústria farmacêutica”, avaliou. Para o Prof. Odorico, o NPDM deverá atuar em parceria com o setor produtivo, estimulando a nucleação de indústrias e ajudando a consolidar um polo farmacêutico no Estado.

Defesa da Saúde Pública

“Vejo o NPDM como uma trincheira em defesa da saúde pública no Brasil, como uma grande e importante contribuição à busca de descobertas que levem à cura e prevenção de doenças da nossa população”, destacou o Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebelo. “Vejo também como contribuição importante à defesa da economia do Brasil. Despendemos por ano de US$ 9 a 10 bilhões e isso é responsável por conta importante de desequilíbrio na balança de serviços do Brasil”, disse Rebelo. Ele participou da solenidade ao lado do novo secretário estadual da Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Inácio Arruda.

O Ministro deu especial ênfase à necessidade de buscar soluções não apenas para as questões que preocupam a indústria farmacêutica mundial, mas também para aquelas que dizem respeito a doenças tropicais.

“Duvido que algum grande laboratório se preocupe em pesquisar Malária e Doença de Chagas”, disse. Ele lembrou que, até poucos anos, a Doença de Chagas matava mais pessoas no Brasil do que o HIV, apesar de chamar menos a atenção da sociedade. “A UFC está de parabéns”, completou. “O Brasil está melhor preparado para enfrentar um mundo muito desigual no campo da Ciência, Tecnologia e Inovação”.

Conquistas

Encerrando a solenidade, o Reitor da UFC, Prof. Jesualdo Farias, disse que o NPDM é a resposta da universidade pública aos “desafios urgentes colocados pelo mercado de medicamentos brasileiro, ainda extremamente dependente dos produtos e matérias-primas importados”. Ele lembrou que o NPDM foi o primeiro núcleo do País a cobrir todas as fases do processo de desenvolvimento de novos medicamentos, bem como o primeiro a tratar com a questão dos medicamentos genéricos.

Lembrando o aniversário de 60 anos da UFC, o Reitor aproveitou para fazer um balanço das conquistas da Universidade, como os esforços com vistas a melhorias em pesquisa e inovação. Também recordou o aumento do quadro de professores doutores – que já ultrapassam 1.400 na Universidade –, bem como a criação de 26 doutorados e 25 mestrados apenas nos últimos sete anos. Citou ainda o crescimento do orçamento da Universidade, bem como o aumento dos investimentos nas estruturas de pesquisa e inovação. “Eles foram decisivos para colocar esta Universidade em posição de destaque nacional e internacional”, disse.

O Reitor destacou o funcionamento de quatro Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia nos campi da UFC, bem como os vários laboratórios de referência nacional, que contam com apoio de empresas de grande porte nacional e multinacionais, como Petrobras, LG, Eletrobras, Lenovo, HP e Hitachi. “O momento é de celebração e também de reconhecimento”, disse.

Fonte: Portal da UFC