Cuba preocupada com a educação e emprego dos jovens
Cuba tem demonstrado que estabelecer políticas para elevar o nível de educação e a formação dos jovens poderia ser uma das soluções aos problemas gerados pela crise deo trabalho a nível mundial.
Publicado 17/01/2015 15:10
Esse é o país do mundo cuja maior parte de seu Produto Interno Bruto (PIB) investe na educação com 13%, distribuído entre os diferentes níveis e modalidades de ensino e em uma estratégia na qual a formação de crianças, adolescentes e jovens é prioridade.
Devido a uma ampla oferta de continuidade de estudos, hoje a ilha mostra um ínfimo índice de desvinculados do ensino depois do Ensino Médio.
De 2011 até 2014 392 mil 165 adolescentes se formaram no nível secundário, dos quais apenas dois mil 341, por decisão própria, descontinuaram sua formação profissional, segundo dados do Centro de Estudios de la Juventud (CEJ).
Ainda assim o sistema cubano oferta múltiplas opções para que retomem seus estudos, aprendam algum oficio ou se insiram no mercado de trabalho.
Na política de desenvolvimento do país os jovens sempre ocuparam um lugar importante, afirma a especialista em trabalho da instituição, María Josefa Luís, que acrescenta que historicamente o Estado assumiu a responsabilidade de formar e proporcionar emprego a esse grupo social.
Durante os últimos cinco anos Cuba reformou o sistema de educação de maneira que satisfaça as demandas da atualização de seu modelo econômico.
A principal transformação foi a elaboração de mecanismos que orientem os estudantes para profissões que apoiem as demandas do estado, e favoreçam elevar os níveis de produção.
Para isto se fomenta o ensino técnico e de oficios apesar de serem as modalidades mais caras para o país pela quantidade de insumos e recursos requeridos para uma adequada instrução, explicou o CEJ.
Esta estratégia dá aos jovens as ferramentas para ocupar espaços deprimidos do mercado trabalhista estatal, como a agricultura ou a construção, e também lhes dá a possibilidade de se contratarem ou autoempregarem na modalidade de trabalho por conta própria.
Ainda que ficam nós por desatar, a experiência cubana é a prova de que uma força de trabalho mais instruída responde melhor às medidas que podem ser adotadas para reanimar a economia individual e a de um país.
No entanto, este ponto de vista foi esquecido em outras partes do mundo na hora de estabelecer os mecanismos para lidar com a crise econômica e a consequente crise do trabalho dos últimos anos.
Hoje, apesar da população entre 10 e 24 anos representar um quarto dos habitantes do planeta, são esses os mais vulneráveis à pobreza e ao desemprego.
Segundo as Nações Unidas em 2014 a taxa mundial de desemprego dos jovens chegou a 60%, estando 40% da população total em desemprego. Isto significa que atualmente há 73,4 milhões de jovens que não têm como se manter economicamente, o que faz com que a comunidade internacional esteja quase obrigada a refletir sobre as estratégias reais e viáveis para reverter a situação em um futuro próximo.
Cálculos do Banco Mundial mostram que para garantir o acesso da crescente população ativa ao mercado de trabalho deverão ser criados 600 milhões de postos antes de 2030.
Ainda assim o orçamento do estado dedicado aos programas educacionais e sociais é cada vez mais reduzido pelos constantes recortes e medidas para contrarrestar a crise econômica global, enquanto as oportunidades de desenvolvimento profissional nos países pobres ou dependentes são quase inexistentes.
Preocupa o fato de que, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), um quarto das pessoas entre 15 e 29 anos de idade estejam desvinculadas do estudo e do trabalho.
Este consideravelmente alto número de jovens são chamados de "geração nem-nem", porque nem estudam nem trabalham, e depois de estarem por um longo tempo em desemprego só encontram ocupações temporárias, mal pagas e inseguras.
A subeducação e a supereducação são outras das caras desta crise de emprego que afeta indistintamente os governos apesar de sua situação econômica.
De acordo com estudos da OIT, nos países mais desenvolvidos, é comum que existam profissionais ocupando empregos para os quais estão superqualificados, enquanto nos menos favorecidos economicamente os baixos níveis de educação reproduzem a dependência aos empregos inseguros.
Nestes lugares, uma parte importante da população ativa menor de 30 anos, devido a sua escassa formação, não tem outra alternativa que aceitar empregos vulneráveis na economia informal.
Por outra parte, estudos dessa organização demonstraram que os jovens com educação média têm maiores oportunidades de encontrar um emprego seguro e formal.
A mesma fonte acrescenta que a falta de ensino é alimentada pela pobreza, já que muitos abandonam a escola porque não têm dinheiro suficiente e precisam trabalhar para ajudar suas famílias.
Esta situação transmite o problema de uma geração a outra, já que os trabalhadores menos preparados, que em consequência subsistem com cada vez menores salários, não têm os recursos para garantir a escolarização de seus filhos.
O analfabetismo é outra marca que ensombrece este panorama, pois ainda existem países onde a proporção de jovens sem educação formal é tão alta como um em cada dois jovens, segundo a OIT.
"Continuar empurrando os jovens com um nível de estudos baixo, pouco qualificados no mercado de trabalho é uma situação que não beneficia ninguém, nem aos jovens que continuam destinados a viver uma existência precária baseada no emprego vulnerável, nem a economia que obtém poucos ganhos em termos do aumento de seu potencial de produtividade", advertiu Theo Sparreboom especialista da OIT.
Hoje é válido por parte dos dirigentes de cada país repensar se as opções que dão à população jovem e assumir alternativas que realmente possam lhes proporcionar uma subsistência segura e digna.
Fonte: Prensa Latina