Iniciada a primeira Travessia Antártica por equipe brasileira
A deputada Jô Moraes (PCdoB-MG) recebeu carta do cientista e glaciologista, Jefferson Simões, com notícias sobre a primeira Travessia Antártica, que deu início as atividades do Programa Antártico Brasileiro (Proantar), na região polar, no último dia cinco. Ele explica que a expedição demonstra o amadurecimento do programa.
Publicado 14/01/2015 15:59
Na carta, o professor agradece o apoio da Frente Parlamentar em Prol do Proantar e à deputada pela ajuda no desenvolvimento dos trabalhos da equipe brasileira no continente gelado.
“Estamos tentando manter um ritmo de trabalho, acordar às 8 horas, ter um café reforçado e irmos para o trabalho. Por enquanto, o vento tem sido leve (10 a 15 nós), o que permite fazermos nosso trabalho sem muito sofrimento, pois ventos mais fortes fazem com que a sensação térmica rapidamente despenque para 30 graus celsius negativos ou abaixo, o que torna sofrido qualquer trabalho em área desprotegida”, diz o relato do explorador.
O grupo de quatro pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) saiu da geleira Union, ponto de partida de uma travessia de três semanas e 1,4 mil quilômetros pelo interior da Antártica, a bordo de caminhonetes adaptadas à neve. O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) financia a expedição.
Objetivo da expedição
Segundo Jefferson Simões, líder da equipe, trata-se da primeira travessia científica brasileira na parte central do continente gelado. "Essa missão requer uma preparação logística que demonstra o amadurecimento do Programa Antártico Brasileiro (Proantar)", avalia o pesquisador, que é diretor do Centro Polar e Climático da UFRGS e coordenou a elaboração do plano de ação Ciência Antártica para o Brasil, lançado em maio e válido até 2022.
No trajeto, previsto para durar até o fim de janeiro, o grupo planeja coletar amostras de neve e gelo. O objetivo é gerar dados para avaliar impactos da ação humana sobre a atmosfera nos últimos 50 anos, como a presença de substâncias poluentes na superfície do continente, além de mapear e preparar o local para a instalação do módulo científico Criosfera 2, estrutura similar ao Criosfera 1, primeira plataforma de pesquisas do Brasil no centro da Antártica.
Simões explica que uma das frentes da pesquisa busca conferir se há certos tipos de fuligem depositados no interior do continente. "Já existe algum transporte de subprodutos de queimadas de florestas, como o carbono negro, entre a América do Sul e a Antártica? Nós não sabemos", diz.
"A questão é: será que chega? E se chegar, a proporção é danosa, qual é a proporção? O que mais preocupa a comunidade glaciológica é que isso escurece a superfície e pode mudar a proporção de energia refletida de volta e aumentar o aquecimento. O manto de gelo absorveria mais calor e, assim, derreteria mais", explica o pesquisador polar.
De Brasília
Márcia Xavier
Com informações do MCTI