Flávio Dino: Maranhão no século 21
O Estado sofreu muito com as graves consequências do coronelismo. Com o potencial que temos, vamos colocar o Maranhão no século 21. O Maranhão atravessou todo o século 20 sofrendo as graves consequências do patrimonialismo e do coronelismo, em uma proporção que nenhuma outra unidade da nossa Federação jamais viveu.
Por Flávio Dino*
Publicado 14/01/2015 10:29
O resultado mais nítido desse ciclo é conhecido de todo o Brasil: os piores indicadores sociais do país, produtos desse amálgama entre regime oligárquico tardio e uma desastrada “modernização” baseada em enclaves econômicos.
Desde 1º de janeiro, nosso desafio é virar essa página, fazendo com que o Maranhão seja capaz de gerar um ciclo de direitos que cheguem até a casa de todos. Para isso, o passo inicial é afirmar um novo projeto de desenvolvimento, baseado na alta qualidade das despesas públicas e na ampliação dos investimentos privados.
Visando garantir a concretização dessas metas, adotamos, no primeiro dia de governo, medidas como a criação da Secretaria de Transparência e Controle e do Conselho Empresarial do Maranhão (há que se frisar: sem a criação de um único cargo público a mais).
A Secretaria de Transparência e Controle funciona nos moldes da CGU (Controladoria-Geral da União), com uma atuação preventiva –no que se refere aos gastos do novo governo– e investigativa, no tocante aos diversos e gravíssimos indícios de mau uso do dinheiro público no Maranhão.
Apenas para citar o caso mais recente, lembro as transações entre o doleiro Alberto Youssef e o governo do Maranhão, envolvendo cifras superiores a R$ 100 milhões.
Já o Conselho Empresarial do Maranhão reúne o governador e os secretários com as principais entidades empresariais do Estado, com pautas voltadas à remoção dos entraves para a ampliação da atividade econômica no nosso território. Vinculadas ao conselho, criamos as câmaras setoriais das principais cadeias produtivas aqui instaladas ou para as quais somos vocacionados.
Temos a expectativa também da retomada vigorosa de um importante projeto nacional hoje em ritmo lento: o Centro de Lançamento de Alcântara, que queremos transformar, com políticas complementares, em um polo de geração e irradiação de tecnologia para o desenvolvimento do nosso Estado.
O Maranhão tem vantagens competitivas únicas, tais como o complexo portuário brasileiro mais próximo dos grandes mercados consumidores do planeta, energia e água abundantes. Chegou a hora de usar esse patrimônio a favor do povo maranhense.
Nesses primeiros dias de governo, além de organizar o caos administrativo reinante, uma causa tem mobilizado todos os nossos esforços: a educação. Lançamos o programa “Escola Digna”, para eliminar as escolas de taipa e palha no Maranhão, e vamos implantar uma rede estadual de educação profissional em tempo integral, já começando neste ano de 2015.
Trilhando esse e outros caminhos, com o enorme potencial que temos, tenho a convicção de que –nos próximos anos– vamos finalmente colocar o Maranhão no século 21. E com isso pretendemos contribuir para a recuperação da grandeza da política.
A política que é indignada com a injustiça. A política feita com honestidade, que não é um fim em si mesma, mas um instrumento para melhorar a vida das pessoas. A política sem preconceitos, quando é hora de escolher a política pública mais eficiente. A política que respeita as divergências, mas acredita na união em torno dos grandes desafios de um povo.
*É advogado e governador do Estado do Maranhão. Foi presidente da Embratur (governo Dilma), juiz federal e deputado federal pelo PCdoB