Retrospectiva 2014: As sete eleições presidenciais na América Latina
A América Latina é formada por 20 países e possui mais de 600 milhões de habitantes. Em 2014, a região passou por sete eleições presidenciais. Relembre cada uma delas e confira como ficou a conjuntura geopolítica do continente nesta retrospectiva preparada pelo Portal Vermelho:
Publicado 31/12/2014 13:04
Costa Rica
A Costa Rica realizou eleições presidenciais no dia 2 de fevereiro. O pleito deu a vitória ao historiador Luis Guillermo Solís Rivera, do Partido Ação Cidadã, que chega pela primeira vez ao poder. Ele tomou posse no dia 8 de maio para um mandato de quatro anos, depois de vencer no segundo turno o candidato apoiado pela ex-presidenta, Laura Chinchilla, do conservador Partido Liberação Nacional. Johnny Araya decidiu abandonar a campanha após não emplacar nas pesquisas.
El Salvador
Em El Salvador, quem venceu após dois turnos – o primeiro também 2 de fevereiro e o segundo em 9 de março – foi Salvador Sánchez Cerén da Frente Farabundo Martí para Libertação Nacional (FMNL), mesma legenda do atual presidente, Mauricio Funes. De acordo o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE), ele teve 50.11% (1.495.815 votos), enquanto o segundo colocado, Norman Quijano, do partido Aliança Republicana Nacionalista (Arena), teve 49.89% (1.489.451 dos votos).
O pleito consagrou a continuidade da esquerda no poder, dando um segundo mandato à antiga guerrilha FMLN, convertida em partido político. O ex-presidente Maurício Funes passou a faixa para Salvador Cerén, seu vice e ministro da Educação, no dia 1 de junho.
Panamá
No Panamá, onde não há segundo turno, a população trocou um governo de direita por outro também de matiz conservadora. No dia 4 de maio, o ex-vicepresidente Juan Carlos Varela foi eleito com 724.762 (39,1%) votos pela aliança El Pueblo Primero. Companheiro de chapa do ex-presidente Ricardo Martinelli, do partido Cambio Democrático, ele derrotou o candidato apoiado pelo governo, José Domiungo Arias, e o concorrente do esquerdista Partido Revolucionário Democrático, o ambientalista Juan Carlos Navarro, que fez 28,1% dos votos.
Colômbia
O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, foi reeleito em segundo turno no dia 15 de junho, após uma acirrada disputa contra o opositor Óscar Zuluaga – candidato do ex-presidente Álvaro Uribe. O presidente reeleito obteve 50,95% dos votos no segundo turno, no dia 25 de junho, contra os 45% obtidos por Zuluaga.
O que estava em jogo no país era a continuidade das negociações de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Apesar de ser um representante de centro-direita, no quadro político colombiano, no nível em que a batalha eleitoral se desenvolveu, e considerando a conjuntura, sua reeleição pode ser considerada um fato positivo para o desenvolvimento da luta política e social no país e para toda a América Latina.
O processo de paz na Colômbia foi iniciado pelo governo de Santos em 2012 e enfrenta forte oposição no grupo político de Uribe, que é contrário a qualquer concessão à guerrilha. Um eventual triunfo do candidato da extrema direita, senhor de guerra e belicista, Óscar Zuluaga, ponta de lança do ex-presidente Uribe, paralisaria as negociações de paz, já bastante avançadas, entre o governo colombiano e as Farc.
Brasil
No dia 26 de outubro, os brasileiros reelegeram Dilma Rousseff (PT) com 54.501.118 de votos, derrotando Aécio Neves (PSDB), que recebeu 51.041.155. O país viveu uma disputa eleitoral acirrada e um reagrupamento da direita em torno de uma campanha para derrotar o avanço das forças progressistas.
Por fim, a presidenta foi reeleita de forma democrática e a maioria dos cidadãos optou pela continuidade, sendo esta a quarta vitória consecutiva da esquerda – processo iniciado com a conquista da Presidência por Luiz Inácio Lula da Silva em 2002.
Bolívia
No dia 12 de outubro, o presidente Evo Morales, do Movimento ao Socialismo, conquistou seu terceiro mandato na Bolívia, com 61,04% dos votos, garantindo o comando até 2020, após derrotar o opositor Samuel Doria Medina, da Unidade Nacional, que obteve apenas 24,49% dos votos. Apesar da corrida eleitoral ter tido 12 partidos, nenhum dos candidatos teve força política suficiente para bater de frente com o atual presidente.
Eleito pela primeira vez em 2005, Evo Morales governou até dezembro de 2009, tendo sido reeleito com 64,22% dos votos para um novo mandato, que começou em janeiro de 2010. Contudo, como em janeiro de 2009 a nova Constituição do país entrou em vigor, definindo a Bolívia como um Estado Plurinacional, em respeito às nações indígenas, o presidente ganhou o direito de disputar mais uma eleição.
"Na América Latina, há uma rebelião democrática, ideológica, acompanhada por programas progressistas”, disse Evo Morales, em uma entrevista à agência Ansa ao comentar a onda de vitórias eleitorais de esquerda no ano de 2014.
Uruguai
O ano eleitoral na América Latina se encerrou com a vitória da Frente Ampla no Uruguai, que, no dia 30 de novembro, no segundo turno, elegeu o ex-presidente Tabaré Vázquez como futuro mandatário do país. Na disputa com o conservador Luis Lacalle Pou, do Partido Nacional, Vázquez conquistou 1.226.105 (56,62%) votos.
Théa Rodrigues, da redação do Portal Vermelho
Com informações do Sul21 e de agências de notícias