Rubens Paiva ganha busto em estação de metrô do Rio
O ex-deputado e engenheiro Rubens Paiva, assassinado por militares na ditadura e cujo corpo continua desaparecido, foi homenageado nesta sexta-feira(12) no Rio de Janeiro com a inauguração de um busto na estação de metrô que tem o nome dele, na zona norte da capital fluminense.
Publicado 13/12/2014 11:21
Outro busto foi inaugurado em outubro, na praça em frente ao quartel do 1º Batalhão de Polícia do Exército, onde funcionava o antigo Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), na Tijuca, zona norte, onde ele foi torturado e morto, após ser detido em casa para depor.
Próximo à estação, há um conjunto habitacional construído por Rubens Paiva. “Muita gente não sabe, mas ele era um engenheiro dos bons”, comentou o diretor do Sindicato dos Engenheiros, responsável pela homenagem, Marco Antônio Barbosa. Ele contou que os bustos e as exposições itinerantes sobre Rubens Paiva são iniciativas de resgate da memória nacional, para que a população não se esqueça das atrocidades do período da ditadura e de suas vítimas.
“Queremos resgatar essa história, recontar a história do sacrifício que algumas pessoas fizeram pelo nacionalismo brasileiro. Rubens Paiva morreu por causa disso”, contou. “A juventude daqui, para frente, precisa entender o que aconteceu, ter mais conteúdo sobre isso. Porque essas manifestações defendendo a volta da ditadura são absurdas. Essa história precisa ser contada e recontada quantas vezes forem necessárias”, comentou.
Relatório
Para uma das filhas de Rubens Paiva, Vera Paiva, é emocionante que a iniciativa ocorra na mesma semana de divulgação do relatório final da Comissão Nacional da Verdade e de celebração do Dia Internacional de Direitos Humanos. Ela comemorou a ideia de aprofundar a história do pai em um bairro que leva seu nome.
“Ele tinha muito orgulho do trabalho que ele fez aqui. Trazia a gente para ver a construção, mostrava como as casas eram boas e como o povo brasileiro merecia moradia decente. É importante que as pessoas que frequentam essa estação conheçam mais em detalhes quem foi Rubens Paiva”, declarou.
Vera ressaltou que o período da ditadura precisa ser cotidianamente relembrado e combatido para evitar que violações de direitos humanos continuem a ser cometidas por agentes do Estado. “O relatório (da Comissão Nacional da Verdade) é uma base para continuarmos a construir relatórios sobre casos que hoje em dia continuam acontecendo, de mortos, desaparecidos, presos arbitrariamente, o que afeta principalmente os mais pobres e negros”, declarou.
“Isto foi produzido ao longo da ditadura e os militares nunca reconheceram que estava errado. E, 50 anos depois, estamos fazendo a mesma coisa. Se mantivermos a impunidade desse tipo de ação, nosso modo de fazer justiça continuará injusto”.
Fonte: Agência Brasil