Retrospectiva 2014: Um ano de destaque internacional para a Bolívia
A Bolívia se despede de 2014 com a satisfação de ter uma maior presença internacional, de ser reconhecida como exemplo na aplicação de políticas favoráveis à estabilidade socioeconômica e demonstrar sua capacidade organizativa em diferentes eventos de interesse global.
Por Yolaidy Martínez*, na Prensa Latina
Publicado 09/12/2014 14:34
A nação sul-americana abriu neste ano com a atribuição – pela segunda vez – da presidência rotativa do Grupo dos 77+China (G-77), o maior bloco de países em desenvolvimento dentro da Organização das Nações Unidas (ONU).
Seis meses depois, preparou e realizou com êxito a Cúpula desse mecanismo na oriental cidade de Santa Cruz, sob o lema "Para uma nova ordem mundial para viver bem".
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O encontro produziu um documento de 242 pontos que enfatizou a soberania, questionou o modelo de desenvolvimento capitalista e assentou as bases principais da agenda pós 2015 do bloco.
Sua declaração advogou, entre vários assuntos, pela solução pacífica das controvérsias mediante o diálogo e chamou seus membros a resolver as necessidades de emprego, alimentos, água, e atenção de saúde e educação, moradia e energia dos povos.
Desta reunião também resultou a organização de outro encontro de alto nível do G-77 na Bolívia, mas sobre a administração dos recursos naturais e sua industrialização.
O foro foi realizado na cidade de Tarija no final de novembro com mais de 40 delegações e encerrou com um chamado à cada Estado a gerenciar e diversificar suas riquezas não renováveis de maneira sustentável, e investir os ganhos em projetos de desenvolvimento socioeconômico.
Bolívia, como anfitriã, expôs as conquistas alcançadas depois de nacionalizar os setores e empresas estratégicas, bem como suas experiências positivas em matéria de distribuição da renda petroleira.
Essas políticas tiveram boa acolhida entre os presentes e inclusive países como África do Sul manifestaram interesse em iniciar contatos e visitas de assessoramento para implementar em seu território.
Também, universidades dos Estados Unidos, o Banco Mundial (BM) e o Fundo Monetário Internacional, entre outras entidades, destacaram seu impacto no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e convidaram em várias ocasiões o ministro de Economia, Luis Arce, para explicá-las.
Os resultados do modelo boliviano refletiram-se neste ano na alocação do país na liderança na América do Sul quanto à redução da pobreza durante o período 2000-2012 e nas projeções imediatas de expansão econômica.
Além disso, um estudo do BM situou a Bolívia entre os 10 primeiros do planeta por ter investido 6,9% de seu PIB em educação entre 2009 e 2013. Cuba liderou essa classificação global com um investimento de 12,8%.
Outro fato relevante nos últimos meses para a projeção internacional da Bolívia, foi que o presidente Evo Morales liderou a 1ª Conferência Mundial sobre Povos Indígenas, realizada no final de setembro em Nova York.
O presidente trabalhou como voz e rosto de milhares de originários nessa conferência, na qual materializou o propósito de aprofundar o respeito aos direitos individuais e coletivos das comunidades nativas como um componente fundamental do desenvolvimento humano sustentável.
Também foi o único governante que participou do 1º Encontro Mundial dos Movimentos Populares, convocado pela Santa Sede com o objetivo de debater a situação dos setores excluídos.
Morales esteve no evento na qualidade de líder indígena, proferiu uma palestra ante seus participantes, dialogou com o Papa Francisco e com dirigentes políticos da Itália, e compartilhou os avanços de seu país na universidade La Sapienza.
Também em 2014, a nação andina foi selecionada pela Assembleia Geral da ONU como um dos 15 membros do Conselho de Direitos Humanos, órgão encarregado de promover e proteger essas garantias no mundo e de analisar as denúncias de violações.
Por outro lado, recebeu pela primeira vez o Rally Dakar, qualificado como a prova mais arriscada e exigente do calendário mundial. A corrida percorreu em 12 e 13 janeiro as localidades de Villazón, Salinas de Garci Mendoza, Tupiza e as salinas de Uyuni, a principal atração em solo boliviano. Graças ao êxito organizativo dessa edição, a competição cruzará pela segunda ocasião o país no início de 2015 e espera-se a chegada de pelo menos meio milhão de pessoas.