Reformas de Kiev: sem educação e saúde públicas
A ministra americana das Finanças da Ucrânia, Natalia Yaresko, fez primeiras propostas voltadas para "otimizar" despesas estatais. O esquema, que já foi apresentado para a análise ao primeiro-ministro, refere a renúncia à medicina e ao ensino gratuitos e a outras medidas de apoio social.
Por Nina Antakolskaya, na Voz da Rússia
Publicado 09/12/2014 19:39
O novo gabinete de ministros da Ucrânia foi formado há menos de uma semana, mas os princípios estatais tradicionais já estão para ruir. Estão ficando na história os direitos dos cidadãos ao ensino e à assistência médica gratuitas, conquistados na época socialista e usufruídos pelos habitantes da antiga União Soviética durante quase um século.
Na opinião da ministra das Finanças da Ucrânia, Natalia Yaresko, o ensino e o tratamento médico gratuitos de ucranianos são "um prazer muito caro". Cidadã dos Estados Unidos, Yaresko obteve em 2 de dezembro o passaporte ucraniano em conjunto com a pasta ministerial. Bastou dois-três dias, para que ela se inteirasse da vida do povo ucraniano e compreendesse que compromissos sociais de Estado são “excessivos”.
Comenta Oleg Nemensky, perito do Instituto de Pesquisas Estratégicas da Rússia: “Hoje a Ucrânia não olha para o futuro. O governo não pensa em como o país possa sobreviver estrategicamente, em como possa ser preservado o povo e em como possa ser desenvolvida a Ucrânia. Tem por tarefa encontrar verbas orçamentais adicionais. Nesse plano, os ministros de origem estrangeira são capazes de executar muito bem esse serviço. Naturalmente, os cidadãos da Ucrânia sentirão um grande impacto em resultado dessas medidas. Mas, afinal das contas, tal foi sua opção.”
O atual poder ucraniano surgiu em resultado de um golpe armado em fevereiro de 2014. A região de Donbass, que não concordou com tal situação, recebeu tiros de artilharia e ataques aéreos. O oeste e o centro do país, que haviam apoiado os golpistas, receberam um governo de estrangeiros que tem por objetivo subjugar completamente a Ucrânia ao Ocidente. Será que uma pessoa culta pode elaborar sua própria opinião? O Estado ucraniano não precisa de cidadãos instruídos. O ensino deve ser pago. Os pais juntaram a custo dinheiro para o ensino de uma criança? Então ela deve receber menos conhecimentos, estudando nove anos e não 11, como agora.
Quanto à ciência, a Ucrânia não irá desenvolvê-la, renunciando aos compromissos de financiar projetos científicos, de pagar bolsas aos estudantes e subsídios aos cientistas. Nessas condições, a geração futura de ucranianos será atrasada e ignorante e, para além disso, pobre e pouco numerosa. Poucas famílias terão coragem de dar à luz uma criança, sem falar de duas, porque não haverá subsídios de maternidade e alimentação gratuita de crianças em estabelecimentos infantis. Também não haverá emprego – está proposto reduzir pessoal na esfera orçamental e recomendado que os empresários paguem impostos mais altos.
O ministro da Política Social Pavel Rozenko fez uma declaração especial para aqueles que não entendem que tudo isso se faz “para o bem da Ucrânia”. O ministro prometeu que dentro de dois-três anos os ucranianos poderão apreciar a atividade do gabinete de ministros. Claro que poderão, resta apenas saber como?
*Articulista da emissora de rádio Voz da Rússia