Operador do trensalão tucano controlava 23 contas em bancos europeus
Arthur Teixeira, apontado como um dos operadores do trensalão tucano em São Paulo, controlava pelo menos 23 contas em bancos europeus. A afirmação é do Ministério Público (MP) de São Paulo que teve acesso a informações do processo que corre na Suíça.
Publicado 09/12/2014 13:02
Os dados indicam que Arthur Teixeira intermediava o pagamento da propina para favorecer empresas que atuavam no cartel dos trens de São Paulo. O esquema funcionava desde 1998, período dos governos do PSDB no estado, para dividir entre as empresas contratos de reformas no Metrô e na Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
Em depoimento à Promotoria, Teixeira disse que tinha apenas duas contas na Suíça, ambas fechadas há 10 anos. No entanto, os promotores afirmaram que o dinheiro da propina saía das contas das multinacionais na Europa e ia para as de Arthur Teixeira, em bancos europeus.
Os promotores também afirmam que a Suíça irá fornecer documentos de inúmeros investigados nas apurações que promoverá um processo de cruzamento ds informações. 'São milhares de documentos", disse o promotor Silvio Marques.
"O que a Suíça espera é que essas pessoas sejam investigadas com base no que eles têm na Suíça e que essas provas sejam utilizadas pra que nós avancemos aqui no Brasil. Tanto no âmbito civil quanto no âmbito criminal. Mas não é obrigatório que o Brasil processe as pessoas que eventualmente estejam envolvidas. O que a Suíça quer é que o caso continue, ou seja, que a investigação continue e que o processo continue aqui no Brasil", afirmou o promotor.
Indiciamento
A Polícia Federal concluiu no início do mês de dezembro o inquérito do caso do trensalão tucano e encaminhou o caso para a Justiça Federal. No total, 33 pessoas foram indiciadas por corrupção ativa, corrupção passiva, cartel, crime licitatório, evasão de divisas e lavagem de dinheiro – os crimes podem ser diferentes conforme o indiciado.
Entre os indiciados estão executivos que, na época, trabalhavam em empresas multinacionais e também nacionais que, de acordo com a investigação, faziam parte de um esquema que, pelos cálculos do Ministério Público de São Paulo, provocou um rombo de R$ 834 milhões. Também há ex-diretores da CPTM e o atual presidente da companhia.
Anulação de contratos
O Ministério Público de São Paulo também entrou com ação contra irregularidades em contratos de 2001 a 2002 da CPTM. São contrantos referentes à manutenção de trens, que vigoraram durante cinco anos.
O promotor do Ministério Público Marcelo Milani disse que pedirá a anulação dos contratos e uma indenização por dano moral coletivo em torno de R$ 418 milhões para o estado. Além disso, o MP quer a dissolução das 10 empresas envolvidas. Caso isso ocorra, as empresas teriam que fechar e não poderiam mais funcionar no Brasil.
O promotor Otávio Garcia, que também trabalha no caso, explicou o pedido de fechamento. “Se a empresa se constitui para operar fora das leis do mercado, como um cartel, um dos requisitos para ela permanecer constituída, que é o objeto lícito, está ausente. Portanto, a manutenção do registro dessa empresa não é mais possível”, disse.
Com informações de agências