Presidente do Congresso critica tumulto de manifestantes pagos
O presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB -AL), acusou parte dos manifestantes de terem sido pagos para protestar nas galerias, na noite desta terça-feira (2), durante sessão do Congresso para votação da mudança do superavit primário de 2014. “Essa obstrução é única em 190 anos do Parlamento. Vinte e seis pessoas assalariadas impedindo os trabalhos do Congresso Nacional”, lamentou.
Publicado 03/12/2014 12:08
A sessão começou sob tensão, com a cobrança feita por vários parlamentares de que fosse liberada a entrada de pessoas que pretendiam acompanhar os trabalhos das galerias. O presidente do Senado, que presidia a sessão, disse que o acesso havia sido autorizado mediante entrega de senhas às bancadas partidárias, em número proporcional ao tamanho de cada uma delas.
O senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) destacou que a distribuição de cotas nas galerias só faz sentido quando há disputa pelo espaço e que esse não seria o caso da sessão desta terça, exigindo a liberação para os manifestantes do PSDB.
O tumulto começou depois de Renan abrir a Ordem do Dia (parte da sessão legislativa destinada a votações), colocando em discussão o primeiro dos dois vetos presidenciais que deveriam ser votados antes do projeto que altera o superavit primário.
A primeira oradora, senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), criticou a estratégia da oposição de obstruir a sessão, excedendo-se no uso de questões de ordem, e defendeu a revisão da meta de superavit do governo. Durante seu pronunciamento, as galerias – que, regimentalmente, são obrigadas a se manter em silêncio – se manifestaram contra o discurso da senadora e a xingaram com palavras de baixo calão.
A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) disse que manifestantes chamaram a senadora Vanessa de “vagabunda” e pediu a desocupação das galerias.
Renan, que condenou o comportamento de "galerias partidarizadas", acatou a solicitação: “Não há a menor condição de continuarmos com a sessão. Peço que a polícia legislativa evacue a galeria”, ordenou.
Sem crítica dos governadores
Antes do tumulto, enquanto parlamentares debatiam o projeto, o líder do governo na Câmara, deputado Henrique Fontana (PT-RS), ressaltou que governadores dos partidos da oposição não seguiram os representantes no Congresso para fazer oposição à alteração da LDO.
“Eu não estou vendo governadores da oposição criticarem a modificação da LDO. Porque os governadores, que estão à frente dos executivos estaduais, sabem que esse ajuste de gastos é necessário para o momento”, afirmou.
E reiterou a importância da aprovação do ajuste fiscal. “O nosso governo, com essa flexibilização, está priorizando o equilíbrio fiscal juntamente com o equilíbrio do crescimento econômico e social”, frisou.
De acordo com o líder Fontana, “em um momento de forte crise da economia mundial, entendemos que era preciso garantir o volume de investimentos públicos em infraestrutura, nas obras do PAC e, também, assegurar um conjunto de desonerações tributárias para setor produtivo”.
Henrique Fontana destacou ainda que o governo não terá deficit em suas contas e que continuará a ser um dos três países do G20 que apresentarão superavit em 2014. “Dos 20 países que compõem o G20, 17 estão fazendo deficit fiscal. E o Brasil está pedindo autorização para ser um dos três que vão fazer um superavit menor, mas nós não vamos fazer deficit. Então, a política que estamos tentando votar no Parlamento é coerente com as necessidades da economia brasileira para este momento”, disse.
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Da Redação em Brasília
Com agências