PCdoB-MG: Comitê Estadual aponta êxito do projeto eleitoral deste ano
O Comitê Estadual do PCdoB-MG fez um balanço positivo do processo eleitoral deste ano em reunião realizada no último fim de semana (29 e 30/11), que além de ter contribuído com a vitória da presidenta Dilma Rousseff e do governador Fernando Pimentel, teve êxito seu projeto eleitoral, reelegendo a deputada federal Jô Moraes e ampliando a bancada estadual com a eleição de três deputados. O dirigente nacional do Partido, Ricardo Abreu (Alemão) acompanhou a reunião.
Publicado 03/12/2014 12:14
Na opinião do presidente estadual do PCdoB mineiro, Wadson Ribeiro, o legado do campo progressista pós-eleições no estado é positivo. “A presidenta Dilma venceu aqui nos dois turnos, este processo foi fundamental para encerrar um ciclo que perdurava a quase 20 anos de gestão tucana que só foi interrompido com a vitória de Itamar Franco, em 1998”.
Wadson afirma que o Partido cresceu em Minas, nestas eleições, “elegemos três deputados estaduais e reelegemos Jô Moraes deputada federal, a votação no Partido aumentou, o saldo é positivo. Os próximos passos a serem dados é construir a sustentação política para o governo Dilma e intensificar as ações do PCdoB nos movimentos sociais”, conclui.
Segue a íntegra da resolução política aprovada abaixo:
O êxito do PCdoB Minas nas eleições de 2014
O PCdoB sagrou-se vitorioso na disputa eleitoral de 2014 em Minas. Participou ativamente das disputas majoritárias, contribuindo para a vitória da presidenta Dilma sobre Aécio Neves nos dois turnos e da eleição de Fernando Pimentel para o governo. Também alcançou êxito nas disputas proporcionais, reelegendo a deputada federal Jô Moraes e ampliando a bancada para a Assembleia Legislativa, com a reeleição dos deputados Mário Henrique Caixa e Celinho do Sinttrocel e a eleição de Ricardo Faria. Existe ainda a possibilidade de concretizar integralmente o projeto estabelecido, já que Wadson Ribeiro ficou na terceira suplência e pode assumir o mandato de deputado federal.
Sagrar-se vitorioso em Minas teve uma importância valorizada pelo PCdoB, já que o estado foi muito importante na disputa pela Presidência da República, não só por ser o segundo colégio eleitoral, mas porquê o candidato da oposição Aécio Neves contava com o Estado para sustentar sua votação. Dilma obteve 52,40% dos votos válidos em Minas, enquanto o tucano 47,60%. Saiu derrotado eleitoralmente e politicamente. Sua derrocada não foi apenas numérica, mas também simbólica, pois gerou no Brasil uma insegurança no discurso que o apresentava com aprovação em seu estado. Pode-se dizer que o povo de minas e as forças políticas mais avançadas do estado fizeram a diferença não só dentro do estado, mas foram decisivas nacionalmente para manter as forças populares a frente do governo do Brasil.
Também a vitória de Fernando Pimentel já em primeiro turno, com uma intervenção política clara de desconstrução dos doze anos de governos do PSDB no estado, deu argumentos e munição para que a campanha de Dilma expusesse ao Brasil a difícil situação econômica e social de Minas após sucessivos governos tucanos. A estagnação econômica do estado, o endividamento crescente, a censura nos meios de comunicação, a falta de programas sociais, o não cumprimento dos investimentos constitucionais na saúde foram expostos durante a campanha e desfez o mito que apresentava Minas como exemplo de gestão e eficiência dos serviços públicos.
A vitória de Dilma em Minas se deu principalmente pela força do interior do estado, onde obteve grandes votações. Destacam-se Montes Claros, Juiz de Fora e Uberlândia, além é claro, de centenas de outras cidades menores. Na capital, Aécio Neves venceu, mantendo a tendência recente da força eleitoral dos tucanos.
A vitória de Fernando Pimentel representou também outro feito de importância histórica. Pela primeira vez no estado forças políticas de esquerda, setores progressistas e interessados no desenvolvimento, estarão à frente do governo. A polarização se deu do início ao fim do processo eleitoral, culminando na vitória de Pimentel com 52,98% dos votos válidos. O candidato do PSDB, Pimenta da Veiga, contabilizou 41,89%, deixando pouco espaço para outras candidaturas. Tarcísio Delgado (PSB) ficou com 3% dos votos, bem longe de do segundo colocado.
O apoio do PCdoB se deu após um amplo debate que levou em conta até mesmo a possibilidade de uma candidatura própria, a da deputada federal Jô Moraes. Fato que propiciou certo protagonismo no cenário eleitoral do estado. Com a pré-candidatura de Jô, além de alcançar mais visibilidade eleitoral para os candidatos comunistas e para o voto na legenda tornou o apoio dado a Fernando Pimentel mais programático, e não de forma automática. A participação dos comunistas na coalizão que elegeu o petista foi acertada, pois se deu numa polarização entre os dois projetos – de um lado o continuísmo neoliberal encarnado na candidatura de Pimenta da Veiga e de outro a mudança progressista encabeçada por Pimentel.
A participação efetiva dos movimentos sociais, sindical e da juventude em todo o estado, especialmente das entidades com forte participação do PCdoB como a UJS e a CTB, contribuíram com o conjunto das outras forças políticas para uma campanha politizada e muito mobilizada nas ruas. Nesse sentido, militância foi determinante para a vitória eleitoral. Cabe ressaltar o papel destacado do PMDB, que pelo seu tamanho, tempo de TV e capilaridade no estado, que ajudou a eleger o governador e será fundamental na governabilidade. Diferentemente da postura da sigla em vários estados em oposição ao PT, o PMDB em Minas está unido com Pimentel e Dilma.
O PSDB subestimou a força do campo progressista. Achou que com as mesmas fórmulas autoritárias de controle de lideranças municipais, da mídia e da engrenagem política do estado, iria ungir, de forma natural, seu candidato ao Palácio Tiradentes. A vitória de Pimentel pegou grande parte do PSDB e do campo liderado por ele de surpresa. Agora terão que lidar com as divisões internas oriundas da campanha e com a falta de magnetismo, já que não estão mais no poder.
Para o Senado vale ressaltar a expressiva votação de Josué Alencar, que mesmo concorrendo com o franco favorito Antônio Anastasia obteve mais de 40% dos votos, atingindo cerca de 3,6 milhões de votos. Assim como nas últimas eleições, o Senado tem sido um terreno arenoso para as candidaturas do campo progressista.
Agora o desafio do novo governo é retomar o papel do estado como elemento indutor do desenvolvimento industrial, crescimento econômico e progresso social, para consolidar as instituições democráticas e resgatar a liberdade de expressão. Entretanto, para que Minas reencontre seu caminho será preciso construir na sociedade e entre os partidos uma ampla aliança capaz de unir todos aqueles comprometidos com o desenvolvimento, formando assim uma sólida maioria política que sustente os avanços. O próprio governador eleito deixou claro o tamanho das dificuldades que que serão enfrentados ao dizer, recentemente para um grupo de empresários: “temos que nos preparar para um primeiro ano de governo difícil, com orçamento contido e as contas comprometidas”.
A aliança firmada com os partidos que formaram a coligação Minas Pra Você, PT, PMDB, PCdoB, PRB e PROS, foi fator de grande importância e precisa agora ganhar nossas forças para o desafio de governar o estado. O governo precisa construir maioria na Assembleia e o campo político governista conduzir com habilidade a sucessão da Presidência da Casa e de suas Comissões. Caberá ao governo eleito atrair para a sua base parcela de forças políticas que deram sustentação aos governos tucanos, mas que em plano nacional apoiavam e seguem apoiando Dilma.
A eleição para a Câmara Federal
Além de reeleger Dilma, outro grande desafio colocado para o PCdoB nacionalmente era o de aumentar sua bancada na Câmara Federal. Para tanto, o partido em Minas tinha como meta eleger dois deputados federais. Por esse motivo, foi aprovado na Conferência Estadual e na Convenção Eleitoral como projeto prioritário a reeleição da deputada Jô Moraes e a eleição de Wadson Ribeiro. A reeleição de Jô Moraes representou uma vitória importantíssima para o partido, mas ainda parcial e insuficiente para concretizar o objetivo de aumentar a bancada federal.
É preciso destacar que mesmo não atingindo a meta de eleger dois federais, o conjunto do partido abraçou o desafio reelegendo Jô e dando ao Wadson uma grande votação. Os militantes do partido que estão `a frente das prefeituras dirigidas pelo PCdoB, como a de Contagem, Cataguases e Pintópolis tiveram participação importante no conjunto de votos conquistados pelos candidatos federais. Vários vereadores do partido se engajaram na campanha de forma aguerrida, assim como muitas direções municipais, que mesmo diante de realidade políticas adversas, mantiveram fidelidade política ao projeto partidário.
O conjunto da nossa chapa estadual também compreendeu o projeto eleitoral e se empenhou na eleição para deputado federal, levando o nome dos dois candidatos pelos quatro cantos do estado. Mesmo em cidades de pequeno colégio eleitoral, comunistas assumiram o desafio de serem candidatos para contribuírem com o projeto eleitoral do PCdoB. Atitudes assim, merecerão sempre o reconhecimento do partido. Contudo, ainda persistiram dificuldades para uma maior fidelização entre os candidatos com maior expressão eleitoral da chapa e os federais do partido.
Por outro lado, cabe repudiar atitudes como as do prefeito de Francisco Sá, Denilson Rodrigues, membro da direção estadual, que descumpriu a decisão do partido e apoiou outras candidaturas, menosprezando por completo a tática do PCdoB. O mesmo aconteceu com alguns vereadores, que por interesses estranhos à nossa cultura política, não seguiram nossa tática. Esses casos merecerão por parte da direção o devido tratamento, para manter o desafio de consolidar um partido grande, forte e unido nos desafios.
Na totalidade dos votos alcançados pelos candidatos a federal, houve uma redução do desempenho. Em 2010 foi alcançado 198.723 votos e em 2014 ficou em 137.066 votos, uma variação negativa de 31%. Essa queda se deve ao menor número de candidatos, mas notadamente pelo não cumprimento das metas nas principais cidades. Em Belo Horizonte, a votação de Jô Moraes sofreu uma redução, saindo de 56.481 em 2010 para 29.446 em 2014. Um resultado bem abaixo da meta de 70 mil votos. Em Contagem passou de 13.042 para 12.940, sendo que a meta era 25 mil votos. Na região metropolitana, também houve redução da votação. Já Wadson, reduziu sua votação sua votação em Juiz de Fora, passando de 20.792 em 2010 para 9.504 em 2014. Além disso, ficou muito abaixo da meta em Coronel Fabriciano. Já no restante do estado cresceu sua votação na maioria das cidades.
Em Belo Horizonte, além do clima geral contra a esquerda, especialmente contra o PT, que atingiu também as candidaturas mais ligadas ao chamado voto de opinião, votação do PCdoB sofreu impacto pelos problemas de natureza partidária. Apesar do crescimento de quase 70% dos votos em 2012, culminando com a eleição de dois vereadores, o partido não conseguiu sustentar esse crescimento em 2014. Perdeu espaço nos setores médios e diminui sua influência em seus redutos.
Em Contagem, o PCdoB alcançou êxito em eleger Ricardo Faria para deputado estadual, com votação expressiva, além do crescimento de votos para a chapa. Porém, o partido não conseguiu dar a centralidade necessária ao projeto principal, que era a eleição de deputados federais do PCdoB. A votação de Jô Moraes na cidade foi bem abaixo da meta estabelecida. A vitoriosa experiência à frente da prefeitura de Contagem deve cada vez mais ajudar o partido no fortalecimento de sua política nacional.
No que se refere a campanha de Wadson, as maiores quedas de votação se deram em Juiz de Fora e Coronel Fabriciano. Na maior cidade da Zona da Mata, a terceira cidade em votos federais para o partido e a primeira para Wadson, a pequena estruturação do Partido prejudicou nosso desempenho. O PCdoB não elegeu vereador em 2012, não está mais participando do governo municipal e não dispõe de nenhum quadro profissionalizado. A votação obtida pelo candidato ainda é fruto de sua visibilidade como liderança política e partidária. É necessário fortalecer o partido na cidade e cuidar mais e melhor deste patrimônio político e eleitoral.
Na cidade de Coronel Fabriciano, foram identificados muitas dificuldades para estruturar a campanha de Wadson. O Partido se encontra muito fragilizado na cidade. Os dois vereadores não estavam na campanha federal e a candidatura estadual da cidade tinha inúmeras dobradas com candidatos de outros partidos. As dobradas não são proibidas, desde que fossem asseguradas as nossas metas, o que não aconteceu. A meta de Wadson na cidade era de 5 mil votos, mas sua votação ficou em 700.
A eleição para a Assembleia Legislativa
Na disputa pela Assembleia, O PCdoB alcançou pleno êxito no projeto eleitoral. Com chapa própria, alcançou mais de 406 mil votos, foram eleitos três deputados e foram projetados dezenas de lideranças. Foram 64 candidaturas espalhadas por todo o estado, dos mais diferentes movimentos, categorias, profissões e áreas de atuação social. O PCdoB de Minas atualmente é o estado que tem mais deputados estaduais, ao lado do Maranhão e Bahia.
Vale destacar o duro trabalho realizado pela direção partidária ao longo dos últimos dois anos para a montagem dessa chapa. Foram inúmeras viagens ao interior, encontros macrorregionais, bilaterais e uma infinidade de meandros burocráticos para viabilizar cada nome para o pleito. Os comitês municipais se empenharam filiando novas lideranças e convencendo outras da importância eleitoral. Enfim, o conjunto partidário merece ser reconhecido pelo êxito dessa batalha.
Durante a campanha o partido procurou prover todos os candidatos com estrutura básica de materiais. Os ajustes feitos no horário de TV se mostraram corretos no sentido de potencializar os votos nas candidaturas com maior potencial eleitoral. As votações dos cinco primeiros da chapa foram superiores ao resultado de 2010. Isso se deve, de forma especial, a grande votação obtida por Mário Henrique Caixa, que foi o segundo mais votado do estado e o primeiro da capital. Além disso, os eleitos Ricardo Faria e Celinho do Sinttrocel e os suplentes Dr. Pimenta e Gilson Reis conseguiram grandes votações. Também alcançaram votações expressivas os demais candidatos.
O resultado alcançado pela chapa estadual também teve repercussão em suas cidades. Além da capital, Mario Henrique Caixa obteve uma votação consagradora em Três Pontas e foi majoritário em várias outras cidades. Ricardo Faria conquistou a segunda maior votação em Contagem e uma grande votação na região metropolitana. Celinho foi o mais votado em Coronel Fabriciano e ampliou sua liderança e votação nos vales.
Outro fator a ser observado e a expressiva votação de uma série de candidatos que foram majoritários em suas cidades e se projetam como lideranças respeitadas. Este fato vai propiciar um bom posicionamento ao PCdoB para as eleições de 2016.
É preciso ressaltar a dificuldade em lançar candidaturas femininas. Poucas mulheres do partido se dispõe a serem candidatas e destas somente algumas reúnem liderança e potencial de voto. Apesar do nosso partido ter forte presença feminina no parlamento e contar com uma deputada federal, nas disputas eleitorais para a Assembleia e câmaras municipais ainda é baixo o número de mulheres candidatas. Nesse sentido, mesmo não elegendo nenhuma mulher em nossa chapa, deve-se valorizar o esforço empreendido por todas que assumiram o desafio de ser candidata. A direção do PCdoB-MG, na construção do projeto eleitoral de 2016, deve, desde já, dar atenção especial as candidaturas femininas. Deve buscar identificar lideranças internas e da sociedade para prepara-las de forma planejada e com antecedência para o pleito de 2016, especialmente nas grandes cidades de Minas. Outro aspecto que vale salientar foi o lançamento de uma candidatura de juventude, um segmento onde o partido possui forte presença e protagonismo.
O sucesso alcançado na eleição de três deputados colocou o PCdoB numa posição mais respeitada na Assembleia. Desta forma, o partido vai se consolidando em Minas como uma importante força política.
O êxito do PCdoB-MG em 2014 coloca novos e maiores desafios para os comunistas mineiros na luta eleitoral, social e de ideias. No plano politico eleitoral o Partido deve preparar um ousado projeto eleitoral para 2016 que tenha como centro a reeleição dos prefeitos e vereadores (as) que demonstraram compromisso com o projeto partidário, bem como ampliar no numero de prefeitos (as), vices e vereadores (as), preparando candidaturas e chapas próprias nas principais cidades de Minas.
Na luta social faz-se necessário debruçar sobre a realidade social de Minas, especialmente dos grandes centros urbanos, buscando identificar setores e segmentos onde o Partido pode crescer sua influencia. A direção partidária deve destacar quadros e orientar a sua ação nos movimentos sociais nesse sentido. Na luta de ideias os comunistas devem consolidar a FMG como instrumento de atuação dos quadros e militantes presentes nas universidades mineiras e de aproximação do Partido com novos setores que formam a opinião publica em Minas.
Comitê Estadual do Partido Comunista do Brasil – Minas Gerais
Da redação do Vermelho