Fátima Viana: Desafios e Possibilidades no RN

O quadro político no Rio Grande do Norte pós-eleição 2014 tem conteúdo novo e cria um mundo de possibilidades, cuja transformação em realidade está condicionada ao cenário político e econômico nacional e à história local.

Robinson
A eleição de Robinson Faria e Fábio Dantas para o governo estadual, tendo como núcleo principal os partidos PSD, PT e PCdoB, reposiciona o estado do RN na trilha do desenvolvimento nacional com valorização do trabalho e distribuição de renda.

O processo eleitoral de 2014 levou às ruas a maioria dos cidadãos potiguares, num movimento que aliou por um lado a convicção de que o Brasil precisa continuar avançando e de que o Rio Grande do Norte precisa acompanhar o caminho nacional iniciado em 2002; e por outro, a certeza de que somente as candidaturas da presidenta Dilma Rousseff e de Robinson Faria poderiam garantir essa possibilidade.

As demandas do povo potiguar e expectativas com o novo governo são vultosas e não poderão ser plenamente respondidas em quatro anos. O atraso econômico e político nas terras do Rio Grande destoam do esforço de democratização e desenvolvimento empreendido no país, desde a redemocratização nos anos 80.

A economia estadual pouco avançou e continua configurada com o matiz do setor extrativista e de serviços, no qual se destacam a exportação de camarão e confecção, sendo a extração e produção de petróleo responsável por 47% do PIB industrial.

No cenário político o caminho é contraditório. A renovação no governo e na representação ao senado não foram acompanhadas pelos representantes eleitos para o poder legislativo estadual e federal.

A bancada federal foi renovada apenas no quesito geracional, sendo a maioria dos eleitos composta por filhos de lideranças conservadoras, representante dos clãs dominantes na política nos últimos 80 anos. A composição do parlamento estadual para a próxima legislatura permanecerá sem grandes alterações.

O governo que assume o comando estadual do Rio Grande do Norte em janeiro de 2015 e as forças que o compõe têm diante de si grandes desafios, que são também condicionantes do êxito de seu programa.

O primeiro se relaciona à capacidade de articulação e interlocução com o governo federal, cujo caminho está bem pavimentado. O núcleo da coligação vitoriosa é composto por partidos da base do governo federal, sendo PT e PCdoB aliados desde 1989. No entanto, é preciso mais, é preciso que o governo estadual tenha compromisso com o programa federal.

O segundo diz respeito à necessidade do desenvolvimento industrial no estado, que requer planejamento a curto, médio e longo prazo; financiamento arrojado e o apoio político das forças sociais comprometidas com esse projeto.

Há ainda que responder às demandas imediatas da sociedade, cansada e impaciente com o descaso e com a ausência de políticas públicas mínimas, capazes de garantir segurança, acesso aos serviços básicos de saúde educação e moradia.

No cenário presente, a governabilidade precisa está assentada na capacidade de interlocução e construção de consensos com todos os seguimentos sociais, incluindo a construção de maioria parlamentar pós-eleição.

Para tanto, o novo governo precisa alargar os mecanismos relacionados à transparência e à participação popular, num pacto pelo desenvolvimento com toda a sociedade, cuja base principal seja o programa de governo apresentado no período eleitoral.
 

*Fafá Viana é socióloga, advogada, diretora do Sindipetro-RN e dirigente do PCdoB.